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Nossa homenagem à Marinho Camargo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 05 May 2014 01:27

Em 11 de Março tivemos na Edição 2014 do Velocult, que reuniu num grande evento alguns dos nossos grandes nomes, eu diria, Pilotos Campeões de Verdade, veteranos do Automobilismo Brasileiro de Competição da década de 60/70.

 

Ali estavam reunidos a grande maioria, dos nossos pilotos além de outros também de grande peso , que foram os continuadores de tudo aquilo que foi desenvolvido nos autódromos e circuitos naqueles Anos Dourados.

 

O “Hall da Fama”, ideia brilhante, deixou para a posteridade gravadas em placas de concreto as mãos de alguns deles, mãos hábeis que guiaram o que tínhamos de melhor e de mais veloz na época.

 

Também como ex-piloto integrante desse pequeno grupo ,em conjunto com o promotor do Velocult, Paulo Soláriz, me foi possível prestar em nome de minha cidade (Piracicaba) uma homenagem especial a um  desses grandes nomes, que destaco aqui em particular.

 

As feras reunidas em Piracicaba, antes da largada. Amigos fora da pista, adversários leais dentro dela.

 

A Prefeitura e a Câmara Municipal, foram representadas pelo Sr Marcelo Oliveira que entregou   a ele uma Menção Honrosa, em agradecimento aos feitos, que nunca serão igualados e jamais esquecidos em nossa cidade.

 

Os Circuitos de Piracicaba foram tão marcantes naqueles dias que motivou a todos nós, já naquela ocasião, a construirmos um autódromo, projeto que chegou a ser executado, a pista praticamente pronta, esbarrou em desentendimentos entre o prefeito da época e os organizadores, tal era o sucesso de cada corrida. Hoje, passados muitos anos temos esse autódromo, de excelente nível técnico que atende todas as categorias de competição, incluindo um kartódromo, um empreendimento particular e que atrai grande publico.

 

O nosso grande Marinho foi o protagonista principal de todas as provas lá realizadas, sagrando-se tri campeão com um pequeno DKW , depois com os protótipos Malzoni, imbatíveis para aqueles circuitos.

 

O público acompanhava as corridas de perto (perto mesmo) as corridas nas ruas da cidade.

 

A cidade mudava de cor, a expectativa era enorme, o agrupamento de pessoas nas calçadas e sarjetas em pé assistiam os carros passando a centímetros delas, os fãs gritavam em cima de telhados, torcendo pelos pilotos locais e as disputas apertadas entre os DKWs e Simcas que faziam o espetáculo ficar emocionante, mas o DKW 10 era o mais esperado sempre por todos, pois fazia o show sozinho.

 

As apostas pela vitória desse ou daquele piloto começavam muito antes, e nos bares, clubes e encontros só se falava neles e seus carros.

 

Impossível descrever como os “Das Kleine Wunder“ (a pequena maravilha) com seus motores super preparados com  80/100 HP, enfrentava nas mãos do Marinho, carros de potência 3 vezes superior, sem falar em Interlagos, autódromo – claro – que favorecia os de grande cilindrada, as carreteiras e protótipos de todos os tipos marcas e motores.

 

Marinho na entrega do Prêmio Victor. Geração de ouro do nosso automobilismo.

 

Mais o Marinho, conseguia levar o carro a vitórias incríveis, fazendo com que a marca se destacasse, o que alavancava as vendas nas concessionárias, vendia-se DKW pelo Brasil inteiro e através dos resultados da Equipe Vemag, fabricante da marca, esse sucesso foi indiscutível.

 

O DKW na época era carro estranho, tinha as portas dianteiras que abriam para frente, cheirava óleo, fazia fumaça pelas ruas quando andava, servia para taxi, era um carro “suicida” como chegavam dizer, mas o Marinho ganhava corridas... e elas vendiam mais DKWs!!! 

 

O “caipira” – carinhosamente chamado e conhecido por todos nós – foi sem dúvida ”o maior piloto de rua de todos os tempos“ e sua humildade e simplicidade nos sensibiliza a cada encontro. Foi um prazer enorme e uma honra para mim estar ao lado dele nessa homenagem singela, mas de muita importância. Creio que Piracicaba resgatou nessa homenagem tudo que foi proporcionado por ele e os momentos emocionantes vividos ali no Velocult 2014 ficará na lembrança de todos os seus amigos e nosso grupo.

 

Relato feito à mão por Walter Hahn Jr. sobre a vitória de Marinho Camargo em 1964, derrotando um KG Porsche.

 

Nas Mil Milhas em 1965, fui convidado para pilotar pela “Equipe Brasil”, a qual pertencia a MM, a carretera “Mickey Mouse“, em dupla com o Frodoaldo Arouca (Volante 13 ) e nos treinos para a corrida pedi ao Marinho para andar ao lado dele pois desconhecia o carro que tinha características totalmente diferentes do Simca, meu carro na época.

 

É impossível descrever o que senti, confesso que de todos os carros que guiei em corridas foi o mais violento e difícil. Levíssimo, potência descomunal e o liga/desliga de bombas elétricas a cada curva não era coisa lá muito fácil e sem fazer isso o motor apagava!

 

Teria sido difícil guiar o carro sem  tê-lo ao meu lado, o carro foi feito para ele e vice versa, jamais vou esquecer, a facilidade com que ele guiou, foram as  5/6 voltas em Interlagos mais marcantes que tive, pois ao mesmo tempo que ele guiava ia descrevendo em voz alta cada pedaço da pista e como levar o carro, onde ia sair, o que fazer, isso tudo de “pé em baixo”, e  tudo com o barulho tremendo daquele motor. 

 

Na homenagem feita no Velocult de 2014, o público compareceu em grande número.

 

Sentado no assoalho do carro ao lado dele, entre os tubos, mangueiras, bombas elétricas, só podendo me segurar no ‘Sto Antonio’ e sem quase poder ver o traçado, foi indescritível, mas o negocio era aprender rápido e depois passar a limpo!

 

A Equipe Vemag já não existia mais, o Jorge Letry lá estava e ao pararmos o carro nos box veio me dizer “viu como anda a coisa?” Eu ainda meio aturdido respondi “anda e muito” vou ver o que dá pra fazer, mas só ele conseguia fazer o que eu acabara de ver naquelasvoltas.

 

Em Piracicaba, numa das corridas, o Marivaldo Fernandesapareceu de ultima hora com um Porsche 356 junto com o ‘seo’ Chico [Landi], e numa outra prova, o Moco com um Karmann Ghia com motor Porsche 1.600, achavam que a vitória seria fácil, mas esqueceram do Marinho que aos poucos encostou. Fez o Marivaldo  andar tanto que acabou com os freios .

 

O Famoso DKW número 10. O terror dos adversários nas ruas de Piracicaba.

 

O Moco por sua vez teve que andar tanto que o motor quebrou e ele, mais uma vez, venceu e pode receber a bandeirada, tranquilo e seguro como sempre fazia.

 

Essas foram apenas algumas das suas vitórias, mas  todas serão lembradas por nós, foram escritas para o nosso automobilismo por um Campeão de Verdade.

 

Valeu Caipira! 

 

Abraços do amigo de sempre,

 

Walter Hahn Junior

 

 

 

 

Last Updated ( Saturday, 17 May 2014 10:12 )