Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Morte Súbita PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 27 August 2014 23:23

Caros Amigos, há algum tempo saiu uma notícia que mais parecia coisa da ‘mãe Dinah’, aquela vidente que morreu recentemente. Dizia a referida que Max Verstapen seria campeão do mundo de F1 em 2019. Quem raios seria Max Verstapen? Logo veio a lembrança do piloto holandês Jos Verstapen, aquele que ficou envolto em chamas no carro da Benetton.

 

Verstapen, o pai, era um piloto rápido, mas nunca teve uma chance decente na vida para mostrar sua capacidade e acabou sendo um dos muitos preteridos dentro da cruel realidade do circo da Fórmula 1.

 

Passados 20 anos seu filho, hoje com apenas 16 anos, foi anunciado como piloto da Red Bull. Se fosse apenas isso, não seria surpresa, uma vez que a marca de bebidas tem um programa de investimento em jovens pilotos e Max Verstappen vem demonstrando ser um excelente piloto na categoria que disputa atualmente – a F3 Europeia – onde é o vice líder do campeonato.

 

Investir no futuro de um jovem assim seria algo natural para os austríacos, que vem fazendo isso há mais de 10 anos e trouxeram para a F1 pilotos como Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo, Jean-Eric Vergne e Daniil Kvyat. É este último que tomarei como referência mais adiante. Tirando o tetracampeão, vamos ver a trajetória dos demais.

 

Em 2012 a Red Bull colocou Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne como pilotos de sua “equipe B”, a Toro Rosso, dispensando os então pilotos Sebastien Buemi e Jaime Alguersuari. O segundo, o espanhol, assim como o jovem russo Daniel Kvyat “queimou etapas”, da mesma forma que Max Verstappen o está fazendo, para chegar ao cockpit da equipe.

 

Titular de uma equipe onde os recursos disponibilizados estão longe das cifras da equipe principal, tanto Alguersuari quanto Buemi, que percorreu todo um processo de formação como piloto, subindo de categoria em categoria, tinham que fazer com que o carro andasse mais do que podia. O espanhol era a “aposta em um novo gênio”... que ele não mostrou ser. O resultado disso foi sua dispensa no final de 2011 e, até hoje, o piloto não conseguiu mais estabelecer-se em nenhuma categoria de relevância.

 

Vou usar como um exemplo nossos três campeões do mundo: Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Em uma época em que a F3 inglesa tinha outro peso na formação do piloto e a F1 era muito diferente do que é nos últimos anos, os três brasileiros percorreram um caminho de formação, onde correram por vários anos em outras categorias, em particular contra pilotos mais experientes, aprenderam, formaram-se e chegaram à F1 com alguma base. Com isso estabeleceram-se.

 

Pergunto-me: com que base estão chegando estes meninos que a Red Bull vem contratando? Não seria precipitado lançar um piloto com tanto potencial como parece ter Max Verstappen na arena dos leões da F1?  Até onde as apostas em jovens talentos precoces dá certo? Dois exemplos de sucesso podem ser mencionados aqui: Kimi Raikkonen e Valtteri Bottas. Ambos buscados em categorias ainda distantes da F1 e que deram certo. Daí a considerar uma regra duas exceções vai muito longe. Alguersuari é uma das provas disso.

 

Deixei para o final um convite à reflexão sobre a cruel realidade deste programa de jovens pilotos da Red Bull. Em 2011, a equipe colocou em times diferentes – e era engraçado ver carros com pinturas iguais, mas de times diferentes – Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne para disputar o World Séries by Renault, numa espécie de “vestibular” para que chegassem à F1. Eles andaram bem e Vergne terminou o campeonato à frente de Ricciardo... mas não foi campeão. O vencedor foi Robert Vickens, canadense, companheiro de equipe de Vergne e que não teve chances na F1, nem de testar. Hoje, é piloto do DTM.

 

No final do ano Jean-Eric Vergne estará fora da equipe Toro Rosso. Não terá lugar na Red Bull, que deve manter sua dupla. Quem garante que ele não se sairia tão bem ou até melhor do que Ricciardo no time principal? A participação de ambos na Toro Rosso foi bastante equilibrada. Terá Vergne o futuro que hoje vive Jaime Alguersuari?

 

Pior mesmo é ver as portas de Carlos Sainz Jr, que vem fazendo uma temporada brilhante na World Series by Renault sendo fechadas. Ele que no ano anterior perdeu a chance de estar no lugar de Daniil Kvyat por méritos do russo, que o venceu na GP3, talvez nem sequer tenha uma chance nos carros de F1 da equipe, seguindo o mesmo destino de António Felix da Costa, hoje no DTM.

 

Se por um lado, estes programas de desenvolvimento podem ser um caminho seguro para se chegar ao topo, o mesmo pode – cruelmente – decretar a morte súbita de uma carreira. Que o diga Alguersuari e talvez Sainz Jr.

 

Enquanto isso, no Balcão do Cafezinho...

 

Tinha que ser muito inocente pra ignorar que algo além da disputa entre os pilotos da Mercedes... e foi! Confesso que temi pela primeira descida da Eau Rouge após a largada, que felizmente, devido a má largada do ‘Paquito’ Rosberg eles não chegaram juntos lá embaixo. Do contrário, poderia ter acontecido uma tragédia por conta do ambiente que existe hoje nas hostes prateadas.

 

As férias – ficou evidente – não serviram para baixar a temperatura intracraniana dos pilotos após o final do GP da Hungria e ainda quinta-feira, teria ocorrido uma reunião onde os pilotos teriam saído com interpretações completamente diferentes do que havia sido falado... para eles e entre eles.

 

Depois do ‘Paquito’ Rosberg dizer que os dois sentaram, discutiram e avaliaram a situação após o GP Magiar e onde ele deixou transparecer que “mudaria sua abordagem” após a desobediência do ‘Neguin’ Hamilton em abrir caminho para ele no final da prova (onde que você vai abrir caminho para seu principal rival na briga pelo título?), o o inglês simplesmente disse que tal reunião não aconteceu!

 

O final disso todos vimos na segunda volta, na tomada da Les Combes quando o carro do ‘Paquito’ tocou a roda do carro do ‘Neguin’, quebrou a ponta da asa... mas furou o pneu traseiro esquerdo do então líder da corrida. O prejuízo para a equipe foi duplo: Tirou um dos carros dos pontos e ambos da vitória, o que enfureceu os dois antagonistas da direção: Toto Wolff, padrinho do ‘Paquito’, e Niki Lauda, responsável pela contratação do ‘Neguin’.

 

A reunião realizada pela equipe para discutir o que aconteceu na segunda volta do GP da Bélgica depois da corrida foi em temperatura de ebulição... e o ‘Neguin’ “chutou o pau da barraca” para tudo que era microfone quando deixou o motorhome e afirmou que, durante a conversa, o ‘Paquito’ teria admitido ter provocado a batida deliberadamente. O ‘Paquito’, claro, negou ter dito isso e os diretores, incluindo aí o cara que se acha a última bolachinha do pacote, Paddy Lowe, tendo que trabalhar como bombeiros em um incêndio nitidamente descontrolado.

 

Desde o GP do Bahrein, o primeiro, onde a disputa feroz entre eles nas últimas 11 voltas da corrida foi digna do que muitos de nós vimos como F1, algo bem distante do que se vê nestes dias de “faster than you” pra lá e pra cá, a equipe já tinha falado que temia por um “toque” entre seus pilotos até o fim do campeonato.

 

O que deixou Toto Wolff, diretor-esportivo, e Niki Lauda, presidente não-executivo “controladamente furiosos” foi  o fato de que isso aconteceu já na corrida de volta das férias e ainda por cima em seu início, apenas na segunda volta. Foi justamente esta a pergunta do tricampeão austríaco: “Por que na segunda volta?”. Ele que derrotou Alain Prost de forma inteligentíssima na conquista de seu terceiro título sabe, pelo visto, que não se ganha uma corrida na primeira curva... mas se perde e foi isso que aconteceu: a equipe saiu derrotada de Spa-Francorchamps por culpa da atitude de seus pilotos. Se a vantagem sobre as demais não fosse tão grande, diria que o título estaria em risco.

 

Toto Wolff veio a público e afirmou que os comentários feitos pelo ‘Paquito’ na reunião da Mercedes após o GP da Bélgica foram mal-interpretados e tentou “amenizar” dizendo que o alemão não bateu no companheiro de equipe deliberadamente, apenas “não se preocupou em evitar o contato”. Segundo sua  avaliação, “há uma diferença entre as situações”.

 

Apesar da nítida defesa do seu “protegido”, Wolff deixou claro que o que aconteceu na corrida foi “simplesmente inaceitável” e que a colisão que poderia ser evitada. Contudo, não teve como não admitir que e ele – o ‘Paquito’ – não devia ter forçado a ultrapassagem naquele momento. Por fim, em mais uma defesa, afirmou que, agora, se ele pudesse voltar no tempo, provavelmente não faria de novo do jeito que fez.

 

Em todo caso, podemos esperar para Monza uma postura mais rígida por parte da equipe com relação aos pilotos e as famigeradas ordens de equipe sendo passadas via rádio, ouvidas pelas transmissões do mundo inteiro. Agora, se as mesmas serão obedecidas... com 29 pontos de desvantagem e o espírito guerreiro que tem na alma, duvido que o ‘Neguin’ Hamilton ceda 1 centímetro que seja para o ‘Paquito’. Talvez o asfaltamento da área de escape da curva parabólica tenha vindo em boa hora.

 

Mudando o foco para os comissários de prova e suas atitudes (ou falta delas) pouco coerentes, porque o  ‘Paquito’ não foi punido com uma passagem pelos boxes ou um tempo parado sem que os mecânicos pudessem tocar o carro como fizeram com o ‘Príncipe das Lamúrias’? Esta não é a única pergunta que ficou sem resposta no GP da Bélgica.

 

A Ferrari do bicampeão do mundo ficou trepada nos cavaletes na hora que deveria sair para a volta de apresentação e os mecânicos, que teriam que deixar a pista, continuaram nela, tentando fazer o carro funcionar. Isso teria que jogar o ‘espanhór’, como chama nosso RP, Ciro Margoni, para largar dos pits. Contudo, o que vimos foi uma punição “nas coxas”, só pra constar e que permitiu o ferrarista continuar disputando posições entre os pilotos que marcavam pontos.

 

Talvez este seja um dos motivos maiores para o Diretor de corridas da McLaren, Éric Boullier, ter ficado furioso com a punição de 20 segundos, somados ao tempo de prova, do Kevin Magnussen por ter jogado o ‘Lamúrias’ para fora da pista durante uma disputa pela quinta colocação em Spa-Francorchamps. Com isso, o dinamarquês caiu de sexto para 12º na classificação final.

 

Boullier, entretanto, avaliou que a F1 deveria encorajar este tipo de disputa, especialmente em um momento em que o esporte é alvo de muitas críticas. Para o francês, punir a competitividade é tirar o que a F1 tem de melhor. Nisso eu volto a falar o que outros aqui no site já falaram: imaginem os comissários de hoje naquela disputa de 1981 entre Gilles Villeneuve e René Arnoux em Dijon? Eles seriam banidos do automobilismo! #abaixoaF1coxinha

 

Como é fácil chutar cachorro morto, depois da demissão do engenheiro responsável pelo desenvolvimento dos motores da Ferrari, Luca Marmorini, o chefe da Sauber, Giampaolo Dall’Ara debitou na conta do motor Ferrari a crise que a escuderia suíça vem passando na temporada deste ano. Até agora, o mexicano Esteban Gutiérrez e o alemão Adrian Sutil ainda estão zerados na pontuação e a equipe num constrangedor 10º lugar, atrás da Marussia.

 

Atacando de bombeira, Monisha Kaltenborn, evita apontar o dedo para Maranello. Afinal, o que está ruim pode ficar pior se a equipe perder o motor italiano. Contudo, a opção da Ferrari deixou sua equipe cliente de mãos estão atadas, bem como suas próprias, devido ao regulamento da homologação dos motores. Assumir que o carro é pior que o do ano passado, ninguém assume.

 

Fora do mundinho fashion da F1, no próximo mês vai começar a Fórmula E, categoria de monopostos que usará motores elétricos. Entre os 20 pilotos que disputarão o campeonato, teremos três brasileiros. O último a entrar para o time foi Nelson Ângelo Piquet, que desde que deixou a Fórmula 1 em 2009 não participava de um campeonato com monopostos.

 

De contrato assinado para disputar a temporada inaugural da categoria, o filho do tricampeão vai correr pela equipe China, que terá ainda Ho-Pin Tung no outro cockpit. Além de Nelson Ângelo, teremos a presença do piloto da Audi no WEC, Lucas Di Grassi e o eterno sobrinho, Bruno Senna. O Brasil estava nos planos para receber uma etapa, nas ruas do Rio de Janeiro, mas... no Rio? Nem na rua!

 

E a Stock teve seu calendário mudado... mais uma vez! A etapa, marcada para Ribeirão Preto 15 de novembro, foi cancelada, apesar do rolo jurídico da categoria com a prefeitura. A etapa que, por contrato, está pendente, deve acontecer no ano que vem. Enquanto isso, a categoria precisou fazer um rearranjo de datas para lidar com a mudança, provocada pela confusão política em Salvador, que não queria fazer a corrida em seu centro administrativo às vésperas das eleições deste ano.

 

Por conta disso, a etapa baiana, mudou para o dia 15 de novembro, data da então etapa paulista. Para repor a perda da etapa, a categoria usou a data inicialmente reservada para Salvador, dia28 de setembro, para realizar uma nova etapa na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul. Não é possível que coisas assim ocorram no nosso automobilismo, com ou sem copa do mundo!

 

E pra fechar o pacote, o Hélio Castro ‘Nieves’ fez uma corrida deprimente no último final de semana e está cada vez mais próximo do tetra-vice Campeonato da Fórmula Indy. A situação só não ficou pior porque o líder do campeonato, Will Power, que largou na pole position, ficou num modesto nono lugar na corrida.

 

A chance ainda existe, com a pontuação dobrada na etapa final neste domingo, que vem em Fontana.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva