Para quem gosta de kart não existe coisa melhor do que andar de kart, queimar gasolina, gastar pneus, tirar um racha com quem estiver na pista. Um dia foi assim para quem corre de kart. Quem participa de competições não pode mais se dar a esse luxo, os treinos são curtos, os pneus são caros e não vale a pena ficar torrando o motor da corrida. Os treinos tem que ser objetivos, sempre visando a melhoria da performance. Mesmo assim pode se ver muito piloto como barata tonta na pista, sem objetivo, sem orientação, aquele que começa o treino virando um determinado tempo e acaba o treino virando a mesma coisa e até andando pra trás, tem muita gente assim. Sozinho e sem orientação, o tempo de aprendizado é infinitamente maior. Um mecânico experiente, um chefe de equipe, um piloto mais rodado pode ser o ideal para ajudar. A experiência e os quilômetros rodados fazem a diferença no kart. Ai se coloca a figura do coach. Renato Russo: professor de muitos, ente eles Tony Kannan e Rubinho Barrichello. 8 títulos brasileiros.
As antigas Escolinhas de Pilotagem preenchiam em parte essa lacuna, preparava o iniciante para o novo mundo desconhecido das competições, atualmente as categorias de base fazem isso de maneira muito melhor. Mas ainda acho que falta no mercado uma Escola de nível intermediário para aqueles que não tiveram contato com o kart na infância. Ainda vou fazer uma. Hoje tem coach para os meninos mirins e cadetes, o professor tem que ter didática e muito jeito com crianças. Tem coach pra júnior, sprint e até pra seniors. O perfil do coach no kart é a de um graduado experiente e vencedor, ensinam e ganham uma grana. Alguns vão pra pista pra mostrar o melhor traçado, mostram como bater e como ultrapassar. Tem o coach mecânico e chefe de equipe, que dirige e gerencia todo o treino do piloto, dá palpite na pilotagem e faz o set-up.
Maurão, mecânico e chefe de equipe eficaz. Muito eficientes são as grandes equipes chefiadas por um ex-piloto acima da média, que via de regra fazem dos seus pilotos vencedores. A transferência de conhecimento para um piloto seja ele novato ou não, é muito valiosa. Um piloto com boa orientação economiza anos de aprendizado. Economiza tempo e dinheiro. Waltinho (acima) o professor de todos e Zé Bolão (abaixo), grandes vencedores como ex-pilotos e como chefes de equipe. Assim, a figura do coach acaba sendo a mais acessível das opções. Vale muito a pena, mesmo se você for um piloto rodado. Sempre se aprende alguma coisa, tendo um bom piloto como treinador. Coachs e seus pupilos. Seriedade e carinho. BREVE HISTÓRIA DO KART II Vimos na última coluna o princípio do kart paulista e brasileiro. O surgimento dos primeiros karts, Rois, Mokart, Silpo e Mini e de grandes figuras como Claudio Daniel Rodrigues, Silvano Pozzi, Amaral Gurgel, Mario de Carvalho, os Fittipaldi, Moco, Carol Figueiredo, Waltinho Travaglini, Affonso Giaffone, Lucio Pascoal, Rino Genovesi e muitos outros. A década de 1960 tem como importante acontecimento a construção do kartódromo de Interlagos. Vista aérea de Interlagos anos final dos 1960. A pista, mítica para alguns, solo sagrado para os mais novos, de onde saíram e foram criados quase todos os melhores pilotos brasileiros que se destacaram no exterior. Antes de Interlagos se andava na rua, com aquela guia, o meio fio desafiando a todos. Se andava no Jardim Marajoara, em Mogi, em Ribeirão Preto e outras cidades do interior. Os eucaliptos que dividiam o retão da área onde foi o feito o kartódromo. O ideal seria que a nova pista fosse junto ao Autódromo de Interlagos, mas o único espaço disponível fora do perímetro da pista, era um buraco enorme, um barranco, um córrego e muito mato atrás dos eucaliptos que contornavam o retão, a partir da curva 2. Faria Lima, o prefeito que fez o Kartódromo de Interlagos. Em 1967 o prefeito de São Paulo era Faria Lima, conhecido por ter construído muitas vias e obras importantes. Era tanta obra que não se tinha mais lugares próximos pra se levar toda terra que sobrava das terraplanagens. Foi ai que Lulla Gancia, esposa de Piero Gancia e mãe do Carlo, amigona do Faria Lima e amiga de todos do kart deu a ideia de se levar terra e entulhos para o buraco de Interlagos. Em um ano aquilo que era uma cratera virou um morro! A ponto de ter que se tirar terra para terraplanar a área que seria o novo Kartódromo de Interlagos. Sem dúvidas a construção de uma pista com qualidade, na hora certa e no lugar certo foram determinantes para a efetivação do Kartismo Paulistano. Interlagos 1968: ainda sem grama e vista do talude feito na terraplanagem do terreno. Como todo espaço público aqui em São Paulo, o descaso e a negligência nos fez sofrer por várias vezes, todas as vezes em que foi abandonado e quando foi parcialmente destruído para ser estacionamento e depósito de máquinas, caminhões e detritos em reformas da F1. Mas ele esta lá! Firme e forte, esperando por lindas disputas e por novas desagradáveis surpresas. O kartódromo hoje. DESTAQUES DO MÊS Giuliano Raucci é sexto colocado no mundial de kart disputado no Bahrein. Giuliano Raucci. Brasileiros no Rotax Max Challenge Grand Final. Nelsinho Stanisci foi o 15° colocado no Rotax DD2. Nando Guzzi quase se tornou campeão mundial da categoria DD2 Senires, pois vinha liderando a final e foi jogado pra fora; Yuri Alves pegou um kart defeituoso e teve que desistir. Nelsinho Stanisci e seu kart CRG Rotax. Rubinho Barrichello, Felipe Giaffone, Tony Kannan, Gaetano Di Mauro e Rafael Suzuki vencem as 500 Milhas da Granja Viana no Beto Carreiro. Timinho fraco esse... competência em todos os sentidos: andando juntos, "puxando" uns aos outros, andando rápido nas retas e ganhando na estratégia.
Rubens Barrichello e equipe vencedora. Um abraço, Dionísio Pastore
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