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Indy: 100sacional! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 09 June 2016 22:27

Olá fãs do automobilismo,

 

Escrevi esta coluna no vôo de volta de Indianápolis para San Francisco, onde fiz conexão para voltar para casa em San Diego. Estava cansada da maratona de 11 dias em Indianápolis, onde tive minha primeira experiência como enviada do Site dos Nobres do Grid para fazer uma cobertura de campo. Juro que não imaginava ser tão difícil, especialmente tendo que fazer fotos, abordagens nas pessoas e andar... andar muito para ver tudo o que era possível... sozinha! Meninos, vocês que vão aos autódromo aí no Brasil são uns heróis! Ganharam ainda mais o meu respeito.

 

De certa forma, agi como costumo fazer quando vou para o Brasil na época do GP de Fórmula 1: estabeleço uma base e de lá faço tudo, atendo meus pacientes e cuido dos outros aspectos do meu trabalho. Aqui foi diferente. Enquanto no Brasil eu não vou para o autódromo, exceto em umas visitas levada pelos pilotos, em Indianápolis eu tinha que estar dentro do autódromo. Por isso troquei a hospedagem em um B&B na estrada pelo aluguel de uma super furgão, com cama e tudo, para ficar no meio do camping da área interna do oval. A única complicação foram os banhos, que eu usava os banheiros do autódromo. O problema era ir e voltar. Estava frio para quem morou tantos anos em Cuiabá.

 

Além da pauta que meu amado chefinho Fernando passou (e que eu não consegui cumprir), eu precisava cuidar dos meus pacientes que disputariam a prova: Helinho Castroneves, Tony Kanaan, Will Power, Juan Pablo Montoya e Marco Andretti. Se as 500 Milhas de indianápolis já são por si só um evento especialíssimo na temporada da Fórmula Indy, a centésima edição da corrida era muito mais do que isso. Todos estavam excitadíssimos e motivadíssimos para tentar vencer naquele domingo.

 

 

 

A atmosfera em Indianápolis é uma coisa impressionante. Eu cheguei a tempo para a qualificação, quando eles saem um a um para tentar andar o mais rápido possível na definição do grid de largada. Todos foram unânimes em dizer que largar na frente é sempre melhor, mas não largar nas primeiras filas não é o fim do mundo numa corrida de 500 milhas. O ruim é ter um carro lento e isso era a maior preocupação entre eles, sem exceção. Especialmente por dizerem que o carro pode até não estar tão rápido no dia do treino, mas precisa estar “voando” no dia da corrida. Não consegui segurar uma brincadeira com o Helinho e dizer: ‘voando, não, né?’ Ele riu. Helinho estava ansioso.

 

Nos dias entre a qualificação e a corrida, aproveitei para visitar o famoso museu do Indianápolis Motor Speedway. Fiquei maravilhada! Acabei com a bateria da máquina de tantas fotos que tirei. Seguindo as recomendações do meu chefinho, nada de selfies, mas vou pedir para que seja colocada na matéria uma foto do carro do Jim Clark, que venceu as 500 Milhas de 1965 com uma Lotus. Desde criança ouvia meu pai falar dele e de sua morte precoce, dizendo que o Senna era como ele.

 

 

 

Nos diversos eventos que as equipes promoveram, o que eu achei mais legal foi o que a Penske fez com a homenagem para Rick Mears, vencedor de quatro edições das 500 Milhas de Indianápolis, e que teve a pintura do seu carro dos anos 80 reproduzida no carro do Helinho. Os dois posaram ara fotos e depois fui conversar com ele. Ele falou que estava torcendo para que Helinho igualasse seu feito, que adorava os brasileiros e tinha uma enorme admiração pelo Emerson Fittipaldi. Abri o site no meu tablet para ele ver que o Nobres do Grid era feito para o Emerson e sua geração. Ele ficou muito feliz em saber disso.

 

Outra lenda com quem conversei foi Mario Andretti. Marco me convidou para almoçar na quinta-feira antes da corrida e estive com Michael e também Mario e Jeff à mesa. Michael ficou me olhando por um tempo e disse que reconhecia aquela camisa preta, mas não lembrava de mim. Lembrei-o da entrevista em 2013 para meu outro chefinho, o Flavio, em São Paulo.

 

 

 

Este foi particularmente um aspecto muito interessante e que me deixou bem orgulhosa: nós somos famosos! O diretor de transmissão de TV, Kenneth Gardner, também reconheceu a nossa camisa, inclusive perguntou sobre a matéria de 2013. mostrei para ele e ele adorou! Lógico, tive que traduzir o que estava escrito, mas ele lembrar disso foi sensacional. Quem também reconheceu a camisa foi o Dr. Trammel. Na verdade, ele é que veio falar comigo com um “hello Brazil”. Na sala de Imprensa, Arni Sribhen foi de uma hospitalidade enorme, mas eu tinha pouco tempo para ficar lá. Outra pessoa que me parou foi Robert Greene. Ele estava com o Mark Milles e disse para ele que tínhamos sido nós “o site do Brasil que fez aquela reportagem enorme em São Paulo”.

 

Mas deixa eu voltar para os pilotos. Se Helinho estava bastante animado antes da largada com o aerto do carro no “carburation day”, o mesmo não podia ser dito dos seus colegas Will Power e Juan Pablo Montoya. Os dois pilotos dos carros prateados estavam bem preocupados e achavam que só teriam uma chance de vencer se tivessem uma boa estratégia, além de irem conseguindo acertar o carro ao longo da corrida.

 

 

 

Juan Pablo acertou o carro... no muro! Conversamos depois, nas garagens, e ele não escondeu o tamanho da decepção por perder a chance de vencer novamente a corrida que ele ganhou no ano passado. Caso fizesse isso, igualaria as três vitórias de Helinho e como Indianápolis é vista de forma especial, a projeção da mais uma vitória é algo diferente.

 

 

 

Já Will, que já tem uma postura bem introspectiva (neste quesito ele só perde para o Nelsinho Piquet) conversou bastante comigo antes da largada. Ele disse que mesmo saindo em uma boa posição, não sentia o carro estar bem no domingo. Era como se algo dissesse para ele que a corrida ia ser muito difícil, como foi. Depois da corrida nós conversamos um pouco, mas Will não estava para muita conversa. Pediu desculpas e disse que nos veríamos quinta-feira pela manhã, na sua sessão.

 

Tony Kanaan foi um misto de resignação e inspiração ao longo destes dias em que estive em Indianápolis. Nos treinos, ele sempre achava que “faltava alguma coisa” no acerto do carro, mas no 'carburation day' ele parecia ter achado aquilo que faltava e o que vimos durante a corrida foi seu carro azul indo muito rápido na pista... e faltou pouco para que a segunda vitória se tornasse realidade.

 

 

 

Umas duas horas depois da corrida nos sentamos e ele abriu o coração, como sempre faz nas nossas sessões, ou pelo menos eu achava que ele fazia. Fiquei chocada quando ele disse que, caso tivesse vencido esta corrida, passaria a considerar seriamente despedir-se da categoria no final da temporada. Isso ele nunca comentou comigo, mesmo porque, Tony é um dos atletas mais formidáveis que conheci. Acho que os deuses da velocidade escrevem curvas nos ovais da Indy.

 

De todos, quem mais me preocupou foi o Helinho. Ele era a imagem da confiança (como sempre) antes da prova. Saiu do 'caburation day' com a total confiança de que tinha carro para vencer... e poderia ter vencido! Tudo parecia estar trabalhando para isso, até que o Hildebrand quebrou a parte traseira do seu carro.

 

 

 

No final da prova, depois de um frustrante 11° lugar, Helinho estava furioso. Hildebrand tentou pedir desculpas, mas não teve conversa. Foi só no jantar que conversamos e ele ainda estava com cara de poucos amigos. Entre uma garfada e outra, disse que vencer não era uma certeza, mas perder a chance da forma como perdeu era algo que não dava para aceitar de bom grado. 

 

E o vencedor? Alexander Rossi fez história! Ganhou uma corrida contra todos os prognósticos. Pouca gente sabia quem ele era, mesmo sendo ele norte americano. Fez uma corrida tranqüila e só foi pra frente no final, amparado pela estratégia de sua equipe e que pareceu ir de encontro a todos os prognósticos: dos que estavam na frente nas voltas finais, ele foi o único que não entrou nos boxes. Bebeu o leite dos vencedores!

 

 

 

Fora das pistas, no camping, preciso contar isso para vocês: independente de ter ou não pauta e credenciamento, vou vir todos os anos para Indianápolis! Que festa!

 

 

 

Meu amado só pode vir na sexta-feira, ante véspera da corrida e, depois de estar ali há uma semana, eu já estava enturmada com os primeiros que chegaram. Da quarta-feira para o dia da corrida, aquele canteiro central virou um formigueiro de tanta gente. Tinha fã do país inteiro, do Canadá, do México e de outros países.

 

 

 

Fiz amizade com um pessoal que veio do estado de Washington, quase na divisa com o Canadá que simplesmente parecia não ter sono. Eles zoaram todas as noites enquanto estiveram ali. Na noite de sábado para domingo, aconteceu uma rave numa parte do canteiro central que eu fiquei por lá até umas duas da manhã. Afinal, o dia seria longo no domingo. Sinceramente, não sei se eles assistiram a corrida.

 

 

 

Mas não era só de farra que se via o pessoal acampado, mesmo os mais novos. Conheci um pessoal de New Jersey, o Bryan e a Tina Smith. Eles disseram que vinham para Indianápolis desde criança e se conheceram ali no camping. Casados há dois anos, estavam com outros dois casais (Max e Becky / Tony e Linda). Disseram que o melhor de estar ali não é a farra, mas sim a corrida. O verdadeiro “Espírito de Indianápolis” que os fez se apaixonar por corridas e que me conquistou. 

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares 
Last Updated ( Thursday, 25 May 2017 20:26 )