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Lewis: decepção, culpa e volta por cima! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 27 May 2015 10:36

Olá fãs do automobilismo,

 

Com o fuso horário da Califórnia para as corridas na Europa, estar de pé no domingo antes das 7 horas da manhã seria um suplício para muita gente... mas quando a gente ama o que faz, é um prazer sem tamanho, mesmo numa corrida normalmente previsível como o GP de Mônaco... e que parecia ser ainda mais previsível este ano depois das 20 primeiras voltas, tamanha a força com que Lewis ia se impondo volta a volta sobre Nico.

 

Com tantos pacientes na pista, é impossível não sair analisando o que vai rolar nas sessões futuras com eles, junto com as minhas conclusões ao ver as imagens sobre os destinos da corrida. Afinal, somos todos tão competentes quanto os engenheiros e estrategistas das equipes!

 

Contudo, quando vi aquela cena da equipe Mercedes se arrumando para uma parada de Box logo depois do acidente do Max Verstappen, pensei imediatamente em um furo de pneu de algum dos pilotos, mas depois pensei: ninguém passou ali depois do acidente... e nisso o Lewis entrou nos boxes.

 

Olhei o “live timing” e na volta anterior a distância era de mais de 20 segundos... era apertado... daria? Mas o carro ficou parado 4,1 segundos... muito tempo... e o resultado todos vimos: Lewis perdeu a liderança, perdeu a corrida e parecia ter perdido a noção de espaço e tempo... pensei: outra semana pesada!

 

Observei tudo após a bandeirada atentamente. Lewis estava desolado, mas continha-se de uma forma onde deixava claro seu desapontamento, sua infelicidade, mas não era deselegante com o protocolo... bem, talvez só um pouquinho quando não freou na placa com o número 3 naquela “reta” de largada.

 

A expressão de incredulidade naquela episódio dantesco na face de Lewis Hamilton diz tudo.

 

Quando ele saiu, sem estourar o champagne e seguiu em direção aos boxes, liguei imediatamente para seu celular. Logicamente ele não iria atendre, não tinha dado tempo de chegar. Seu irmão – sãs – atendeu e conversamos um pouco. Pedi que Lewis me ligasse assim que pudesse, que queria falar com ele antes da reunião com os engenheiros até mesmo antes da entrevista coletiva.

 

Sua imagem no pódio e depois na frente do pódio para a protocolar entrevista com o piloto convidado, Martin Brundle, mostrou um Lewis mais abatido do que eu esperava... aquilo me preocupou ainda mais, mas ele ligou antes de ir para a coletiva na sala de imprensa.

 

Eu disse que precisávamos do Lewis forte, do Lewis vencedor... ele agradeceu a ligação e disse que estava aborrecido, mas não furioso. Disse que ele achava ter também uma parcela de culpa e que precisava ver mais dados, ter mais informações sobre o que aconteceu naquela hora. Disse que estaria aqui na quarta-feira e que o “Lewis Forte” continuava forte.

 

Ter que ir ao pódio naquelas circunstâncias foi quase uma tortura... mas protocolos da F1 tem que ser cumpridos.

 

Mal tinha terminado a minha salada com chá verde quando Lewis chegou no consultório. Faltavam alguns minutos para as 13 horas daquela tarde e a expressão facial dele estava melhor do que a que todos viram no domingo. Contudo, nem de longe a que tinha visto ao longo de todo este ano, até mesmo depois do segundo lugar em Barcelona.

 

Despretenciosamente, perguntei: sobre o que vamos falar hoje? Consegui arrancar um sorriso! Sorrisos sempre ajudam a “despir armaduras” e Lewis parecia estar “enlatado” até o topete naquela tarde. Ele deu um suspiro forte e começou a falar sobre aquelas voltas finais do domingo.

 

Ele disse que estava monitorando a distância para Nico e disse ver a equipe se aprontar para uma parada pelo telão (nesta hora eu interrompi e perguntei – para tirar mais algumas partes da “armadura”: você está me dizendo que pilotando naquela velocidade, espremido entre as lâminas dos guard rails, você ainda consegue “assistir a corrida” pelos telões? Lewis deu uma gargalhada... e a “armadura” caiu no chão).

 

Estourar o champagne... não havia motivos, não havia vontade. Nada descia por sua garganta naquela hora.

 

Continuando, Lewis falou que sentia que havia pago um preço pela distância que tinha aberto para Nico e que achava que, talvez, com os carros todos juntos para as últimas voltas, poderia ter problemas para segurar Nico e Sebastian. Contudo, disse ter pensado que eles também deveriam ter gasto bastante seus pneus tentando alcançá-lo. Conversou com a equipe e decidiram pela entrada. Por isso ele tinha me dito ter parte da culpa naquela parada.

 

Sair dos boxes e ver a traseira do carro de Nico foi uma coisa que nem em pesadelos passava por sua cabeça. E quando ele viu que não apenas Nico, mas a Ferrari de Sebastian também estava à frente dele, foi difícil manter a concentração. Felizmente havia um tempo ainda atrás do ‘Safety Car’ para respirar, pensar direito e tentar estabelecer uma tática para buscar um quase milagre, que seria ultrapassar os dois carros à sua frente... o que não foi possível.

 

Falar o que numa entrevista onde todos viram o que aconteceu e como aconteceu? Longos minutos...

 

Já com Lewis desarmado, perguntei a ele o que se passava naquela volta depois da bandeirada... ele disse que se pudesse, nem seguia para o pódio, mas como isso poderia trazer consequências ainda piores por parte dos comissários, engoliu seco e foi até bater naquela placa, de propósito, com o número 3. Foi com se estivesse dando um chute naquele número injusto com ele.

 

Deixar claro que estava furioso, mas que faria tudo o que tivesse que ser feito também foi algo um tanto quanto pensado. Era preciso mostrar pra todo mundo que um erro grave tinha acontecido e que aquela corrida não teve “o vencedor certo”.

 

Na reunião da equipe a discussão foi dura. Paddy Lowe e James Vowles pediam mil desculpas, com a cara literalmente no chão, o que chamou atenção para Lewis foi a diferença de postura entre Toto Wolff e Niki Lauda foi total. Wolff pedia desculpas, mas acreditava que ele não se abateria com aquilo enquanto Lauda considerava inaceitável um episódio como aquele acontecer em uma equipe como a Mercedes. Lewis disse ter preferido mais ouvir do que falar, no que fez muito bem. Tanto que no dia seguinte, Niki Lauda foi bem mais polido em suas palavras.

 

A ausência de Lewis na "celebração oficial" na frente dos boxes por mais uma vitória foi contundente.

 

Assim também o foi quando me ligou na segunda-feira perguntando como estava a minha agenda... “cheia”, respondi! Ele queria saber se seus pilotos viriam à San Diego e eu disse: Lewis na quarta, Nico na sexta. Ele me pediu que cuidasse bem de Lewis, que estava preocupado e que não queria ver o que aconteceu no ano passado uma vez mais.

 

Procurei tranquilizá-lo, dizendo que mesmo antes da consulta, descartava um comportamento por parte dele como o que viu-se no ano passado. Lewis está muito mais forte psicologicamente do que mesmo Toto Wolff imagina. A expressão “pra baixo” que todos vimos nas fotos e nas imagens da TV foram uma casca, uma forma de comunicar a não aceitação daquilo que se passou. O Lewis que está vivo é o que deu a gargalhada quando falei dos telões...

 

 

O foco está para frente... e na sua frente Lewis não quer ver ninguém!

 

Não sou de fazer apostas, mas acho que ele irá rir por último novamente!

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 


Last Updated ( Wednesday, 27 May 2015 10:59 )