Olá leitores! Estou de volta de minha viagem de férias, férias que nunca são perfeitas, pois sempre duram menos do que esperamos ou gostaríamos, mas deu para renovar as energias. Frequentador dos boxes de Interlagos, aproveitei e fui conhecer “the real world”, como diz a letra de uma música do Alan Jackson que ouvi certa vez (e cujo nome, como de costume, não lembro): passei rapidamente pela cidade de Ascurra (SC) para ver o Autódromo Max Mohr, onde peguei o finalzinho do treino de uma equipe que estava se preparando para a prova de abertura do Catarinense de Velocidade na Terra, que vai ser nessa pista no fim de semana de 21 e 22 de fevereiro. Não deu para entrar na pista, mas deu para perceber que o piso de terra batida é menos esburacado que algumas estradas de asfalto pelas quais passei quando estava viajando para conhecer a região de Blumenau e mesmo que algumas ruas de São Paulo... e o pessoal da equipe foi super simpático, só não me atenderam melhor pois estavam com pressa pois tinham hora para trancar e devolver as chaves do autódromo. Enfim, um outro mundo, boxes mais do que simples, a área de escape das curvas é o barranco, mas admito que fiquei com uma vontade enorme de voltar lá em um fim de semana de corrida. Vamos ver no futuro, vamos ver... Essa semana que passou tivemos treinos coletivos da Moto GP. Se existe um negócio que eu sempre vejo com dois pés atrás é treino coletivo. Primeiro pois não necessariamente todo mundo vai estar na pista com a mesma quantidade de combustível, cada um pode estar testando um componente ou uma situação diferente (e conforme passam as horas e as condições da pista e de temperatura mudam o desempenho também muda), enfim, não são situações fidedignas para se afirmar que esse ou aquele piloto vai estar em vantagem. Evidentemente os favoritos de sempre devem estar na frente, pela lógica. Então, o que se viu foi a Honda na frente, com Márquez destroçando o recorde de Sepang, depois a Ducati andando muito bem (ao menos com o veloz Iannone) e as Yamaha logo atrás. Se será essa a ordem ao final da corrida nas primeiras provas da temporada, não podemos bater o martelo, parto do princípio que a verdade será conhecida apenas no dia da primeira corrida. Antes que perguntem o motivo de eu não acreditar nesses testes pré-temporada: nos anos 80 e 90 cansei de ver a Ferrari ser a “campeã dos testes de inverno (europeu, bem entendido)” e quando chegava na hora do “vamos ver” levava uma luneta dos outros carros. Então, tenho meus motivos para ser um descrente. E já tivemos o começo da temporada de uma categoria aqui no Brasil: esse final de semana tivemos a primeira rodada dupla da F-3 Brasil, no Autódromo Internacional de Curitiba, que fica em Pinhais. Nada a estranhar, o Aeroporto Internacional de São Paulo fica em Guarulhos, mesmo caso. Na corrida do sábado vitória relativamente tranquila do Pedro Piquet, seguido por Rodrigo Baptista e Matheus Iorio. No domingo a vitória ficou com Matheus Iorio, beneficiado pelos problemas elétricos do carro do Piquet, com Artur Fortunato em segundo e Rodrigo Baptista em 3º. Próxima corrida da categoria marcada para 26/04, em Brasília (será?!?!?!?!?!?!?!?!?). Uma boa notícia foi a permanência do Augusto Farfus no DTM pela equipe RBM, que ano passado perdeu a mão mas fez um carro muito bom em 2013 e, principalmente, conhecem o jeito de trabalho do Farfus. Ele terá como companheiro o Tom Blomqvist, que apesar do sobrenome não é sueco, mas inglês, e não veio do rali, mas foi vice campeão da F-3 Européia em 2014. O mais legal aconteceu na Austrália: as 12 Horas de Bathurst. Prova de GTs, com carros de verdade na pista, não protótipos. Uma prova com muito contato físico (ao contrário dos brasileiros, os australianos não acreditam no automobilismo arte e lá corrida de carros é um esporte de contato), forçando a entrada do safety-car por 20 vezes. A última delas, por sinal, nas voltas finais, propiciou uma chegada histórica, com uma briga atroz entre 2º, 3º e 4º colocados. Aliás, a prova foi sensacional em diversos aspectos: o trio vencedor (no Nissan GTR “Godzilla” GT3) era formado por um piloto japonês de 27 anos com boa experiência na F-3 japonesa, Katsumasa Chiyo (que foi quem pilotava o carro no final da corrida), e por dois pilotos vindos do Nissan Driver GT Academy, Florian Strauss e Wolfgang Reip. Foram recrutados para esse programa pela parceria da Nissan com a Sony via PlayStation... sim, eles eram bons no Gran Turismo, receberam chance de pilotar carros de verdade, e venceram em uma das mais desafiadoras pistas da atualidade. E não se engane ao olhar na internet o traçado da pista: mesmo os trechos retos são desafiadores. Ou acham fácil pegar uma longa reta em descida, encarar uma chicane “de alta” (o pessoal passa naquele esse a mais de 150 km/h) e após isso tudo enfrentar uma curva de 90° para entrar na reta de largada/chegada? Foi também a primeira vitória da Nissan na Austrália em mais de 20 anos, e entre os 7 primeiros colocados tinham 7 marcas de carro diferentes. Vamos lá? 1º, Nissan; 2º, Aston Martin; 3º, Audi; 4º, Bentley; 5º, Mercedes; 6º, Ferrari; e 8º, Lamborghini. Com o detalhe que os 4 primeiros estavam na mesma volta. Após a última relargada a vantagem do “Godzilla” se deveu a pneus mais novos e possibilidade de usar toda a força do motor, afinal os concorrentes estavam nessas posições em estratégia de economia de combustível utilizada devido ao grande número de bandeiras amarelas (parece que estamos falando de NASCAR, mas não é). De qualquer jeito, frustação maior para a equipe do Bentley, que estava com seu mastodonte (o carro é muito grande comparado aos outros) em primeiro e terminou em 4º, embora o carro ande muito em linha reta. Tudo aquilo que o compacto Audi R8 GT3 encostava no trecho de montanha, ele abria de volta no trecho reto de descida. Espetacular. Procurem na internet o vídeo com os últimos 5 minutos de corrida, fora de série, show de roda. Até a próxima! Alexandre Bianchini
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