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O exercício da futurologia na guerra dos bilhões! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 09 July 2015 20:30

Todo mundo que tem acompanhado a Fórmula 1 nas últimas semanas já percebeu que a temporada de especulações sobre quem vai pra onde correr do quê (ou não) na categoria já começou... e com um “Cockpit Premium” em disputa, se for mesmo o caso do cozimento em fogo brando do Kimi ‘tomatodas’.

 

Até onde vai a fronteira entre a falação e a negociação para uma “dança das cadeiras”, especialmente com os pilotos mais comentados estando presos a seus contratos e com multas em jogo, ninguém entrega nem sob tortura. Contudo, há algo muito mais interessante que parece estar mesmo em jogo do que quem vai correr por onde: seria, de fato, para quem eles vão correr!

 

Dez anos atrás, quando a CVC resolveu “brincar de carrinhos” e arrematou o controle acionário da Fórmula 1 junto aos bancos JP Morgan, Lehman Brothers e Bayerische Landesbank, deixou “relativamente claro” (porque nesse mundo nada é realmente claro) que em 10 anos o investimento seria reavaliado.

 

A CVC é um fundo de investimentos e o negócio deles é ganhar dinheiro, não fazer corridas. Se eles vão ganhar dinheiro fazendo corridas, aí eles investem... pra ganhar dinheiro! A lógica é muito simples. Isso também explica porque eles deixaram como CEO da Fórmula 1 um cara que sabe como fazer dinheiro com corridas, no caso, o ‘Bom Velhinho’.

 

Acontece que de pelo menos dois anos para cá, o negócio anda perdendo em rentabilidade... além de perder em visibilidade, em competitividade e a forma como o futuro está sendo planejado tem gerado mais interrogações do que visíveis soluções. Com isso, tem gente de olho no negócio!

 

Stephen Ross pode ser a porta de entrada concreta da F1 nos EUA, mas o "modelo americano" será bom para a F1?

 

 

O jornal britânico, “The Financial Times” publicou que uma parceria entre o empresário norte americano Stephen Ross, Chairman da RSE Ventures, dono do time daquela coisa que eles chamam de futebol lá no EUA, Miami Dolphins, e o grupo de investimentos “Qatar Sports Investments”, liderado pelo homem forte do mundo dos negócios em seu país, Nasser Ghanem Al Kholaifi, estariam negociando a compra do controle acionário da Fórmula 1 por algo em torno de 7 a 8 bilhões de dólares

 

Além da equipe da NFL em Miami, Stephen Ross é presidente de um grupo de empresas coligadas, além de uma companhia internacional com mais de 20 bilhões de dólares em ativos, tendo ajudado a desenvolver o Time Warner Center, em Nova York, além de estar negociando para ter uma equipe de futebol (de verdade) na Florida, em sociedade com David Beckam.

 

Do lado árabe da sociedade, mesmo sem ter título de nobreza, Nasser Ghanem Al Kholaifi, soube como fazer negócios em seu país e em toda a região. Tem participação no grupo que controla a principal agência de notícias do mundo árabe, a Al-Jazeera, e seu grupo de investimentos está o Paris Saint Germain, o patrocínio na camisa do Barcelona e negócios envolvendo outros esportes, incluindo o projeto da copa do mundo de 2022, motivo recente de investigações e prisões de dirigentes do futebol mundial ligados à FIFA.

 

A entrada de um sócio do Qatar vai garantir o dinheiro no cofre, mas vai manter a Fórmula 1 com a sua identidade?

 

 

Ter um empresário norte americano seria uma benção para o ‘Bom Velhinho’, que tanto sonha com o mercado daquele país, mas o negociante que ele é está fazendo-se de desinteressado, afirmando que, caso seja concretizado qualquer negócio com a CVC, ele vende as suas ações (5%) também... o que eu duvido!

 

Mas se o negócio que é a Fórmula 1 anda “por linhas tortas”, perdendo interesse do público, com a audiência da televisão em queda, sem conseguir cativar as gerações mais novas, porque tem gente interessada por ele e disposta a investir verdadeiras fortunas para controlar o negócio?

 

No ano passado, uma associação entre o grupo Liberty Global e a Discovery Communications tentou comprar 49% das ações da categoria, mas não fecharam negócio. A Liberty, do magnata norte-americano John Malone, é uma operadora de TV fechada com capital de 18 bilhões de dólares, tendo atividades em 12 países na Europa e dois na América: Porto Rico e Chile.

 

John Malone já tentou "comprar" a Fórmula 1 no ano passado... e continua interessado. O negócio deve ser bom!

 

O nome de John Malone voltou a aparecer porque o jornal americano “The Times” noticiou que ele não desistiu do negócio, mas que no mesmo seguimento, deverá encontrar concorrência pesada por parte dos britânicos da Sky, que é um canal com um seguimento especializado em esportes.

 

A emissora, comandada por Jeremy Darroch, tem investido pesado na Fórmula 1, tendo criado, além do Reino Unido, na Itália e na Alemanha, canais exclusivos para a cobertura do Mundial, no sistema de pay-per-view, transmitindo todas as etapas do campeonato, contando com uma grande equipe de transmissão, com vários ex-pilotos da categoria ficando a cargo das entrevistas.

 

Talvez a britânica Sky seja a melhor entre as opções caso a CVC venda suas ações. A F1 continuaria europeia.

 

Como de bobo o ‘Bom Velhinho’ nunca teve nada, ele vai se fazer de morto, apostar em todos os cavalos desta corrida e tenham certeza: vai sair ganhando, independente do resultado! Em alguns casos, mais, em outros menos, mas ganhando, sempre! E não duvidem se ele vender seus 5% das ações... e continuar mandando em tudo!

 

Aquele que talvez fosse o “melhor dos mundos” na sua ótica de fazer corridas, seria uma vitória do grupo que tem Qatar Sports Investments como integrante... e por uma razão muito simples: o Qatar é acionista do Grupo Volkswagen, tendo 17% das ações que incluem a Audi e a Porsche.

 

Ter uma ou as duas marcas alemãs ao menos fornecendo motores para algumas equipes da categoria seria uma realização para o octogenário dirigente, que parece ter vida eterna. Diga-se de passagem, este é o desejo de Stephen Ross, que o ‘Bom Velhinho’ continue no centro do picadeiro do circo da F1.

 

O negociante mais dissimulado do mundo despista, diz que bão quer, que vai sair do negócio... e acredite quem quiser! 

 

O problema do ‘Bom Velhinho’ é que ele tem um “rabo preso” com a família real do Bahrain, onde um dos itens de contrato é o impedimento de haver mais corridas na região do Golfo Pérsico, onde já acontece o GP de encerramento da temporada, em Abu Dhabi. Teria que desatar este nó para atender o antigo desejo do Qatar em sediar também uma etapa da Fórmula 1, assim como já faz com a Moto GP.

 

Para nós (acho) o melhor é torcer para que os ingleses da Sky sejam os vencedores desta guerra dos bilhões. Talvez isso – sonho meu – consiga trazer de volta a Fórmula 1 para mais perto da sua origem, com mais corridas na Europa e em países que escreveram a história da categoria ao invés de apenas fazer comercio e ganhar dinheiro com os direitos de realização.

 

Se algo vai realmente acontecer neste intrincado mundo dos negócios ou se vai continuar tudo na mesma eu não sei... e ninguém pode afirmar nada de forma segura, mas pelo menos tira o assunto deste “nhem-nhem-nhem” de motores sem ruído e pilotos chorões pra variar um pouquinho.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva