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Interlagos está em risco? (1ª Parte - Personalidades) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 26 September 2016 17:01

Diante de diversas notícias veiculadas na imprensa internacional e das palavras de alguns políticos da capital paulista, fomos ouvir pessoas ligadas ao automobilismo e ao Autódromo de Interlagos sobre até onde o maior autódromo do país corre risco de desaparecer.

 

Nos últimos anos o Autódromo Internacional de Interlagos vem recebendo investimentos e passando por reformas para poder atender melhor àquela que é a sua maior atração como atividade-fim: o GP Brasil de F1. Contudo, ao longo de 2016 falou-se com uma certa frequência na Europa sobre uma possível saída da etapa brasileira do calendário. Em um dos casos, isso foi dito pelo próprio Bernie Ecclestone.

 

Interlagos tem uma peculiaridade que o difere dos principais autódromos do mundo: ele está encravado no meio de uma das maiores metrópoles do mundo, tendo os seus cerca de 1 milhão de metros quadrados extremamente cobiçados pelo mercado imobiliário.

 

Caso o Brasil venha a perder sua etapa do mundial de F1, o espaço físico Interlagos conseguirá sobreviver como autódromo sem um grande evento internacional de automobilismo? Há inclusive, candidatos a prefeito dizendo que venderão o autódromo caso eleito.

 

Aldo Piedade – Proprietário da Alpie, Escola de Automobilismo que usa Interlagos.

É difícil que ele consiga sobreviver porque, infelizmente, o nosso automobilismo, o automobilismo aqui no Brasil e aqui em São Paulo não está com nada! Aqui em São Paulo, o regional e as categorias que correm no autódromo não tem apoio nenhum e a Fórmula 1 é quem tem mantido o autódromo porque é um evento que atrai público, turista, movimenta a cidade. Ela prejudica o trabalho da gente, mas por outro lado, o autódromo ainda está aí.

 

Não acredito que alguém compre Interlagos. Se alguém comprar, não vai mantê-lo como autódromo de jeito algum. Mas já investiram tanto dinheiro aí no autódromo que eu não acredito que compense vendê-lo. Quem comprar vão demolir tudo? Boxes, arquibancadas, escritórios, tudo o que foi construído? Pa demolir vai custar um grana.

 

Além do que, Interlagos é um autódromo com mais de 70 anos de existência, que tem uma história e é considerado, conhecido no mundo inteiro. Eu tenho uma esperança muito grande de que não aconteça aqui o que aconteceu no Rio de Janeiro, que foi destruído para fazerem a olimpíada.

 

Carlos Montagner – Diretor de Provas Da CBA e da FIA.

É uma pergunta complexa e muito difícil de ser respondida. Sinceramente eu não sei o que poderá vir a acontecer com Interlagos caso a Fórmula 1 não venha mais correr aqui.

 

Se acontecer este cenário, de o espaço, a área onde o autódromo está construído venha a ser vendida para a iniciativa privada e se ela der continuidade a atividade para qual Interlagos foi construído que é o automobilismo, para mim seria excelente, mas daí a isso acontecer, é tudo muito incerto.

 

O que é certo foi o que aconteceu com o autódromo do Rio de Janeiro. Que perdeu a Fórmula 1, perdeu a Fórmula Indy, depois o Mundial de Motovelocidade e apenas com o automobilismo regional e o nacional, o autódromo acabou sendo destruído para a construção do parque olímpico.

 

Este ano teremos Formula 1 em Interlagos e as reformas, as melhorias estão acontecendo e não estariam sendo feitas se não tivesse a corrida e uma perspectiva de continuidade. Se a perspectiva vai ser confirmada para os anos seguintes eu não tenho como ver isso e responder a pergunta.

 

Dener Pires – Promotor da Porsche GT3 Cup Challenge.

Eu acho que ele teria que sobreviver, porque não é só a valorização do terreno e o local onde o autódromo foi construído que precisa ser levado em consideração. Além disso, Interlagos é um local onde há uma história escrita, é um local com uma tradição e é um bem que o esporte tem e que não é por ser uma área valorizada, que pode ser utilizada de outra forma, que deve e precisa ser modificada, incorporada. Se assim o fosse, deviam pensar também em fazer isso com o Parque do Ibirapuera, que tem uma área bem maior e numa região ainda mais valorizada.

 

Seja que for eleito nas próximas eleições, havendo ou não Fórmula 1 aqui no Brasil, esta “conta” de quanto se vai ganhar de IPTU ou com a venda em si e mesmo se fosse para ter um outro autódromo em outro lugar, não podemos perder o que foi feito ali. Não se pode perder um patrimônio histórico e Interlagos também é isso: é um patrimônio esportivo e histórico.

 

A prefeitura pode encontrar diversas maneiras de viabilizar o autódromo. Tem muita gente que vive em função do autódromo e ele pode ser também um meio de se gerar ainda mais empregos diretos e indiretos, com formação de profissionais na área automotiva.

Guilherme Birello – Administrador do Autódromo de Interlagos.

Interlagos é autosuficiente. O que se faz aqui em Interlagos em termos de investimentos em manutenção e melhorias é independente da Fórmula 1. Há alguns anos o autódromo é administrado pela São Paulo Turismo, que é uma empresa de economia mista da prefeitura da cidade de São Paulo. A prefeitura já não injeta dinheiro para a manutenção do autódromo há anos e a gestão do autódromo tem como objetivo, e vem conseguindo este objetivo, trabalhar na autosuficiência.

 

Quanto a questão de venda ou não do autódromo, a venda de um equipamento público não é algo simples. Um equipamento como o Autódromo de Interlagos não passa apenas pela questão econômica. Um equipamento público é BM quando ele promove melhorias e desenvolvimento de setores para o bom funcionamento da cidade. Isso não se aplica só para o autódromo, mas para qualquer equipamento público.

 

A venda por si só, a entrega para o setor privado, faz com que haja uma perda de oportunidades por parte da prefeitura de implementar melhorias em seguimentos ligados a este equipamento e no desenvolvimento de setores que tem no autódromo seu local de trabalho.

 

Mauricio Slaviero – Diretor Executivo da VICAR.

Eu não tenho a menor dúvida de que Interlagos continuará existindo como autódromo, como praça esportiva independente da vinda ou não da Fórmula 1 para o Brasil. É preciso ver que a Fórmula 1, o evento em si, ocupa apenas uma semana do calendário esportivo do autódromo. As outras 51 semanas o espaço está aí, podendo receber diversos tipos de eventos, de automobilismo ou não.

 

Quanto a venda do autódromo caso o candidato A ou o candidato B for eleito, antes da eleição é especulação e depois da eleição, é algo que se ele levar adiante, vai ter que passar por câmara dos vereadores e outros caminhos. Eu duvido que algum prefeito faça isso, de colocar Interlagos à venda.

 

Eu também não acredito que o Brasil vá ficar sem as etapa da Fórmula 1. A corrida aqui acontece há muito tempo e tudo o que se fala e se lê na imprensa não tem nada que não possa ser resolvido e alinhado em reuniões. É tudo interesse comercial e negociável.

 

Neusa Navarro Felix – Presidente da Fórmula Truck.

Eu acho que ele tem que sobreviver. Afinal, autódromo nenhum vive só de Fórmula 1. Um autódromo tem que atender a todas as categorias e ser, prioritariamente, voltado para o esporte a motor. Sejam as corridas de motos, de carros e a nossa com caminhões. No ano passado nós não tivemos data e isso não pode acontecer de forma alguma.

 

São Paulo é uma cidade rica e o que se faz aqui no autódromo de Interlagos permite que ele sobreviva e continue a existir. Ele é um dos cartões postais da cidade, a cidade é mostrada para o Brasil inteiro quando tem uma corrida como a nossa, para o mundo inteiro quando tem a Fórmula 1.

 

Se existem candidatos a prefeitura de São Paulo dizendo que se eleitos irão vender Interlagos, estes candidatos não deveriam ser votados pelos eleitores. Como é que um candidato diz que vai vender um patrimônio como este. Que tem história, que tem cultura, que traz um retorno imenso para cidade em divulgação e arrecadação de impostos nos grandes eventos que acontecem aqui?

 

Toninho de Souza – Proprietário da Escola de Pilotagem Interlagos.

Jamais. Em primeiro lugar, o autódromo de Interlagos é um monumento do automobilismo mundial. Em segundo lugar, Interlagos é uma praça municipal, como é o Ibirapuera, e dentro desta praça municipal, existe um teatro que é o autódromo. Então alguém dizer que vão fechar o autódromo, destruir o autódromo, tudo balela!

 

Eu estou dentro de Interlagos há mais de 50 anos e conheci todos os administradores que passaram por aqui, pois usei o autódromo para a formação de pilotos, já tendo formado mais de seis mil. Tudo isso que se fala começa com um culpado: José Serra, que passou o autódromo para a gestão da SPTuris, que é um órgão de eventos, não de esporte e eles tem usado esta praça municipal para fazer eventos.

 

Depois veio seu Gilberto Kassab e manteve ou piorou esta situação. Quando se esperou que as coisas mudassem com a eleição do Fernando Haddad, o autódromo continuou nas mãos dos homens do Kassab. No dia que o Ministério Público abrir a “caixa preta” da SPTuris, vão descobrir todos os podres e onde foram parar os 160 milhões que o Haddad arrumou para reformar o autódromo, que devia estar pronto no final do ano passado, e continua em obras.

 

Interlagos tem um custo anual de cerca de 6 milhões de reais e quanto ele arrecada. O Lolapaloosa deixou 900 mil. A Stock deixa 300, outro show deixou 500. É fácil levantar este dinheiro com os eventos que fazem aqui e além disso tem o tanto de impostos que se ganha com estes eventos. Agora eu, há 3 anos que não consigo dar aulas aqui.

 

Quero ver, pago pra ver alguém comprar isso aqui. Primeiro que não se pode vender um parque municipal. Se for o caso, vai ser uma concessão e quem vai querer isso aqui como negócio? Eu pago de IPTU no meu galpão, que tem 1000 metros quadrados 38 mil reais. Interlagos tem 1 milhão de metros quadrados. Quem arrendar vai pagar quanto de IPTU. Não vai acontecer! O correto é devolver Interlagos para a secretaria municipal de esportes.

 

Wilson Fittipaldi Jr. – Nobre do Grid.

Infelizmente eu não acredito que Interlagos vá continuar sendo um autódromo caso a Fórmula 1 deixe de vir para o Brasil. A melhor das hipóteses será ele se tornar um parque como é o Ibirapuera. Um local de lazer para as pessoas que moram aqui na região, como já é nos dias de hoje quando não tem corrida.

 

É claro que com a especulação imobiliária, caso não haja mais este evento de relevância, vai haver muito interesse em se ocupar esta área, mas não creio que algo vá acontecer no curto prazo. De início, a ocupação seria como um parque, mas com o tempo, é possível que venham as construções.

 

Caso o prefeito eleito leve adiante a ideia de vender o autódromo, não resta dúvida de que quem comprar não vai deixar isso aqui como autódromo, que ele vai transformar tudo isso em condomínios. A gente precisa fazer com que isso não aconteça.

 

Zeca Giaffone – Fundador e proprietário da JL.

Eu acho que ele sobrevive, dim. Durante este período de obras, o automobilismo paulista sofreu muito com o fato do autódromo não ficar disponível para treinos e competições por longos períodos.

 

Como bem foi colocado, o autódromo recebei investimentos muito grandes para se modernizar e se adequar às exigências da Fórmula 1 e, depois de cumpridas estas exigências, não faria nenhum sentido o evento, a corrida, sair do Brasil e muito menos se deixar de lado tudo o que aqui foi investido. Não acredito que a Fórmula 1 saia do Brasil e de Interlagos.

 

Em todo caso, não devemos deixar de considerar o risco que Interlagos corre com a especulação imobiliária e os interesses nesta área são muito grandes e tem este interesse vez por outra aparecendo com mais força, com esta época de eleições e candidatos falando sobre venda, mas no fim de tudo, não acho que venham a destruir Interlagos, pelo menos no curto prazo. No futuro, acho que será inevitável. É hora de se pensar em construir um autódromo novo, não muito longe, a uns 50/60 Km daqui

 

Zeca Monteiro – 3º Vice-Presidente da CBA.

Eu acredito que sim. O automobilismo brasileiro é forte o suficiente para que Interlagos continue sendo o grande palco de corridas do país. Agora, é preciso que haja um bom entendimento com a prefeitura da cidade de São Paulo, que é responsável pela área e por manter toda a estrutura que existe lá, algo que não é barato.

 

Além disso, um autódromo com a qualidade de Interlagos, tem perfeitas condições para receber outras categorias internacionais, além da Fórmula 1, como já recebeu até bem pouco tempo e que pode voltar a receber se for feito um bom trabalho de negociação com os promotores dessas categorias.

 

Quanto a questão política, é preciso que nós que trabalhamos para o automobilismo do país façamos com que este tipo de decisão, como aconteceu no Rio de Janeiro, de se destruir um autódromo, seja para o que for, não volte a acontecer.

 

As entidades todas, CBA, Federações, Clubes, Associações de Pilotos precisam unir forças para evitar que aconteça em São Paulo o que aconteceu no Rio de Janeiro. Espero que nenhum desses candidatos vença a eleição e que consigamos manter a Fórmula 1 por muitos anos aqui em Interlagos, que é um cartão de visita  para a cidade, para o automobilismo e que alimenta o sonho de praticamente todos os meninos que começam no kart.


Last Updated ( Monday, 26 September 2016 17:19 )