 Olá, Amigos do Nobres do Grid.
Nesta última semana o Rio Grande do Norte foi palco de um dos mais tradicionais rallys nordestinos e brasileiros. A 17ª edição do RN 1500 movimentou o estado potiguar que é, junto com outros estados da região, palco natural para as competições fora de estrada. Não se enganem aqueles que pensam que grandes eventos esportivos decidem suas realizações sem haver um apoio decisivo de governantes que enxergam mais além do que a porta de seus gabinetes e vêem a vinculação de seus países, estados ou cidades a uma competição como sendo esta capaz de atrair o que é mais difícil de conseguir na mídia mundial. A chamada mídia espontânea. Não tenho procuração de governante algum para falar isso ou aquilo, nem muito menos, quero que este texto sirva para promoção deste ou daquele homem público. Desde já desautorizo seu uso para fins de promoção política. Mas como jornalista que sou, e desde 1993 atuando na área automobilística, me sinto na obrigação de abordar o tema. Se no rio Grande do Norte houve festa, público, mídia e muita competição, no Ceará, a primeira etapa do Campeonato Cearense de Automobilismo, também realizada neste fim de semana, era o indicativo claro de que algo precisa ser feito para dar corpo as competições em um autódromo que foi um dos primeiros do país a receber homologação, e voltar a ter um maior envolvimento do público cearense. Desde 2010 sem receber competições nacionais, urge uma reforma no Autódromo Virgílio Távora. Já perdemos o GP da Stock Car para a Bahia, que mesmo sem autódromo conseguiu montar um circuito de rua para atrair uma categoria que reúne os melhores pilotos do país. 
O RN 1500 atrai pilotos do gabarito de Jean Azevedo, com inúmeros 'Dakar' no currículo... mas é ignorado pela mídia nacional. No meu entendimento, turismo e esporte andam juntos. Atrativos nós temos, terreno para as trilhas de um Rally e grandes empresas também. Está faltando articulação? Com o crescimento do fluxo turístico de nosso vizinho Rio Grande do Norte, acredito ser mais prudente “sacudir” a poeira e dá a volta por cima. Cercada de muita expectativa, a etapa inaugural do certame voltava a reunir os carros Superturismo, CTM e Spirit, experiência vivida em 2010 e 2011, mas diferente da configuração anterior, todos lutam pela vitória sem classificação em separado. Apesar da ausência de uma pré-temporada para que os carros fossem equalizados, o dono do melhor tempo no sábado, o piloto Tibúrcio Frota, decidiu largar com seu Spirit 44 da última colocação. Com o tempo de 1min26,810s o piloto largaria à frente do Superturismo de Raul Fontenele que fizera o tempo de 1min28,167s. 
O CTM, protótipo criado no Ceará, capaz de aceitar diversas motorizações dão show no Eusébio... mas ninguém vê. No briefing com a direção de prova, o bicampeão da protótipo nos anos de 2012 e 2013 assumiu a postura de largar na última posição para que não houvesse grande diferença entre os carros, já que um é equipado com motor AP800 (1800cc) e outro o GM1.4 (1400 cc). Além disso, fora acordado entre os pilotos que os Spirit e os CTM (ambos com mesmo motor) teriam o ponto de ignição diminuído em cinco graus, o que levaria a uma perda de rendimento, e consequentemente, não andariam à frente dos Superturismo. A decisão de retardar o ponto dos Spirit e CTM fora proposta pelos presidentes do Clube Esporte Motor, Alexandre Romcy, e da Associação de Pilotos de Turismo, Maurílio Reis. “Nós passamos por um momento no qual precisamos nos unir, mas não tivemos os treinos para equalizar, assim essa medida é a única que pensamos para resolver o problema nesta primeira corrida”, afirmou Alexandre. “Acho que o Automobilismo Cearense precisa das duas categorias unidas, então vamos fazer o que é possível. Hoje os pilotos da Superturismo não têm diferença com os da Spirit e CTM e todos estamos no mesmo barco. Se estão largando 17 carros neste domingo, no dia quatro de maio pode esperar 20 carros alinhando no grid, disse Maurílio. 
O campeonato cearense de automobilismo reúne um excelente grid, apesar do autódromo Virgílio Távora precisar reformas. Mas o que Tibúrcio não esperava era que o fato de atrasar o ponto de ignição do seu Spirit levaria ao superaquecimento e ele teria de abandonar a primeira etapa quando ocupava a quinta posição. Sempre defendi a união dos carros em uma só categoria e em campeonatos separados, afinal, o exemplo do Campeonato Paulista de Automobilismo, para não citar as provas de endurance e outras competições fora do país, carros de potência diferente convivem na mesma pista sem maiores problemas . Se a união se deve pela ausência de 11 carros da Protótipo (oito Spirit e três CTM) e 9 superturismo, imaginem um grid de largada composto por 35 carros, já que 15 deles compuseram o grid no domingo (13). 
Carros criados por projetistas locais e paisagens surreais. Este é o cenário do RN 1500. Sem entrar no mérito de culpa de fulano ou cicrano, o desafio de Alexandre e Maurílio será trazer, pelo menos, metade desses carros, já que houve a desistência de três equipes em correr no certame cearense, e juntas respondem a 11 carros a menos. O desafio está lançado! A corrida começou! É tempo do chamado “freio de arrumação” para acertar os rumos de um campeonato que tem tudo para ser dos mais concorridos do país. Confira os resultados do RN 1500: Jean Azevedo se tornou hexacampeão do Rally RN 1500 nas motos (Super Production). O paulista completou a prova em 6h21min59seg, com uma vantagem de 35 segundos para o catarinense Ike Klaumann, o segundo colocado Entre os quadriciclos, o título ficou com Marcelo Medeiros, do Maranhão, no tempo de 6h50min37seg. A segunda colocação foi de Francinei Costa, do Ceará, com 7h12min47seg, enquanto o potiguar Rafael Mota terminou em terceiro, 7h21min06seg. Nos UTV’s, o título ficou com Luiz Facco e Humberto Ribeiro, de São Paulo. O vice-campeonato foi para a dupla Bruno Leão Sperancini (MG) e Lourival Roldan (SP). Entre os carros, o título ficou com Marcelo Chaves e Dalmo Bergantin, de Pernambuco. Após as quatro etapas, eles totalizaram 6h58min41seg, mais de 21 minutos de vantagem para os segundos colocados, Cleber Rosa e Ricardo Chaves, do Ceará. Até a próxima, Roberio Lessa | 
