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Não queira inventar a roda! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 25 July 2015 01:03

Olá pessoal que acompanha o site dos Nobres do Grid,

 

Quando ando de carro pelas ruas e marido está ao volante, administrar os três passageiros do banco de trás (uma tarefa cujo a complexidade é diretamente proporcional ao quadrado da distância a ser percorrida) é função de quem vai no banco ao lado. Estando sem eles ou em raros momentos de calmaria, costumo observar a forma como os outros motoristas dirigem seus carros, detalhes de alguns modelos (nem tanto estéticos, mas especialmente seu comportamento mecânico em curvas, freadas e acelerações) e também nas alterações que alguns motoristas costumam fazer em seus carros... especialmente nas rodas que parecem cada vez mais extravagantes.

 

Ao se projetar um carro, uma montadora procura calcular todos os parâmetros dos equipamentos a serem instalados naquele modelo de forma que ele fique o mais seguro possível. Um destes parâmetros é o dimensionamento da roda que será instalada em cada uma das versões lançadas.

 

Este dimensionamento leva em conta a altura que o carro vai ficar do solo, o diâmetro do aro da roda, a altura do pneu e a largura do mesmo, que determina a área de contato com terreno e a preocupação é sempre a de proporcionar a melhor dirigibilidade do veículo, na forma mais segura, com o máximo de estabilidade e aderência.

 

O Código Nacional de Trânsito de 1998 não proíbe que sejam feitas trocas das rodas dos veículos, o que era proibido pelo código anterior, datado de 1966. Contudo, quando vejo carros com rodas alteradas, com carros utilizando rodas de 17... 18... 19 polegadas eu me pergunto se elas realmente sabem o que estão fazendo.

 

 

 

Quem coloca uma roda de raio maior do que aquela calculada para o conjunto roda/pneu pelo fabricante vai estar alterando o comportamento do carro em situações de dirigibilidade que pode provocar acidentes por mau uso de um equipamento para o qual o motorista pode não estar preparado para usar.

 

Digamos que o motorista pega o seu carro, com aro 13 ou 14 polegadas e instala uma roda de liga leve “bonitona” de 17 polegadas. Eu tenho certeza absoluta que a grande maioria não faz a menor ideia do risco que pode estar assumindo.

 

Comecemos pela condição mais tranquila: um dia de sol e pista seca. Nesta situação, a direção do carro se torna mais esportiva (arisca), pois devido ao aumento da roda há mais borracha em contato com o asfalto gerando mais aderência. Contudo, isto não é necessariamente uma maravilha. Quando o veículo chega ao seu limite de aderência em uma curva ou manobra de emergência a perda de contato ocorre de forma mais rápida.

 

 

 

Parece uma contradição: se há mais contato de borracha com o asfalto, o carro vai ter mais estabilidade, certo? Sim, logicamente por gerar mais aderência, as rodas de aro maior conseguem proporcionar ao motorista que as curvas sejam feitas em velocidades mais elevadas do que com as rodas originais, mas o pneu de aro menor e com menos contato com o asfalto “avisa” o condutor quando ele está prestes a perder a aderência... “cantando”!

 

No caso dos que equipam seus carros com um aro maior, o pneu permanece mais tempo grudado no chão, porém é muito menos previsível, desgarrando em curvas fechadas sem aviso, e ai que mora o perigo. Uma roda maior realmente proporciona uma direção mais esportiva, mas para isso é necessário que o motorista também seja um condutor mais capacitado, pois em uma condição de risco o carro pode sair do seu controle mais facilmente.

 

Se no seco uma mudança no tamanho da roda do carro pode criar este tipo de problema, no molhado as complicações são ainda maiores. A probabilidade de seu carro aquaplanar é muito maior do que carros com rodas de menor diâmetro. A banda de rodagem perde contato com o asfalto em velocidade mais baixas do que com a roda original. Isto acontece porque a maior área de contato do pneu faz com que a pressão de contato da borracha com o piso seja menor. Ou seja, andar mais rápido no piso molhado vai ficar mais perigoso!

 

 

 

Alguns anos atrás a Revista Quatro Rodas fez um teste comparativo com o mesmo carro usando rodas de aro 15 e 17 polegadas. Para uma mesma condição de asfalto molhado (e as pistas de teste tem como fazer isso com grande precisão) o carro equipado com rodas aro 17 polegadas perdeu a aderência com uma determinada lâmina de água aos 78,6 km/h enquanto o mesmo carro equipado com rodas aro 15 polegadas perdeu a aderência aos 87,5 km/h.

 

Uma outra comprovação feita na pista de provas de uma fabricante de pneus disse respeito a medição de conforto. Neste teste buscou-se verificar a diferença no conforto para o motorista. Para obtenção dos dados, foi instalado um sensor de aceleração na junção entre o amortecedor e o restante da suspensão, que media a intensidade dos impactos sofridos nesses componentes. Outro sensor foi colocado no volante, para saber quanto desses impactos chegava ao motorista.

 

 

 

Os instrumentos mostraram que, com rodas de 17 polegadas, os impactos eram ligeiramente maiores do que com as de 15, mas a absorção feita por elas também era maior. Traduzindo em números, a absorção era de 6% no aro 17 contra 5% do aro 15. Contrariando a tese de que pneus com perfil de menor altura são menos confortáveis, quando comparados aos mais altos e com banda mais estreita, as rodas de aro 17 se saíram ligeiramente melhor derrubando uma “mística” de que rodas com aro maior e menor altura do pneu seria menos confortáveis. Contudo, com a péssima qualidade dos nossos pisos em estradas e nas cidades, as rodas maiores estarão sempre mais sujeitas à danos e mesmo quebras por impacto.

 

Como falei no primeiro artigo que escrevi sobre pneus em minha coluna (leia aqui) há que se ter uma série de cuidados com os pneus e com a pressão dos mesmos. No caso de uma troca por rodas maiores e pneus com perfil mais fino, a pressão do pneu deve ser igual à do original. Com pressão mais alta, a suspensão sofrerá mais e haverá desgaste irregular no pneu. Com pressão mais baixa, há aumento do consumo e da temperatura do pneu, além de maior tendência à aquaplanagem.

 

 

 

Contudo, vou acrescentar mais alguns dados sobre como entender as informações que o pneu informa e a maioria dos motoristas não dá a devida atenção.

 

Na lateral do pneu estão informados a largura do pneu e a sua altura lateral, ambas em milímetros, além do raio da roda para aquele pneu, informada em polegadas. Em seguida, tem uma outra informação que combina número e letras. Esta combinação indica o peso que aquele pneu suporta e a velocidade máxima que garante a sua segurança.

 

Uma coisa que deve ser levada em conta sobre o índice de carga é que o valor relativo à informação indicada no pneu não deve ser computada de uma forma simples de se pegar o peso do carro e dividir por quatro. Isto vai dar certo com o carro parado. Em movimento, em dadas velocidades, fazendo curvas, esta distribuição de peso pode se alterar consideravelmente e ultrapassar os limites do fabricante deve ser evitado.

 

O código Nacional de trânsito permite que se mude o tamanho das rodas de um carro. Contudo, além de alterar o comportamento do carro em termos de aderência ao se fazer esta troca, pode se alterar a altura do carro em relação ao solo, algo que é muito comum no caso dos que usam isso como questão estética. Com rodas maiores a relação final da transmissão é alterada, deixando o carro mais rápido e com rodas mais largas há diferenças no consumo do combustível e na aerodinâmica, pois aumenta a área frontal. 

 

 

 

Para trabalhar com uma maior margem de segurança, uma vez que mudando-se o diâmetro total da roda com o pneu, alguns mecanismos do veículo podem ter ser o funcionamento alterado. Ex.: velocímetro, sistema de injeção eletrônica e caixa de mudanças automática. Existe uma fórmula que estabelece um “limite” de 3% na alteração do diâmetro total do conjunto Aro/pneu, para mais ou para menos.

 

Logicamente que, se o condutor usa um veículo para práticas esportivas como corridas, drifting, rally ou enduros, o uso de pneus especiais é uma necessidade, não uma questão estética. Mas se você quer apenas “mudar o visual” do seu carro com uma roda bonita, procurar se informar sobre como seu carro vai se comportar depois da mudança pode fazer a diferença entre evitar ou não um acidente.

 

Muito axé pra todo mundo,

 

Maria da Graça