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Nico na pressão! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 26 September 2014 02:13

Olá fãs do automobilismo,

 

Quando os pilotos disputam o GP de Fórmula 1 em Cingapura, são obrigados a passar praticamente toda a noite em claro, algo que não costumam fazer nos dias de hoje por conta da dura preparação física a qual se submetem.

 

Difícil mesmo é quando por conta dos fatos ocorridos na nossa vida ficamos noites em claro, preocupados e tensos com o rumo que nosso futuro está tomando.

 

Foi logo depois da hora do almoço, ou seja, alta madrugada em Cingapura quando meu telefone tocou e Nico perguntou como estava a minha agenda para aquela semana. Ele vem quinzenalmente ao meu consultório, mas perguntou se poderia antecipar a ida para ter mais tempo para se adaptar ao fuso horário japonês.

 

Nico era o peu primeiro paciente na última quinta-feira. Não sei como ele consegue chegar tão cedo e como consegue estar tão bonito tão cedo. Se bem que, desta vez, seu sorriso não brilhava tanto como de outras vezes em que esteve aqui. A pressão pela aproximação do final do campeonato certamente está sobre seus ombros.

 

 

Como de costume, recebi-o com aquele sorriso de deslumbramento que ele provoca acredito que em todas as mulheres que o veem, mas ele estava aqui para falar e não para eu admirá-lo, além do que, ele é um homem casado e eu sou profissional. Contudo, o “lado fã” não tinha como deixar de ter m pouco de pena com tudo o que aconteceu no domingo.

 

Eu nem abri a boca e ele foi logo falando o quanto estava desapontado com o que aconteceu naquela noite de domingo em Cingapura. Ele disse que esava muio confiante para a corrida, que aqueles sete milésimos para o tempo do Lewis não eram absolutamente nada e que, em ritmo de corrida, tinha certeza que poderia superá-lo.

 

Ele disse que até pegar o avião para vir até aqui os engenheiros ainda não haviam encontrado o porque do sistema de comunicação entre o volante e a eletrônica do carro não estarem se comunicando. “Era estranho. Não adiantava trocar o volante, o carro não respondia”.

 

 

Uma coisa que ele também considerou foi que problemas podem acontecer e que seu pai conversou bastante com ele após a corrida, lembrando de como os carros tinham problemas 30 anos atrás. Quando novas tecnologias são introduzidas, sempre há um risco de que problemas aconteçam e não deixou de lembrar que Lewis teve mais problemas do que ele este ano.

 

Aproveitei que ele falou do companheiro de pista desde a infância e perguntei como andavam as coisas entre eles (apenas lembrando, Lewis também é meu paciente). Nico deu uma parada, um suspiro, fechou os olhos por uns dois ou três segundios e com uma baixada na vista antes de falar sobre como a relação entre eles acabou dizendo, com um ar de tristeza que as coisas “se complicaram” ao longo do ano.

 

Perguntei o que teria levado a isso uma vez que eles já estavam juntos na equipe desde o anos passado e o que teria mudado desde 2013... Nico foi bem elucidativo. Disse que em 2013 eles tinham que “tentar tirar leite de pedra” para fazer o carro andar o máximo possível para tentar ser minimamente competitivos. Se não dava para fazer muito contra a Red Bull, pelo menos ficar na frente das outras e eles trabalhavam muito em sintonia.

 

 

O trabalho deste ano também começou assim, mas logo eles perceberam que a Mercedes estava num platamar muito acima das demais e que a disputa pelo título estaria entre eles. Até o GP do Bahrein as coisas estavam ädministráveis”, mas aquela disputa no final da prova acabou mexendo com a cabeça de ambos, segundo Nico.

 

A ponto de provocar deslizes de lisura, Perguntei? Nico baixou a cabeça mais uma vez. Impressionante como ele reage a perguntas embaraçosas... depois de pensar um pouco ele disse que jamais teve a intenção de fazer algo “deliberado” para prejudiar Lewis... contudo, as vezes, o instinto provoca uma reação de segundos que acaba por comprometer tudo o que a pessoa pensa, não é mesmo? Atire a primeira pedra aquele que nunca xingou com um palavrão uma fechada no trânsito, mesmo voltando ou indo para a igreja.

 

Nico disse que, apesar de tudo o que aconteceu, com o ponto mais “controverso” tendo chegado em Spa Francorchamps, tem fé no trabalho. Tando dele, como da equipe e também de Lewis, acreditando que as feridas abertas entre eles podem cicatrizar e que a equipe tem como conseguir resolver os problemas de confiabilidade do carro e permitir que a disputa pelo título seja na pista, sem interferências.

 

 

Quando começou a falar sobre isso, a expressão de Nico mudou. Ele foi assumindo um ar mais confiante e menos cabisbaixo do que quando começou a sessão e quando perguntei como ele estava vendo este momento ele tomou uma colocação dita por Lewis para fazer um contraponto.

 

Lewis disse que a disputa entre eles lembrava a disputa entre Prost e Senna, e que ele agiria como o brasileiro. Na contramão do companheiro de equipe, Nico disse que achava a postura do tetra campeão francês mais próxima da dele, com o uso da força mental e da regularidade contra a impetuosidade de Lewis. Ele disse que considerava Lewis mais audacioso, mas que isso não fazia dele menos capaz de assumir riscos e ir até o limite.

 

Lembrou que Lewis tem em seu estilo de pilotagem uma propensão a exigir mais do carro e isso ele vê como uma vantagem contra o adversário, considerando o quesito confiabilidade e a estratégia de gerenciamento dos pneus, lembrando que tem chegado ao final das provas com o carro melhor do que o dele e pensando que isso pode ser fundamental.

 

 

A nossa hora passou mais rápida do que uma volta em um oval da Fórmula Indy, mas Nico fez questão de falar de um outro assunto antes de deixar meu consultório, dizendo que tem tido em Vivian, sua namorada de anos e esposa, um enorme apoio  que quando começaram a namorar ele jamais acreditava que veria algo assim de alguém em sua vida que não fosse seu pai, que também foi piloto.

 

Que vença o melhor, Nico.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 

 

Last Updated ( Friday, 26 September 2014 02:24 )