Em 1993 Ayrton já não era mais um mortal. Já era tricampeão mundial de F1 e ídolo mundial. Essa foi uma corrida exibição com ele, Prost e outros pilotos da F1 da época, a corrida foi no Parque Berci em Paris, um Ibirapuera deles. Os NAP, eram karts feitos pela Birel e foram os primeiros equipados com partida elétrica e embreagem e usavam motores Parilla Leopard. O Ayrton viu aquilo e ficou louco. E o Ayrton ganhou a corrida, pra variar. Bem , chegando no Brasil no final da temporada, encontrou o Waltinho Travaglini que era o representante IAME-Parilla pra América do Sul e pediu que trouxessem alguns karts daqueles pra colocar na pista do sítio e perguntou se ele tinha como arrumar pra ele o tal kart número 2 que ele correu em Berci, pois tinha um valor sentimental pra ele, tinha sido sua última vitória no kart. Ele queria esse kart pra dar umas voltas na pista dele e pendurar na parede da sala no sítio de Tatui. Waltinho ligou seu contatos e conseguiu encontrar o kart com Mike Wilson que na época era trabalhava pro Mr. Granna, C.O da IAME ,que mandou pro Brasil. Só que aqui é Brasil, e o kart ficou preso na alfândega quando viram o nome do Ayrton... queriam uma grana pra liberar. Até que o kart foi desembaraçado e foi pra oficina do Waltinho. No último encontro com Waltinho no GP Brasil de 1994 disse que iria pra Inglaterra pra fazer testes urgentes já que a FIA tinha tirado todo o pacote de eletrônica da suspensão do carro e que seria o ano mais fácil pra ele pois o carro era um foguete... bem melhor que os concorrentes. Ai Waltinho cutucou ele dizendo: “Mas aquele alemãozinho vai te dar muito trabalho” e ele virou e falou: “O pé de breque! Quando que eu tive vida fácil? Vou pra Inglaterra e depois de Imola te procuro no Brasil”. E não voltou de Imola... Com aquela jóia em sua posse Travaglini procurou seu Milton pai do Ayrton, e contou o seu desejo e que o kart era dele e que viesse buscar. Ayrton e Mike Wilson. Seu Milton ficou emocionado e chorou dizendo que sabia da história do tal kart. O Waltinho recomendou que ninguém andasse no kart e fosse pendurado direto. Foi o que seu Milton fez, e o kart se encontra lá, onde o Ayrton queria. Na parede. PARTE HISTÓRICA Breve história do COX. Em 1970, o Waltinho Travaglini voltou de Thivervall na França com um Taifun, kart alemão Vice-Campeão do Mundo . O campeão foi François Goldstein com um Robardie. Chegando em Interlagos o kart se mostrou revolucionário e colocou 2 segundos em todo mundo, virando pela primeira vez abaixo de 1:00:00! Bem... aquilo despertou desejo em todos kartistas, todos queriam um Taifun. Como fazemos para importa-lo? perguntavam. O Waltinho com sua rapidez, disse na lata: Não precisa importar, nós vamos fazê-lo aqui! Só que ele tinha acabado te ter essa ideia, pegou um caderninho e fez uma lista com os nomes de todos que queriam um kart daqueles. Com uma lista de mais de 30 nomes foram falar com o “tio Affonso”, pai do Affonso e do Zeca Giaffone pra pedir o dinheiro e montar uma fábrica. Foram prontamente atendidos e ainda ganharam um espaço dentro da Fundição Brasil pra fazer a fábrica. E foi assim o início da COX . O modelo revolucionou o kart brasileiro e forçou o concorrente a se virar... E a Mini trouxe em 1971 um Robardie e aqui se chamou Maxi-Mini, mas não era bom o suficiente pra combater os Cox. Na foto acima Emerson seguido do Mario Sergio Carvalho na época com 11 anos. Este kart também tem uma história curiosa: Se trata de um Birel Targa 1973, um dos dois karts trazidos pelo Carol Figueiredo para servir como gabarito dos Mini SS, chassis que se tornaria grande vencedor e campeão de vendas no Brasil. Um deles era azul e esse ai sem pintura, no aço... O Carol usou os dois e ganhou muitas corridas com eles. Em 75 ele parou de correr e os karts ficaram no depósito da Mini até que eu comprei do Seu Mario o quadro do kart sem pintura. Levei embora, montei , levei pra pista e não me adaptei com ele, achei duro e pesado pra guiar. Pendurei ele na parede e lá ficou por meses. O Ayrton, que na época era piloto da Segunda Categoria 100cc e andava de Sulam, de fábrica, passava sempre na minha oficina, e quando soube que o esqueleto pendurado na parede era um quadro italiano passou a me pedir insistentemente que eu o vendesse pra ele de qualquer jeito. Sempre neguei as propostas e ele já estava me torrando com aquilo e eu acabei “dando” o quadro pra ele. Pois ele o levou embora, adorou o tal chassis que se mostrou muito rápido na mão dele. Pintou de laranja , colocou a plaquinha da Sulam na frente e o kart virou um Sulam... que ganhou muitas corridas com ele. E ninguém nunca soube... KART CONTEMPORÂNEO Recém chegada ao Brasil a Praga, marca italiana de karts impressiona pela qualidade do produto e do atendimento. Acostumados a ver karts italianos chegarem ao nosso mercado sem a mínima estrutura e falta de peças de manutenção e reposição a Praga surpreendeu. Tem 40 karts disponíveis pra venda e enorme estoque de peças. E o kart é bom! No ano passado conquistou por aqui o Campeonato Brasileiro de Rotax Max e o Sulamericano. Neste começo de ano já obteve vitórias e vendas. Esses acertos tem um responsável, o incansável e irrequieto Nelsão Stanisci. Gerente de operações da Praga Brasil. Abraços, Dionísio Pastore |