Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Helinho, chega de dança! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 14 November 2013 18:27

Olá fãs do automobilismo,

 

Nada como a gente ter amigos nesta vida. Certamente o querido leitor já ouviu ou já falou esta frase pelo menos uma vez. E quem tem um amigo, um amigo daqueles de verdade, este sabe a hora que um amigo precisa de um ombro pra chorar, uma palavra amiga, um sorriso.

 

Dentre os pacientes que recebi na semana passada, um deles, apesar do momento não muito feliz – nada feliz, na verdade – uma vez que ele nunca esteve tão perto de realizar um sonho e viu este sonho escorrer entre os dedos – mais uma vez – impressionou por, ainda assim, não perder o sorriso... e que sorriso!

 

Quando falei para o pessoal da Redação sobre quem viria ao consultório, meu chefinho querido tratou de mandar para mim uma foto que deve ser mais velha do que eu: um menininho sorrindo, no alto do pódio, com um troféu na mão. No macacão estava bordado: Helio. Ah, deu vontade de pegar no colo, mas quando meu paciente chegou e deu um boa tarde acompanhada daquele sorriso, eu era quem queria ser pega no colo (e o meu noivo vai surtar mais uma vez).

 

Imagine a pessoa mais simpática e calorosa que você conhece... Agora imagine receber tudo isso de uma pessoa que nunca viu você na vida... Este é o jeito como Helio Carstroneves se dirige às pessoas. É de um magnetismo envolvente e contagiante. Nem precisei pedir para ele deitar no divã. Depois de um aperto de mão, um leve abraço e ou grande sorriso, ele já foi deitando... “nossa, esse é dom bons mesmo... ou a gente começa logo ou eu vou dormir de tão gostoso que é este divã”. Quebrar o gelo? Que gelo?

 

Falar de infância e de família foi algo muito tranquilo. A base da família Castro Neves é sólida como uma rocha e da forma como ele falava do pai, da mãe, da irmã... por um momento voltei para o interior do Paraná e me senti em casa. Nada melhor nas nossas vidas do que ter uma estrutura familiar firme e unida.

 

Seu pai, também se chama Helio, sempre foi um apaixonado por automobilismo e incentivou o filho a se apaixonar pelas corridas, desde lá de Ribeirão Preto e esteve sempre com com Helinho em cada passo de sua carreira e dona Sandra, assim como a irmã Katiúcia.

 

 

Depois de traçar toda uma carreira visando a Fórmula 1, com os anos de kart onde foi campeão brasileiro em 1989, com os anos na Fórmula 3 sulamericana e inglesa, onde obteve dois vice campeonatos aqui no continente e um terceiro lugar na Inglaterra, a carreira precisou ser redirecionada, assim como a de uma legiãode brasileiros que “invadiu os Estados Unidos”.

 

Helinho perdeu um pouco do sorriso quando falou da passagem pela equipe de Amir Nasr, o tio de Felipe. A equipe era ótima, mas as circunstâncias de como ele deixou de ser campeão continental não é algo fácil de se aceitar. O encerramento da temporada de 1993 é, até hoje, um dos mais controversos da história do automobilismo, ao menos para nós: A rivalidade feroz entre brasileiros e argentinos, tomou rumos fora da pista, devido as decisões tomadas pelos organizadores durante o ano. Tudo isso culminou em uma ação “muy amiga” por parte dos argentinos.  

Helinho precisava vencer e contar com um resultado adverso de Fernando Croceri, que liderava o campeonato para ser campeão. Ele fez a sua parte, vencendo a corrida e o quinto que Croceri ocupava daria o título, mas o líder do campeonato estava atrás de uma fila de argentinos... que abriram caminho, pararam o carro e simularam abandonar a prova com problemas e isso colocou Croceri no segundo lugar, garantindo o título para o argentino e azedando até hoje a relação dentro da categoria, que só se enfraqueceu depois deste episódio.

 

 

A ida para o Estados Unidos, após ver que as coisas não seriam financeiramente fáceis e com o sucesso de Emerson Fittipaldi por lá parecia ser uma boa opção... e foi! Não apenas para Helio, mas para uma geração inteira de jovens e brilhantes pilotos que atravessaram o oceano atlântico.

 

Juntamente com Cristiano da Mata, Tony Kanaan, Ayrto Daré e Felipe Giaffone, dominamos a categoria. Helio acabou como vice campeão da categoria em seu segundo ano, em 1997, quando Tony Kanaan foi campeão. Mesmo sem o título, teve aberta as portas da categoria principal.

 

Na sua terceira temporada, em 2000, finalmente em uma equipe de ponta, a Penske, veio a primeira das três vitórias e a marca registrada da comemoração escalando a grade de proteção, que acabou rendendo-lhe o apelido de homem aranha. A CART até tentou proibi-lo de fazer a tal celebração,mas depois voltou atrás, vendo que era uma grande jogada de marketing para a categoria.

 

 

Nos anos seguintes vieram as duas vitórias consecutivas nas 500 Milhas de Indianápolis. Mas os anos foram se passando e, apesar das vitórias, o título nunca chegava. Helinho viu seu companheiro de equipe, Gil de Ferran ser campeão em 2001. Viu seu companheiro de Indy Lights Tony Kanaan ser campeão em 2004, mas sua vez nunca chegava.

 

Chegou em 2007, mas em outro tipo de pista: ele venceu o concurso “dança das estrelas”, que tem um similar na televisão brasileira, sendo visto em cadeia nacional pela ABC, com mais de 20 milhões de espectadores. A simpatia e o carisma de Helinho ia além dos ovais e circuitos de rua.

 

 

De todas as vitórias conquistada, a mais dura veio no ano seguinte, quando foi acusado – e por pouco não foi preso – de sonegação de impostos. Foi a única vez que vi sumir de seu rosto seu intenso sorriso. Passado um ano, Helio conseguiu provar sua inocência, escreveu um livro – o caminho da vitória – e, de forma divertida, assumiu ser “ruim de redação nos tempos de colégio”. Depois da tempestade veio a bonança!

 

Helio retomou a carreira, correu atrás de mais vitórias e do tão almejado título. Venceu mais uma vez em Indianápolis, numa espécie de ressurreição do “mundo dos excluídos” para o “círculo dos campeões” e de volta à luta pelo tão sonhado título de campeão.

 

 

Neste ano, pela terceira vez, ficou com o vice campeonato e, ao menos aos olhos de quem acompanhou, parece ter sito a perda mais dura para o pai da pequena Mikaela, principalmente por, até a penúltima etapa, as coisas estarem totalmente favoráveis para ele.

 

Helinho mostrou quão humilde um campeão deve ser quando foi cumprimentar o colega vencedor, Scott Dixon, logo após a conquista deste ao fim das 500 milhas de Fontana. Uma atitude de homem, de personalidade e de força que um guerreiro como ele, que tem um escudo branco em seu sorriso sua grande arma para não baixar a cabeça e nem esmorecer.

 

 

Seu lugar é no alto, Helinho, não apenas no alto do pódio, mas no topo do mundo e de todas as telas de todos os circuitos da Fórmula Indy. Que sua estrela brilhe sempre e cada vez mais!

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 

Last Updated ( Thursday, 14 November 2013 19:31 )