No passado dia 29 de abril, pelas três e meia da madrugada, sou acordado com uma mensagem mandada por um amigo meu, perguntando-me se o Michael Schumacher tinha morrido. Uma rápida passagem pelas redes sociais indicava que estava tudo calmo e lhe perguntei a razão pelo qual fazia tão estranha pergunta. Era que uma amiga dele tinha visto a notícia num site falso, algures na Net, e ele estava a desmentir tal afirmação. Este pequeno episódio é demonstrativo da ansiedade que todos ficam sempre que aparece um rumor referente ao piloto alemão. E no inicio deste mês, novos rumores sobre o seu estado de saúde e uma possível iminência da morte pulularam a Internet ao ponto de sítios sérios terem sido contaminados com essa especulação. Especialmente quando um obscuro site americano ter dado como fonte um neurocirurgião “sob anonimato”. Para adensar o mistério, Jean Todt falou uns dias depois, na Sicilia, que Schumacher “estava a enfrentar a batalha da sua vida”. Não seria nada demais, se não fosse a histeria que as redes sociais viviam naquele momento. Independentemente de tudo isso não ter passado de falsos alarmes, tão típicos da Internet, vindos de sítios sem qualquer credibilidade, nota-se que o público não se esqueceu de Michael Schumacher, dois anos e (quase) meio após o seu acidente, na estância de ski francesa de Méribel, a 30 de dezembro de 2013, quando passava o Ano Novo com os seus familiares. Schumacher, então com 44 anos, saiu de pista e embateu com a cabeça nas rochas que estavam cobertas por uma camada de neve fresca, causando-lhe um traumatismo grave na cabeça. Michael Schumacher era um grande esquiador. Extremamente rápido e habilidoso. A partir dali, o mundo ficou suspenso e ansioso para saber de noticias sobre a sua real condição. O único canal de noticias passava pela sua porta-voz, Sabine Kehm, que com o tempo, começou a espaçar mais as suas aparições e a contar novidades sobre o estado de saúde do alemão. E sem ela a falar, outros tentavam especular de outras maneiras, aparecendo até episódios rocambolescos, como a do fotógrafo que se disfarçou de padre para tentar tirar fotos de Schumacher! Dois meses e meio depois, retiraram-no do seu coma artificial, mas nunca recuperou o suficiente. Em julho de 2014, o alemão foi transferido para Genebra, e depois para a sua casa, onde é seguido por uma equipa de médicos e enfermeiros, que trabalham para ele, guardados por uma estrita clausula de confidencialidade, sob pena de processo jurídico. Com o tempo, a procura adormeceu, nada mais. Mas desde que em fevereiro, Luca de Montezemolo apareceu a público dizer que “de Schumacher, só poderemos esperar por um milagre”, a ansiedade aumentou. Mas depois deste tempo todo, o que se pode interpretar é que o alemão, mesmo com fisioterapia intensiva, não volta mais ao que era dantes. No local do acidente, as investigações desmentiram algumas das afirmativas oficiais dada à imprensa. E como estará agora? Os relatos mais consistentes referem que ele está acordado, mas não fala e só se desloca com a ajuda de uma cadeira de rodas elétrica, e comunica com os olhos. E muito provavelmente não melhorará muito. De uma certa forma é um vegetal, mas parece não estar amarrado a uma cama. Poderá viver por muitos anos, como acontece com Stephen Hawking, embora no caso do cientista britânico, ele esteja assim por causa da esclerose lateral amiotrófica que sofre há mais de 50 anos. No passado dia 11, o editor alemão do site Motorsport.com, Stefan Ziegler, afirmou à sua congénere brasileira que todo este silêncio – pelo menos nos media tradicionais – acontece por causa de um acordo de cavalheiros existente entre eles e Kehm. E explica o porquê deste silêncio: “De fato, existe uma espécie de ‘acordo de cavalheiros’ entre a imprensa, a família Schumacher e Sabine Kehm”, começou por dizer. “Por exemplo, nós apenas falamos sobre Schumacher e sua saúde quando há notícias oficiais vindas da família ou da Sabine”, continuou. O choque com a cabeça provocou sérias lesões no cérebro de Michael Schumacher. “Do outro lado, existem várias revistas e sites que relatam todo o tipo de coisa, e que na sua maioria estão totalmente incorretos ou são de mau gosto. Mas a família Schumacher tem advogados muito bons em termos de media, que trabalham nestes casos, e, geralmente, a multa por quebrar as regras da família é muito cara. Assim, muitos meios de comunicação não fazem nada por temer punição. Mas alguns fazem isso para vender mais revistas ou obter visualizações”, declarou. Apesar desta blindagem, que é respeitada pela imprensa especializada e tradicional, Ziegler comenta que esta estrita privacidade por parte da família Schumacher é algo frustrante para os meios de comunicação social. E obter de outras fontes, como por exemplo, as pessoas que conviveram com o alemão no passado (Luca de Montezemolo ou Jean Todt) não consegue oferecer informações mais precisas do que aquilo que é sabido. Ao longo de todo este processo, a assessora de imprensa, Sabine Kehm, tem sido uma guardiã fiel da família. “O problema é: Sabine e a família não partilham muita informação. Basicamente é só uma coisa ou outra ao longo do ano. Portanto, muitos 'jornalistas' fazem as suas próprias histórias infelizmente”, começou por dizer. “Como sabemos o que é verdade ou não? Fácil: nós verificamos se há uma declaração oficial da família ou de Sabine. A maioria não tem. E, geralmente, mesmo aquelas pessoas perguntadas sobre Schumacher (Jean Todt, Flavio Briatore, Luca di Montezemolo e etc), dizem algo sem realmente saber com certeza. Então, é melhor não relatar isso também”, concluiu. Em suma, os alarmes dos últimos dias podem ter sido algo infundados, mas o que demonstrou é que há muita ansiedade no ar em relação ao seu estado de saúde. E não falamos de uma pessoa qualquer, estamos a referir a alguém que venceu 91 corridas, fez 68 pole-positions e venceu sete títulos mundiais, cinco deles pela Ferrari. Apesar de todas as polémicas em que esteve envolvido, conquistou uma legião de fãs e colocou a Alemanha no mapa da Formula 1. E foi por causa dele que surgiu uma nova geração de pilotos no seu país, como Nico Rosberg e Sebastian Vettel, detentor de quatro títulos mundiais, todos conquistados pela Red Bull. Michael Schumacher segue em tratamento na sua residência. Enquanto isso, nós ficamos aguardando notícias. Resta-nos aguardar por novidades, caso hajam. E até lá, existirão muitas especulações sobre ele. Saudaçoes D’além Mar, Paulo Alexandre Teixeira
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