Olá fãs do automobilismo,

Na minha última semana de trabalho antes de ir para o Brasil rever a família e e matar a saudade da polenta que só a minha mãe sabe fazer (sou polaca e polenteira com muito orgulho), recebi no meu consultório o Felipe Massa, que finalmente trouxe o Felipinho para eu conhecer, além da Rafaela.

Mas antes de brincar um pouco com ele depois da nossa sessão e de termos saído para um jantar bem família (fui com meu marido, que não é fã de automobilismo, mas está conseguindo lidar com esta minha outra paixão desde os tempos de namoro), a sessão com Felipe teve momentos que alternaram relaxamento e tensão.

Praticamente todos os planos traçados por Felipe para a temporada de 2016 foram por água abaixo com o passar do ano de uma forma que ele, por mais que se esforçasse, não conseguiria modificar o cenário que se apresentou logo na primeira ida do carro projetado para esta temporada, o FW . ficou nítido que uma perda de terreno em relação aos concorrentes havia ocorrido.

Por mais duro que Felipe e a equipe tenham trabalhado, a equipe perdeu terreno e até os pódios (4) foram raros.

A distância para a Mercedes, que no final da temporada de 2014 parecia estar pequena ao ponto de permitir a todos na Williams sonhar com uma vitória em 2015 tornou-se um abismo. Somado a isso, o surpreendente crescimento da Ferrari deixou a equipe inglesa, inicialmente, como terceira força do campeonato. Contudo, ao longo da temporada as coisas foram se complicando.

A perda de terreno para a Red Bull e para Force Índia, esta última com o mesmo motor Mercedes que equipa as Williams desde 2014, foi apenas a constatação de que alguma coisa deu errado no projeto deste ano e que, ao longo da temporada, nem mesmo toda a sua experiência possibilitou uma recuperação diante do avanço dos concorrentes.

O que se viu desde a primeira etapa da temporada de 2016 foi Felipe tendo que ir além dos limites do carro.

Outro objetivo que Felipe tinha traçado e que também não foi conseguido era o de não terminar o ano atrás de Valtteri Bottas. Na verdade, este é um ponto polêmico e delicado que vim tendo nas sessões com Felipe desde a segunda metade do ano passado. O fato dele não admitir como “um pouco mais que incômoda” a situação de que ao longo da temporada passada e em determinados momentos nesta temporada, ele realmente passou a andar atrás do companheiro de equipe, mais prejudicaram do que ajudaram.

Felipe tem uma personalidade muito forte e, as vezes esta “personalidade forte” ultrapassa o limite do bom senso e a insistência em determinados pontos de vista, atitudes e comportamentos acabam por trazer mais consequências negativas do que positivas para ele. Contudo, talvez a limitação do equipamento para esta temporada tenha contribuído para tal postura mais reativa.

Um dos objetivos deste ano era não ficar atrás do companheiro de equipe... e isso não foi possível mais uma vez.

Quando assinou contrato com a Williams, a validade do mesmo era de três anos, com opções de ambas as partes para a renovação ou não ao final de cada temporada. O reconhecimento do bom trabalho e da capacidade de Felipe em contribuir, positivamente, para que a equipe tomasse a iniciativa de renovar seu contrato antes mesmo de começarem especulações sobre seu futuro.

Contudo, 2016 é o último ano do contrato que Felipe tem com a Williams e falar sobre futuro, ao menos hoje, com Felipe Massa, não há outro cenário que não a Fórmula 1, que não continuar na pista e tentando ainda ser campeão do mundo. Se não fosse assim, definitivamente, não seria o Felipe que há quatro anos faz terapia semanalmente (desde que a sua agenda permita) comigo.

Mesmo que em certas horas não dê pra disfarçar o desânimo, Felipe é uma pessoa muito positiva e determinada.

Uma das coisas que mais admiro em Felipe é sua positividade no sentido de acreditar que cada um dos seus projetos de vida ainda por executar irão dar certo, mais cedo ou mais tarde. É esta capacidade que certamente irá empurrá-lo para frente para, em 2016, buscar conquistar os objetivos que ele viu frustrar no decorrer deste ano e, certamente da parte dele, parar de pensar em Fórmula 1 é algo muito distante.

Beijos do meu Divã,

Catarina Soares