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O terremoto de Wolfsburg! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 30 September 2015 22:32

Caros amigos, algumas pessoas que tenham prestado atenção na minha apresentação quando eu entrei para o Site dos Nobres do Grid e como depois passei a ser o Gestor do Projeto Nobres do Grid sabem que trabalho no mercado de ações, o chamado mercado mobiliário, e nesta última semana o mercado mundial sofreu um de seus maiores abalos individuais já registrados.

 

A indústria automobilística vem usando o Diesel como combustível para veículos leves há quase três décadas. Uma das empresas que mais investiu neste seguimento tecnológico foi a Volkswagen, com a força de ser a maior vendedora de veículos no mundo, com a capacidade tecnológica altamente reconhecida da Alemanha e com um “laboratório de campo” de grande visibilidade, usando a Audi como “outdoor”, vencendo corridas como as 24 Horas de Le Mans e dominando o Campeonato Mundial de Endurance.

 

A visão industrial do mundo vem mudando, e mudando rápido. Uma das maiores preocupações dos dias de hoje é o controle de emissões de poluentes e mecanismos de controle, com equipamentos, medições e limites estabelecidos, principalmente nos países mais industrializados foram sendo criados, impostos, enrigecidos. Poluir é inaceitável. Se inevitável, que seja o mínimo possível.

 

Na semana passada a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (EPA) revelou que a Volkswagen estava burlando intencionalmente os testes de emissão de poluentes com seus carros a Diesel, fazendo uma alteração no software que indicava as medições. Nos testes, funcionava de uma forma a ser aprovado. Na prática, não cumpria seu papel e emitia mais Oxido de Nitrogênio do que o permitido. Ao todo, mais de 11 milhões de veículos em todo o mundo estão incluídos neste escândalo que provocou um verdadeiro terremoto em Wolfsburg, Sede da gigante alemã.

 

Martin Winterkorn, CEO da Volkswagen desde 2007, renunciou o cargo, assumindo a responsabilidade.  De acordo com o jornal britânico “The Guardian”, essa adulteração pode provocar a emissão de uma tonelada de gases poluentes ao ano além dos limites considerado aceitáveis. A descoberta fez com que o governo alemão abrisse uma investigação sobre a empresa, para apurar o que de fato aconteceu e punir os responsáveis pelo escândalo em uma das marcas-símbolo da Alemanha.

 

O Impacto foi imediatamente duro, como o de um devastador terremoto. Em dois dias a empresa perdeu quase 40% do seu valor de mercado, calculado pela revista “Forbes” em 126 bilhões de dólares, sendo a 67ª colocada no ranking das maiores empresas do mundo, divulgado em abril deste ano. Mais que isso, uma imagem de seriedade e credibilidade foi severamente arranhada.

 

Apesar de ter recuperado pouco menos de 8% desta perda, no momento este é um de seus menores problemas. A empresa fez um comunicado de que estaria reservando 7,2 bilhões de dólares para serem utilizados em coberturas de multas e processos. Contudo, até o momento, estima-se que – só nos Estados Unidos – os processos possam atingir a casa dos 18 bilhões, sem ainda ser considerado o que virá da parte da Comunidade Europeia.

 

No meio do esporte a motor, que costuma ser um dos primeiros a sofrer os efeitos dos cortes de custos – basta lembrar o que aconteceu em 2008, quando as montadoras debandaram da F1, WTCC e WRC – as perspectivas são temerosas. Não apenas em termos do que a marca e suas empresas associadas/subsidiárias envolvidas em competições por todo o mundo virão a sofrer, mas também em potenciais projetos futuros.

 

A Volkswagen é a tricampeã do Mundial de Rally com carros estampando seu logotipo e ainda participa fortemente com carros de sua subsidiária Tcheca, a Skoda, que é uma das forças do campeonato europeu. A Audi, tem uma supermacia nos últimos 15 anos no Mundial de Endurance, construída em grande parte correndo com carros movidos a Diesel e também tem, desde o ano passado, a Porsche. Além disso, é um dos três pilares do Campeonato Alemão de Carros de Turismo, o DTM. Além disso, no plano da FIA para fazer um “projeto de ascensão à Fórmula 1, com a padronização das categorias de Fórmula 4, 3 e 2 em todo mundo, a Volkswagen seria uma das fornecedoras de motores.

 

O grande “projeto futuro” seria justamente a entrada da marca na Fórmula 1. Martin Winterkorn era um dos entusiastas que queria fazer desta ideia uma realidade e uma parceria com a austríaca Red Bull (e a Alemanha e a Áustria tem uma relação político-cultural muito próxima) seria “o casamento dos sonhos”... e hoje é um dos pesadelos de Dietrich Mateschitz, que depois dos meses em pé de guerra com a Renault, vê-se sem motor para seus quatro carros, da Red Bull e da Toro Rosso.

 

Por outro lado, apesar de, em condições normais, um escândalo desta monta ser algo que jamais será esquecido – especialmente pela concorrência – a recuperação da reputação da marca poderia passar pela F1. Um projeto sério e bem sucedido poderia criar um ponto positivo para a gigante alemã, valendo-se da visibilidade que a categoria (ainda) tem.

 

No meio do esporte e do marketing, o efeito pode atingir, com a força de um tsunami outros seguimentos que não usam rodas, mas que sofrerão para manter-se em movimento. A Volkswagen e outras empresas do grupo patrocinam 17 equipes dentro da 1ª e 2ª divisões da Bundesliga, além da Copa da Alemanha.

 

A escala criada por Charles Richter para medição de ondas sísmicas e seus efeitos mediu, até hoje, no máximo 9,5 graus, em 1960, no Chile. Ainda levará algum tempo para calcularmos o efeito em Wolfsburg!

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva