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Written by Administrator   
Sunday, 08 December 2013 22:38

Olá leitores!

 

Hoje tivemos a decisão de uma das categorias que eu mais gosto: a Fórmula Truck. E a corrida final foi digna de um roteiro de Hollywood, com emoção do início ao final. Com o líder do campeonato largando no final do pelotão e seus principais adversários entre os primeiros, por si só isso já traria emoção para a corrida. Acrescente a isso uma corrida realizada sob forte calor (o que ajuda a desgastar o equipamento) e usando apenas o anel externo do circuito, quase um oval – só não dá para classificar como um “oval quadrado”, pois entre a 2ª e a 4ª curvas para a direita existe uma leve curva para a esquerda. Beto Monteiro (Iveco) teria que chegar entre os 5 primeiros para ser campeão independente dos resultados dos outros pilotos... e mesmo largando para trás do 20º lugar e tendo que cumprir uma punição por “queima” de radar quando ocupava a 10ª posição (passou a 161 km/h quando o limite imposto pela FIA é de 160 km/h) ele conseguiu terminar em 4º.

 

OK, diversos caminhões tiveram problemas e abandonaram, mas ele deve ter “herdado” no máximo 7 posições após cumprir o drive through da punição com as quebras e rodadas dos outros pilotos. E de quebra ainda se mostrou um gentleman, pois se fosse EU disputando posição e o campeonato, e o Adalberto Jardim (VW-Man) defendesse a posição da maneira dura como fez, não tenham dúvidas: assim que eu emparelhasse, o Jardim iria para a grama.

 

Como ficou o pódio? Vitória do Valmir Benavides “Hisgué” – talvez o mais estranho apelido que já vi – com Iveco, em segundo Roberval Andrade com Scania, em terceiro Djalma Fogaça (sim, aquele que nos anos 80 foi campeão de Fórmula Ford) com caminhão Ford, em quarto o campeão Beto Monteiro (Iveco) e em quinto o interminável (73 anos, mas alegria de 17) Pedro Muffato com Scania.

 

Faço uma grande menção honrosa para o Régis Boessio, que chegou à última corrida da temporada como vice líder do campeonato com um caminhão Mercedes “bicudo” de 2006, disputando de igual para igual com as poderosas equipes da Iveco, VW-Man e os Mercedes “de fábrica”, todas com caminhões novos a cada ano. Um senhor piloto!

 

Outra cena de encher os olhos foi a disputa pela liderança entre o Leandro Totti (VW-Man) e o Valmir Benavides “Hisgué” (Iveco), chegaram a fazer quase uma volta inteira lado a lado, coisa de NASCAR ou Indy mesmo! Dava para ouvir pela TV os gritos de empolgação vindos das arquibancadas. Só essa disputa já valeu o preço do ingresso.

 

Aliás, na Truck as arquibancadas são um show a parte. Você tem, como na Stock Car, aqueles setores de arquibancada reservados para os convidados dos patrocinadores, ou para os convidados das equipes (funcionando quase como uma “torcida organizada” das marcas), mas o divertido mesmo é ficar no meio dos fãs. Pois os fãs, em geral, são caminhoneiros que vão para o autódromo com os amigos que fazem pelas estradas do país torcer cada um pela sua marca. É o caminhoneiro de Mercedes brincando com o caminhoneiro de VW, que brinca com o que tem Volvo, que por sua vez brinca com o que tem Iveco... todas as vezes que fui em Interlagos assistir etapa da Truck, me diverti muito. Óbvio que fiz questão de ficar no meio dos caminhoneiros, afinal nada como dar risada ouvindo as piadas alheias. E como diversos profissionais da estrada acabam levando suas famílias, o ambiente – ao contrário do que o vulgo popular pode imaginar – é extremamente respeitoso. Lembro de certa vez que fazia um calor enorme em Interlagos, aquela arquibancada sem cobertura, e eu estava do meio para o topo da arquibancada (isso na altura da Curva do Café não quer dizer muita coisa). Na parte de baixo da arquibancada, passaram 3 jovens (no máximo 20 anos) de shorts e camisetas regatas. Uns garotões (mais ou menos da mesma faixa etária) fizeram umas brincadeiras não exatamente de bom gosto com as garotas. Imediatamente o grupo de uns 6 caminhoneiros que estava 2 degraus de arquibancada abaixo de mim – e que estava garantindo minhas risadas com suas brincadeiras entre si – começou a chamar a atenção dos rapazes: “Ô moleque, sua mãe não te deu educação em casa não?”, “Teus pais não ensinaram bons modos em casa não?” e daí para baixo. Desnecessário dizer que os jovens saíram dali rapidinho, com o rabinho entre as pernas e cabeça baixa...

 

Ouço gente reclamar desse negócio do radar. O radar foi a maneira encontrada pela categoria para driblar a regra da FIA que estipula que corridas de caminhão devem ter um limite de 160 km/h. A Fórmula Truck europeia levou a regra ao pé da letra, e os caminhões são eletronicamente limitados à velocidade máxima de 160 km/h. Caminhões quase iguais aos que circulam pelas estradas. Como o regulamento da FIA não estipula como deve ser esse limite, no Brasil interpretaram da maneira mais criativa: na reta mais veloz de cada circuito é colocado esse radar, e quem passar por ele acima dessa velocidade (e os caminhões passam dos 200 km/h sem grandes dificuldades) é punido com um drive through. Como resultado, os caminhões brasileiros são praticamente protótipos, com suspensão rebaixada, cabines rebaixadas, motores com mais de 1000 CV, etc... a categoria já convidou pilotos europeus para virem conhecer a categoria e ficaram literalmente encantados com o que viram.

 

Próximo fim de semana tem a “Corrida do Milhão” da Stock Car em Interlagos, com direito a decisão do título, não percam!

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini