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Café e precocidade PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 03 December 2014 21:55

Caros amigos, algumas coisas me chamaram a atenção nos últimos dias. Confesso que fiquei em dúvida sobre qual tema abordaria para esta coluna diante de tantos assuntos interessantes. Acabei optando por “dividir a coluna” em dois temas bastante pertinentes e que poderia fazer uma conexão... por menos convencional que ela venha a ser.

 

A Toro Rosso antecipou a confirmação do espanhol Carlos Sainz Jr. como piloto do segundo carro da equipe ao lado de Jos Verstappen. Não é a primeira vez que a equipe coloca dois pilotos com quilometragem apenas de testes e simuladores ao mesmo tempo. Em 2012 ela teve Jean-Eric Vergne e Daniel Ricciardo juntos.

 

Certamente vozes irão se levantar para dizer que o australiano Ricciardo já havia feito corridas com o carro da falecida equipe de Fórmula 1 Hispania, ou HRT como alguns chamavam... bom, caso o caro leitor considere aquilo como “fazer corridas” e “carro de Fórmula 1”... eu não considero.

 

O que chama a atenção desta vez é a idade da dupla. Carlos Sainz Jr. tem 20 anos e vai alinhar ao lado de Max Verstappen, que recém completou 17. Com isso eles formarão em 2015 a dupla mais jovem que uma equipe já teve em toda a história da F1. Até onde isso é um feito e até onde isso é uma temeridade?

 

Carlos Sainz Jr. foi destaque e dominador da temporada da Renault World Series, fazendo aquilo que se esperava, por exemplo, de Antônio Felix da Costa, mas teve sua chegada à Fórmula 1 colocada em risco quando o programa de jovens pilotos da Red Bull foi buscar Max Verstappen na Fórmula 3 europeia, onde ele fazia sua primeira temporada após o kart.

 

A Fórmula 1 já teve casos de pilotos que não apenas foram precoces em seu processo de chegada à categoria bem como vieram a ser campeões do mundo, casos de Jenson Button e Kimi Raikkonen, este último teve até a emissão de sua super licença questionada na época em que foi para a Sauber.

 

Esta excessiva precocidade poderia ser até considerada uma invencionice da cabeça deste colunista. Contudo, não sou uma voz solitária. O grande mago dos super carros da Red Bull, Adrian Newey, vai até mais fundo, dizendo que os principais órgãos do automobilismo deveriam impedir que pilotos em idade escolar colocassem suas “futuras carreiras” à frente dos estudos, o que, segundo Newey, é uma preocupação crescente no esporte a motor.

 

No Reino Unido, jovens de 14 anos podem participar de algumas categorias, enquanto para guiar em monopostos a idade mínima é de 15 anos, numa legislação que vai além do que a FIA prescreve, em que o piloto tem que ter 16 anos completos para competir (certamente o caro leitor lembra do que se passou no começo do ano com Pedro Piquet, que precisou abandonar uma competição na Nova Zelândia por não ter ainda 16 anos completos).

 

Eu tenho apenas uma pergunta para estas autoridades que detém o poder de autorizar estes meninos a correr, independentemente de uma regulação de faixa etária:  caso aconteça um acidente fatal onde um piloto como Max Verstappen, ainda na adolescência vier a se envolver ou mesmo for acusado de responsabilidade como foram no início da carreira Jody Scheckter e Ricardo Patrese, e no pior dos casos for a vítima, ficando inválido ou falecendo, quem vai assumir a responsabilidade?

 

Por falar em acidente, faltando 30 minutos para o encerramento das 6 horas de São Paulo, um grave acidente praticamente encerrou a prova, com o Porsche 919 #20 de Mark Webber e a Ferrari 458 #90 de Matteo Cressoni, o que praticamente encerrou a prova, tamanho a violência do acidente e o tempo necessário pra limpar a pista.

 

Acidentes deste gênero costumam acontecer nas corridas de endurance. Em Le Mans elas são ainda mais comuns, devido diferença de velocidade dos carros. Os Porsche estavam chegando no final da reta a mais de 320 Km/h, 70 a mais que os carros das categorias GT. Basta um errinho de cálculo – o que certamente aconteceu – para um toque e um acidente. Em Le Mans, este ano, Nicolas Lapierre acertou com força a Ferrari de Sam Bird, chegando a decolar!

 

Mas como aqui no Brasil tudo que existe é ruim, é o pior, etc. o acidente tomou contornos extrapolados, especialmente por ter acontecido onde aconteceu: na curva do café! Poderia ter sido em qualquer outro ponto, como o final da reta oposta ou no laranjinha, mas foi ali no café.

 

Bastou isso para ouvirmos, desde os “especialistas” até o discurso insano do pseudocomentarista do Sportv discursando contra o local. Se fosse assim, seria preciso fechar Le Mans, acabar com as corridas da F1 em Montreal ou no Albert Park na Austrália.

 

Só para constar: nosso enviado à corrida foi “babá” dos repórteres de pista do canal, que não sabiam quem era quem, não sabiam quando tentar uma aproximação a um piloto nos boxes e nem a localização das equipes nos mesmos! E nosso enviado nem profissional de jornalismo era.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 

 

Last Updated ( Thursday, 04 December 2014 11:14 )