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Nelsinho Piquet se reinventa no Rallycross PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 29 July 2014 02:42

Nelson Ângelo Piquet é um nome bem conhecido do público brasileiro, tanto pela sua passagem na Formula 1 como o inconfundível parentesco com o tricampeão Nelson Piquet. No cenário internacional volta e meia é lembrado pela manipulação da equipe Renault, no GP de Cingapura 2008, em favor de Fernando Alonso. Após investigação da FIA, Pat Symonds e Flavio Briatore sofreram punições da entidade máxima do automobilismo. A carreira desse brasileiro tem muito mais do que este episódio, assim como o futuro reservará boas novidades. E pelo visto será longe dos monopostos, mas vamos com calma.

 

Desde o início de sua carreira em carros de competição, Nelsinho teve de mostrar serviço e apresentar habilidade e técnica, não só pelo que é exigido para o prosseguimento no esporte, mas também pelo olhar atento de jornalistas e as comparações com o pai. De toda sorte, contou com o apoio direto da família, incluindo a criação da Piquet Sports para auxiliar na formação e galgar as categorias no caminho da F1. Após esta fase, a equipe fora vendida e formou a atual Rapax, na GP2. No primeiro ano de Nelsinho na F3 Sulamericana (2001), estréio bem com 1 vitória e 1 pole em 7 corridas, fechando a temporada em 5°. O título veio na temporada seguinte, com incríveis 13 vitórias e 16 poles em 17 corridas, além de acusações das equipes rivais de favorecimento da Piquet Sports e Nelsinho, quanto a testes ilegais durante o ano.

 

Vitória de Nelsinho Piquet na Formula 3 Sulamericana, em Fortaleza - 2002

Discussões a parte, o time Piquet e a jovem promessa cruzaram o Atlântico e desembarcaram na terra da rainha. E chegaram mostrando as credenciais com propriedade: Nelsinho faturou 6 vitórias, marcou outras 6 poles e 8 voltas rápidas em 24 corridas, fechando o certame em 3° no geral, em seu primeiro ano na F3 Britânica e no qual alguns nomes conehcidos estiveram presentes, tais como Will Power, Scott Speed, EJ Viso e Karun Chandhok (ok, estes dois últimos sem tanta expressão, mais ainda assim você já já ouviu falar!rs). Ano novo, pistas e campeonato conhecidos, e Piquet levantou o caneco em uma temporada bem disputada e recheada com nomes competitivos: Danilo Dirani, Lucas di Grassi, Álvaro Parente e Will Power. Troféu na estante, já era hora de migrar para a GP2, arrumando as malas para aprimorar sua experiência e conhecer novos circuitos e oponentes.

 

Os testes em Le Castellet foram promissores para o então jovem de 19 anos. Em duas oportunidades cravou a melhor marca do dia, mais uma vez mostrando não se tratar apenas do filho de um tricampeão de F1. No decorrer da temporada, teve de dividir a pista e as atenção com outro jovem de sobrenome famoso, e que viria a ser campeão no final do calendário: Nico Rosberg. Por se tratar do último degrau antes da categoria máxima de monopostos, assim como a World Series by Renault tem ocupado nos últimos anos, era de se esperar a presença de pilotos que passariam ou estão presentes na F1 e outras categorias internacionais, e a vida de Piquet não foi das mais fáceis. Mesmo assim, chegou em 8° na tabela de pontos final e com uma vitória.

 

Não era o bastante e, em 2006, Nelsinho apareceu mais forte para a disputa. 4 vitórias e 4 voltas rápidas em 22 provas, além de 6 das 11 poles possíveis. Ainda subiu ao pódio outras 4 vezes em 2° lugar. Em uma categoria competitiva, poderia ser o bastante para o título. Poderia. Mas o ano foi de Lewis Hamilton, não antes de decidir o título na última prova em Monza. Com o vice-campeonato seguiu para a tão sonha F1, ocupando a vaga de piloto de testes da Renault F1 em 2007 e estreando na sonha F1 em 2008 ao lado do já consagrado bicampeão Fernando Alonso, pela própria Renault, após passagem rápida no time de Woking. Temporada complicada para o novato brasileiro, com muitos abandonos, mas ainda assim conseguiu o segundo lugar em Hockenheim, atrás apenas de Lewis Hamilton, que seria o campeão daquele ano. Em 2009, veio a tona o escândalo de Cingapura e a saída de Piquet da F1, após um ano muito aquém do esperado, até do próprio time Renault F1.

 

Em sua melhor participação na F1, segundo lugar em Hockenheim 2008.

E o sonho de igualar os feitos do pai foram por água abaixo. Aliás, tal expectativa vinda em grande parte da mídia e fãs brasileiros. Mas a vida, ah... a vida é uma caixinha de surpresas! Após passar 2010 analisando as possibilidades, Piquet chegou para buscar uma vaga na divisão principal da NASCAR, começando na Camping World Truck, campeonato ao estilo da finada Copa Montana, mas com os incrementos comuns nas competições dos EUA.

 

Em duas temporadas na categoria, extremamente competitiva, ainda mais para um estrangeiro, Nelsinho marcou 3 poles e 2 vitórias, obtendo em 2012 sua melhor posição final de campeonato, em 7°. Migrando para temporada integral na Nationwide, divisão logo abaixo da Sprint, terminou 2013 em 12°, porém no ano anterior conquistou seu maior destaque, ao largar da pole e vencer a etapa em Road America.

 

Nelsinho em sua primeira vitória na Truck Series – Michigan 2012

Mas o sonho americano na NASCAR se viu limitado quanto a falta de patrocínios, e novamente o brasileiro mudou seu rumo, dedicando-se para este ano integralmente ao emergente Global Rallycross. Neste campeonato patrocinado pela Red Bull, a disputa é bem diferente, em consonância com o X-games, no qual privilegia-se o espetáculo.

 

Primeiro, as pistas são inusitadas quanto ao traçado, pulos e ‘atalhos’, assim como a localização das mesmas. Afinal, para começar 2014 a etapa inaugural fora em Barbados (conhecem?) e com a parceria do programa Top Gear. Sim, Tanner Foust está presente no campeonato e venceu o evento em Nova York. Outra diferença são as baterias classificatórias, contando com número reduzido de carros e avançando os melhores até as finais.

 

Nelsinho Piquet em ação no GRC, em Barbados, no qual chegou em 4° - 2014.

Até o momento, o GRC tem sido um grande acerto quanto a mídia e público, inclusive com os atrativos de nomes importantes do esporte motor, além de Nelsinho e Tanner, também participam este ano Travis Pastrana, Ken Block e Scott Speed. Piquet está a mostrar seu valor, e não ser apenas marketing em cima de seu sobrenome famoso, pois está a liderar o certame mais importante, o Supercars (o GRC conta ainda com o Lites).

 

Apesar de ainda não ter conquistado vitória, Nelsinho Piquet parece ter aprendido bem com a experiência nas divisões de acesso para NASCAR, ao mater regularidade e estar chegando sempre entre os primeiros: 4° em Barbados, 3° em Austin, 2° em Washington e também em Nova York e outro 3° lugar na última etapa, em Charlotte. Faltam outros 5 embates até o final da temporada, mas o brasileiro começa a abrir vantagem considerável sobre a concorrência: 227 contra 181 de Scott Speed... aquele mesmo que também correu na GP2 e chegou a andar na F1 sem sucesso.

 

Saudações do Rio de Janeiro, o estado sem autódromo,

 

Fabiano Esteves