Olá amigos do kart! A partir de hoje vou contar pra vocês a história do kart brasileiro de competição, falar dos grandes pilotos através de ‘estorinhas’ e passagens curiosas e da evolução do kart nesses últimos 45 anos da qual sou testemunha ocular. Kart, a verdadeira categoria escola. Depois de 43 anos assistindo e torcendo na por brasileiros na F1, estamos correndo o risco de ficarmos sem representante por lá. Estamos voltando a realidade, depois de anos de muitas vitórias e idolatrias. O brasileiro estava mal acostumado e depois da morte de Ayrton o brasileiro comum se sentiu orfão. O automobilismo que era esporte sofisticado virou esporte popular, encinado pela TV de maneira equivocada. Hoje se vê uma legião de insatisfeitos, que criticam sem conhecer o assunto e aos poucos o esporte sobre rodas vai voltando a ser acompanhado só por gente que realmente gosta e entende de corridas. Ai, neste cenário aparecem os “entendidos” os “jornalistas especializados” os pilotos mais velhos, esses com um discurso saudosista, todos na mesma ladainha: “O automobilismo brasileiro esta morrendo”! “O kart brasileiro esta morrendo”! e finalmente onde eu queria chegar... “O Brasil não tem mais pilotos de qualidade pois não temos categoria escola”. QUE BOBAGEM!!! E esse é o discurso da grande maioria das pessoas. E até de gente que vive o automobilismo! As pessoas não conhecem o kart brasileiro, onde os meninos começam a vida de piloto aos 5 anos de idade. Ali passam pelas categorias Mirim, Cadete, Super Cadete, Junior Menor e Junior Ai se graduam com 15 anos , fazem mais dois anos na categoria TOP e estão prontos Esta é a escola!!! Com 15 anos de idade o menino é um piloto muito experiente. Nesses 10 anos de pista, aprendeu a viver sobre regras, aprendeu a largar, a bater, a rodar, se acidentou, foi penalizado, brigou, saiu ‘no braço’, disputou campeonatos, aprendeu a conviver com as vitórias e com as frustrações. Gui Oliva, 9 anos de idade e três anos de kart. Os meninos com 15 anos de idade e 10 de kart, são muito pilotos! Conheço muitos deles e é impressionante de ver. Estão prontos para andar de F3 ou categoria similar. Depois o que quiser ou puder pagar. É assim que acontece no mundo contemporâneo, é assim na Europa, já que estamos falando de F1. É assim que todos os atuais pilotos da F1 procederam. Vou lembrar vocês que o Ayrton nunca correu de carro no Brasil. Foi do kart pra Inglaterra e fez dois anos inúteis um de F Ford e outro de FFord 2000, depois a F3, era a cartilha que se usava na época e a seguiu a risca. O que o piloto brasileiro precisa é de patrocinadores! Grana! Dólares! Euros! Ai pra terminar esse assunto, os saudosistas querem reviver as fórmulas de pneu radial e motor de fusca, carrinhos instáveis e paralíticos, Eles acham que isso é categoria escola. Um piloto de kart estaria andando pra trás... é algo completamente diferentes da atual realidade. Aqui cabe uma explicação : nos anos 1960, 70 e começo dos 80 , o automobilismo e kart de competição utilizavam pneus com malha de aço interna com desenho radial, na banda de rodagem e nas laterais. A borracha era extremamente dura, essa era a tecnologia da época. Disputa entre Paulo Viscardi (49) e Henry Strasser (64) em 1968. Atenção para a posição das rodas dianteiras. Andando de lado! Os karts e os carros de competição andavam naturalmente de lado, para aqueles que sabiam levar o veículo ao limite, claro. Ai é que se fazia a diferença... pois andar de lado era um estágio de velocidade acima do limite de aderência . E era assim no kart, na Fórmula Vê e Fórmula Ford, e era assim também a característica de pilotagem dos pneus slick que equipavam os Fórmula 3, 2 e F1. Então uma categoria escola com pneus estreitos fazia muito sentido. Hoje os pneus são elaborados com malha interna mixta, poucos fios de aço com fibras sintéticas que fazem os pneus muito macios e super aderentes. A borracha teve uma enorme evolução, e tem que ser macia para ser rápida. Um jogo de pneus de kart nos anos 70 durava o ano inteiro! Hoje dura duas baterias de 20 voltas e olhe lá... O estilo de pilotagem “possível” e eficiente atualmente é guiar “redondo”, sem atravessar pois estaria perdendo tempo. Hoje você freia, aponta, deixa rolar sem aceleração, contorna e traciona. Uma atravessadinha pode acontecer numa freada ou numa ultrapassagem. Dois Gordinis da equipe Willys em ação no autódromo de Interlagos nos anos 60. Guiar assim, hoje, seria perder tempo de volta. É assim no kart, desde a categoria mirim, até a Fórmula 1. Para ilustrar, temos pneus de kart que de tão aderentes quando param no box o kart grudam no chão ! Aquele estilo Ayrton Senna de guiar, era possível com pneus radiais. o próprio Ayrton sentiu que tinha que mudar de estilo a partir de 80/81 quando os pneus comearam a ganhar um super grip. Com pneus muito aderentes se perde tempo atravessando, portanto aquele piloto com 10 anos de kart aprendeu a guiar com super aderência e nã faz mais sentido categorias escola como eram as de meio século atrás. Os tempos mudaram... e muito. Emerson, Piquet e Ayrton viveram períodos completamente diferentes dos dias de hoje. A nossa realidade é outra. Acho oportuno meu texto, pois estamos vivendo um período de mudanças de paradigmas. Um abraço. Dionísio Pastore
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