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Muito além da torre! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 05 August 2015 23:13

Caros amigos, os fatos ocorridos, e suas respectivas consequências, na última etapa da Stock Car em Curitiba ainda precisam ser revistos, analisados e ajustados se quisermos evitar problemas mais sérios que, felizmente, não aconteceram, mas que tiveram o potencial de uma tragédia.

 

Um ponto positivo precisa ser ressaltado e louvado no que aconteceu: o carro da categoria mostrou ser extremamente resistente e capaz de aguentar um impacto como aquele que vimos.

 

Dentro do carro, o banco de alta tecnologia introduzido alguns anos atrás e alvo de uma matéria aqui no nosso site (leia aqui), foi capaz de absorver o impacto que Thiago Camilo sofreu. Apesar do piloto ter informado em conversa com o nosso enviado ao autódromo que o banco quebrou com a força da batida, o mesmo cumpriu com seu papel em proteger o corpo (coluna, principalmente) do piloto.

 

A questão que precisa ser analisada com calma e profundidade diz respeito a atitude e o leque de possibilidades da direção de prova, uma releitura do conteúdo do regulamento desportivo da categoria com relação à sinalização de pista, a capacidade de comunicação entre pilotos e equipe, entre a direção de prova e as equipes e também à atitude dos pilotos na pista em caso de situação extrema de risco como foi o caso do carro lento em uma reta sem áreas de escape laterais como é o caso do AIC até o final dos boxes.

 

Revi a sequência dos fatos diversas vezes e não consigo aceitar o fato de que os alertas através da sinalização por parte dos fiscais de pista (bandeirinhas) não tenham sido suficientes para evitar um acidente que de tão evidente que era, levou-nos aqui em casa a apontar para a televisão e começar a gritar. Depois fiquei sabendo que nosso Editor Chefe fez o mesmo na sala de imprensa do autódromo. Se nós, os leigos, vimos isso, como ninguém viu da mesma forma?

 

As imagens da transmissão mostram o posto de sinalização na reta dos boxes dando “bandeira branca”, que no regulamento desportivo indica que há um carro lento na pista, conforme o Capítulo XV, Seção X, Artigo 108-2, Item V, devendo esta sinalização ser dada desde o posto de sinalização anterior... e aí nos deparamos com uma questão:

 

Enquanto o carro de Thiago Camilo percorria a reta dos boxes, antes de chegar ao posto da linha de chegada, o posto de sinalização da “curva da vitória” estava sinalizado também com “bandeira branca”? Não foi possível ver na transmissão e como o posto fica por fora da curva, após a área de escape, que é larga, com os pilotos olhando para a parte interna da curva e muito próximos uns dos outros, teriam visto a bandeira, caso a mesma estivesse lá? Caberia se buscar imagens de outras câmeras que possam mostrar se havia ou não sinalização no posto da “curva da vitória”. E como a dona dos direitos das imagens mandou tirar as mesmas do you tube, fica mais difícil ainda procurar detalhes.

 

Depois de ocorrido o acidente, assim como foi quando das mortes de alguns pilotos ao longo da história, ideias para melhorar a segurança acabam surgindo ou medidas são estabelecidas após “vê-se algo que não foi visto antes”. Uma delas poderia ser uma comunicação mais efetiva dos homens que estão na torre de controle e os chefes de equipe para que estes falassem com os pilotos ou mesmo uma “frequência de emergência” para mensagens de segurança, o que caberia perfeitamente na situação que vimos.

 

Estranha-me, contudo o chefe da equipe Voxx Racing, do piloto Felipe Fraga afirmar que as condições de corrida nos momentos que antecederam o acidente que a equipe só usa o rádio para alertar um perigo imediato, como safety car, bandeira amarela, acidente etc.

 

Tendo o piloto da equipe entrado na reta dos boxes com um grupo de carros, disputando posição, andando fora do que seria o traçado normal e nesta linha haver um carro muito lento não seria um “perigo imediato”? Segundo William Lube, não havia como saber qual a posição imediata do carro de Thiago Camilo na reta para alertar os pilotos sem que se estivesse olhando a imagem gerada pela transmissão da televisão.

 

Caso partamos desta premissa, há mais coisas erradas a serem levadas em conta e alteradas uma vez que se os pilotos não tem como ver a sinalização na pista, os chefes de equipe não conseguem ter uma visão do que está acontecendo na prova para passar informações para eles e se há como a direção de prova informar os chefes de equipe via rádio isso não é feito, não basta apenas mudar o código esportivo com relação ao tipo de sinalização a ser feita na pista.

 

Do momento em que o vídeo que encontrei na internet (veja aqui) mostrou o carro de Thiago Camilo lento na linha interna da reta até o momento em que ele foi atingido, primeiramente pelo carro de Rafael Matos, passaram-se 18 segundos. Será que este tempo não seria suficiente para se alertar os pilotos que entravam na reta de que havia um risco potencial naquele trecho? Se nós, expectadores percebemos o risco, será que ninguém dos boxes de todas as equipes que vinham com carros atrás (e eram todas, uma vez que Thiago Camilo estava na segunda posição) viu o que estava acontecendo e se comunicaram entre eles pelo rádio?

 

É importante lembrar que o Autódromo Internacional de Curitiba tem uma certificação da FIA como “Grade 3”, permitindo que ele possa receber eventos internacionais e estando, em teoria, longe de uma visão amadorística.

 

É preciso enxergar-se muito além do alto da torre de controle.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva