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O verdadeiro direito de escolha! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 09 December 2015 21:33

Caros amigos, nesta última semana vimos uma enorme perturbação na (des)ordem política do nosso país, em parte por conta das regras não serem realmente claras, elucidativas e darem margem a um sem número de interpretações de desesperar qualquer jurista (estrangeiro) sério e oferecer um verdadeiro banquete de possibilidades aos locais.

 

Tenho a impressão de que algumas pessoas no meio do automobilismo, em particular na Fórmula 1, ou deve ter alguma forte ligação com estas coisas mal feitas aqui no Brasil ou vê, nestas, uma grande fonte de inspiração quando decidem fazer regras para as competições.

 

Foi também nesta última semana (a minha semana vai de uma quinta-feira a outra, apenas para deixar claro) que li no blog do James Allen, o jornalista que faz as entrevistas da Fórmula 1 depois de treinos e corridas, que uma nova regra para o uso dos pneus durante as corridas poderia vir dar uma maior emoção para as mesmas, uma vez que lançaria uma possibilidade de escolha entre três e não dois pneus para a corrida.

 

Na nota divulgada pela FIA, a Pirelli passará a entregar três compostos para pista seca ao invés de dois em cada corrida. Em toda corrida, dos 13 jogos de pneus para pista seca disponíveis para cada piloto, o fornecedor vai escolher dois e um deles precisa ser usado, ficando a critério do piloto, quais jogos ele usará. Além disso, o 13º jogo é aquele mais macio do final de semana para quem consegue chegar no Q3.

 

Caso aconteçam momentos de chuva, em que os pneus intermediários ou de chuva pesada tenham sido utilizados, cada piloto terá de usar ao menos duas entre as três especificações de pneus para pista seca e ao menos um deles deve ser o escolhido pela Pirelli caso a pista venha a secar e pneus slick sejam utilizados.

 

Parece confuso, não? Mas vamos tentar fazer um exemplo prático: Na corrida da Austrália, sem chuva, a Pirelli disponibiliza os pneus Vermelhos (Super Macio), Amarelos (Macio) e Brancos (Médio). Cada piloto poderá então escolher seus dez jogos de pneus dentre estes três compostos disponíveis.

 

Digamos que a Pirelli escolha os pneus Amarelos (Macio) e Brancos (Médio) para a corrida. Isso quer dizer que, em um dos trechos que o piloto fizer entre seus pit stops, sejam eles quantos forem, ele precisará usar um jogo de pneus Amarelos (Macio) ou Brancos (Médio), ficando os outros trechos abertos para ele usar qualquer um outro tipo de pneu. Ele pode, por exemplo, tentar fazer uma só parada e usar os pneus Brancos (Médio) ou fazer outras duas (quem sabe três) e “voar” com os pneus Vermelhos (Super Macio).

 

Caso realmente a possibilidade de escolha fosse desta forma, seria algo, no mínimo, interessante, com pilotos até mesmo dentro de uma mesma equipe podendo decidir uma mudança de estratégia para tentar algo melhor na corrida. Algo que poderia dar certo e fazer dele um “gênio” ou dar errado e ele ser rotulado como um “asno”.

 

Contudo, é claro, os idealizadores da mudança trataram de ir estragando as possibilidades com novos comunicados. O primeiro, em que enfatiza que a escolha de cada um dos competidores – individual, variando para cada piloto – precisará sem enviada para a FIA dentro de um determinado prazo estipulado e que as equipes que não repassarem a informação serão obrigadas a correr um GP com uma decisão padrão da Pirelli. Todavia, o descumprimento da tarefa não acarreta em punições nas provas.

 

Aí vem as primeiras perguntas: de quanto tempo estamos falando como sendo o “prazo estipulado”? Haverá um real sigilo nas escolhas de cada piloto dentro de suas equipes ou das equipes em relação as demais ou, depois deste prazo todas as escolhas serão expostas para que o torcedor saiba quem fez quais escolhas?

 

Triste foi ler que alguns pilotos estavam reclamando da “complicação” que vai ser escolher entre as possibilidades e “agradecendo” o fato de ter com eles um engenheiro para ajudá-los (ou na verdade, decidir)! Nestas horas, podem me chamar de saudosista, mas duvido que os pilotos que vi correr no passado como Niki Lauda, Nelson Piquet, Alain Prost, Ayrton Senna e mesmo Michael Schumacher precisassem das “muletas” de seus engenheiros para pensar e executar uma estratégia com estas variações. Os pilotos mais antigos, então, estes vibrariam!

 

Mas o maior problema será até onde, realmente, irá a possibilidade de livre escolha entre os pilotos. Digo isso baseado no que vi nas últimas voltas da corrida em Abu Dhabi, quando vi Lewis Hamilton insistir para mudar a sua estratégia de parada e tentar superar Nico Rosberg, que liderava a corrida.

 

Duas voltas antes de Hamilton fazer sua segunda parada, Sebastian Vettel, que largou nas últimas posições e fez uma estratégia diferente, colocou pneus super macios para andar mais rápido nas últimas 16 voltas, com o carro mais leve e a pista mais emborrachada e com isso superar Sergio Perez, alcançando a quarta posição. Vettel não apenas fez isso – ultrapassar o mexicano – como abriu uma enorme distância para ele.

 

Quando Lewis Hamilton parou nos boxes, para ter alguma chance de tentar tirar a diferença que ficaria para Nico Rosberg por ter retardado sua parada, sua única chance seria colocar os pneus super macios, assim como fez a Ferrari para Sebastian Vettel. Contudo, colocaram os mesmos pneus macios da estratégia de Nico Rosberg e a equipe ainda, hipocritamente, declarou que deu “todas as chances” para o bicampeão do mundo.

 

Veremos, a partir do GP da Austrália, se teremos um verdadeiro direito de escolha por parte dos pilotos ou se os mesmos serão meras marionetes nas mãos dos que ficam nos boxes com seus fones de ouvido e com poderes para decidir o destino dos que sentam nos cockpits.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

  

 

Last Updated ( Thursday, 10 December 2015 04:10 )