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Muito além do asfalto PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 12 January 2014 22:50

Olá leitores!

 

A visão automobilística tende a ser centrada em competições no asfalto. Nada mais lógico, afinal a maioria das pessoas se desloca em ruas e estradas asfaltadas no seu dia a dia. Para a maioria dos entusiastas do esporte a motor, quando se fala em piso de terra, o que vem à cabeça são as competições de rali (o que nem sempre é exato, já que na Europa temos importantes e conceituadas provas de rali no asfalto) ou os raids como o Dakar (do qual falamos na semana passada).

 

Nem sempre nos lembramos que nos primórdios do automobilismo muitas competições aconteciam em pisos de terra, principalmente fora do eixo Europa – Estados Unidos da América. Nos Estados Unidos, diga-se de passagem, ainda existem muitos ovais de terra batida em pequenas cidades do interior, onde o pessoal chega na pista de manhã, arruma as coisas, ajusta o carro, treina no período da tarde e depois vai correr à noite. Um programa absolutamente familiar, haja vista que muitas vezes os pilotos tem a ajuda de parentes para botar o carro na pista. E nas arquibancadas da pista, ou mesmo no entorno dela (são ovais pequenos, de no máximo meia milha, alguns variam de 1/4 a 3/8 de milha), você vê desde crianças a idosos assistindo ao grande evento da pequena cidade.

 

Ano passado o piloto da NASCAR Tony Stewart conseguiu colocar no calendário da Truck Series (aquela divisão na qual corre o Miguel Paludo) uma prova na pista da qual ele é dono, o tradicional circuito de Eldora. Obviamente algumas alterações em relação ao formato tradicional de corrida tiveram que ser feitas, como a corrida ser dividida em segmentos para que se pudesse fazer o reabastecimento e a troca de pneus com a corrida parada – os acanhados boxes da pista transformariam uma entrada e saída de reabastecimento com disputa de posições uma autêntica carnificina, mas a corrida foi feita e mesmo os pilotos sem experiência de correr na terra batida ficaram bastante empolgados com essa “volta às origens” da categoria.

 

Lembremos que a origem da NASCAR foram as disputas entre os motoristas que entregavam a produção de “moonshine whiskey”, com seus carros preparados para fugir da fiscalização da polícia das cidades do sul dos EUA. Os primeiros vencedores efetivamente eram contrabandistas de “whiskey”, que corriam em estradas de terra em sua maioria. Não há como esquecer as primeiras corridas feitas em Daytona Beach, fazendo uma parte do percurso na areia da praia e depois retornando pela estreita estradinha asfaltada (mas com muita areia na pista) que margeava a própria praia. Existem alguns vídeos no You Tube disponíveis para quem tiver a curiosidade de ver.

 

No sul do continente americano a coisa não seria diferente, e as primeiras competições aconteceram com frequência em estradas de terra, até mesmo batizando um tipo de competição como foi o caso das Carreteras na Argentina. Como o leitor habitual do Nobres do Grid já sabe, conhecedor da história do automobilismo que é, tivemos no sul do Brasil grandes pilotos de carreteras, com os caminhos empoeirados do sul do Brasil servindo de palco para grandes disputas, inclusive com participações de pilotos da Argentina e do Uruguai.

 

Nisso vieram os anos 60, a instalação de fábricas no Brasil – que usavam as competições para aperfeiçoar seus produtos – fez com que o automobilismo crescesse a olhos vistos, e tendo o exemplo de Interlagos, pista completamente asfaltada, foram surgindo os autódromos como normalmente os conhecemos, cobertos de asfalto. Jacarepaguá (circuito antigo, com curva Norte em rélévé, gostaria muito de ter uma chance de ver uma foto aérea que pegasse a pista toda), Curitiba, Cascavel, Tarumã, Guaporé, Virgílio Távora, Goiânia, Brasília... alguns nasceram com piso de terra, a maioria já veio ao mundo asfaltada. Isso foi a sentença de morte do automobilismo na terra, certo?

 

Errado! Ainda existem pistas de terra, notadamente no sul do país, e sei de campeonatos organizados no Paraná e em Santa Catarina (óbvio que devem haver campeonatos em outros estados, até sei que no site da Federação Paulista de Automobilismo consta o campeonato paulista de velocidade na terra, mas quem não chora não mama, e não conheço informações de outros campeonatos, pelo que peço desculpas pela falta de informação). São campeonatos nos quais correm carros de turismo e as famosas “gaiolas”, estruturas tubulares que funcionam como uma espécie de competição de “fórmulas” na terra. E já que existem as provas de carros antigos no asfalto, nada mais lógico que fazer essas competições também na terra. E essa longa explicação acima foi para passar aos caros leitores o calendário 2014 de uma das categorias mais legais das pistas empoeiradas, a TCC – Turismo Clássico Catarinense. Quem tiver oportunidade de comparecer, será um belo espetáculo. Espetáculo esse, diga-se de passagem, dependente de São Pedro, já que por questões de segurança não se corre com chuva, e as datas do calendário estão sujeitas às alterações por causa do tempo.

 

Por enquanto, as datas e pistas são essas:

1ª etapa – 15 e 16 de fevereiro – São Bento do Sul
2ª etapa – 10 e 11 de maio – Lontras
3ª etapa – 05 e 06 de julho – São Bento do Sul
4ª etapa – 30 e 31 de agosto – Santa Cecília
5ª etapa – 18 e 19 de outubro – Joaçaba

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini 

 

Last Updated ( Sunday, 12 January 2014 23:13 )