No retorno da Formula 3 Britânica, mais uma vez um brasileiro cravou seu nome na história. O gaúcho Matheus Leist confirmou o título com uma vitória e duas corridas no top-5, na rodada tripla que derradeira do campeonato. Leist é o 13º piloto brasileiro a conquistar a F-3 Inglesa. Matheus se junto a lendas do automobilismo do país, como Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi. Dos 12 vencedores brasileiros antes de Leist, 10 chegaram à Fórmula-1. "Estou muito contente com esse título. Ele vai para a minha família, para a cidade de Novo Hamburgo e todos que me apoiam nessa difícil missão que é representar o Brasil na Europa. Foi uma conquista muito difícil, mas sei que foi muito merecida e esse é um grande passo para continuar subindo na minha carreira, que ainda está no começo" disse Leist. O campeonato veio com uma recuperação na rodada tripla, já que Leist chegou para etapa final com 15 pontos de desvantagem para o britânico Ricky Collard. O rival, porém, não conseguiu figurar entre os cinco primeiros em nenhuma das três provas e foi ultrapassado na classificação final. É verdade que a F-3 na Inglaterra não ostenta o mesmo status de outrora, no início dos anos 1980 com Senna, uma época em que a futura lenda da F-1 já chamava a atenção de especialistas com apresentações antológicas em circuitos como Silverstone (apelidada de Silvastone em alusão ao último sobrenome de Ayrton) ou Brand Hatch. Atualmente, outras competições são apontadas como a antessala da principal categoria do automobilismo mundial, como GP3, GP2 e World Series (atualmente denominada Formula V8 3.5 Series, após a saída da Renault como parceira). Mas ainda assim a F-3 é considerada uma respeitada escala na formação de pilotos. E, nela, Matheus passou com louvor no teste das pistas: em 2016, guiando o #26 da Double R Racing, conquistou quatro vitórias e subiu 11 vezes ao pódio, em 24 provas realizadas na temporada. Equipe comemorando título de Matheus Leist. Foto: Divulgação O título conquistado em autódromos europeus é o ponto alto de uma trajetória iniciada em uma despretensiosa brincadeira. Em 2006. Matheus e o irmão Arthur, três anos mais novo, foram levados pelo pai, Tobias Leist, a uma escolinha de kart em Tarumã. Empresário do setor calçadista e aficionado por carros, Tobias queria proporcionar aos filhos uma experiência que não teve a oportunidade de vivenciar na infância. Aos sete anos, o primogênito não demorou para despertar a atenção. Aliás, o irmão, Arthur, conquistou uma vaga para a decisão da Seletiva de Kart Petrobrás deste ano. A vaga veio na seletiva realizada em Interlagos (24/09). "Promoveram uma prova, e o Matheus se destacou, chegando em segundo lugar. Depois, começou a disputar corridas em São Paulo. Em um grid com 40 carros, sempre ficava entre os primeiros" lembra Tobias. O pai destaca que o automobilismo começou a ser levado a sério pela família quando Matheus ganhou vaga na mesma seletiva no qual o irmão estará disputando neste ano. Há dois anos. A premiação incluía uma visita à sede da Williams, na Inglaterra, e testes na Fórmula Renault, em Jerez de la Frontera, na Espanha. Sem nunca ter acelerado em um monoposto da categoria, o adolescente cravou voltas mais rápidas do que os pilotos oficiais da escuderia. Matheus, Arthur e Tobias Leist, na época de Matheus no kart. Foto: Mauricio Villela "Matheus tem talento e mentalidade de vencedor. Na minha avaliação, é o piloto júnior com mais potencial para chegar à Fórmula-1" aposta Dirani, com a experiência de quem atravessou o Atlântico para disputar um espaço no competitivo automobilismo europeu. O que era um sonho de já é vislumbrado por Matheus como um possibilidade real. Em um prazo de três anos, no máximo, ele quer dividir o mesmo grid de campeões como o inglês Lewis Hamilton e o alemão Sebastian Vettel ou revelações como Max Verstappen, o holandês da mesma geração do gaúcho. "Seria precoce dizer que posso chegar à Fórmula-1 em 2018. Mas tudo depende dos meus resultados no ano que vem" acredita Matheus. Para 2017, o piloto negocia um lugar no grid da GP3, o próximo passo rumo à sonhada vaga na F-1. Enquanto isso, outro brasileiro segue seu sonho, rumo a Indy. Victor Franzoni, 20 anos, bicampeão brasileiro e três vezes campeão da Copa Brasil de kart, foi um dos principais destaques da última etapa da USF2000 em Laguna Seca. O brasileiro venceu as duas provas da rodada, porém, não foram suficientes para realizar o sonho de conquistar o título da competição. Victor Franzoni em umas das vitórias em Laguna Seca. Foto: Divulgação Victor mostrou excelente desempenho no final de semana, começando pela conquista da pole position, sua primeira na atual temporada. Franzoni manteve-se na liderança após a largada da primeira corrida e nunca foi ameaçado por seus adversários. Cerca de um segundo mais rápido que os principais concorrentes, o piloto da ArmsUp Motorsport encerrou a prova 1 com quase 13 segundos de vantagem sobre o 2º colocado. Barba, cabelo e bigode. Na segunda prova, novamente partindo da posição de honra, Franzoni dominou mais uma vez, agora estabelecendo uma diferença superior a 10 segundos para seu mais próximo adversário. Assim, o nosso representante tupiniquim somou 66 pontos em um final de semana perfeito e finalizou o campeonato com o 3º lugar. “Fiz uma bela temporada, e isto me rendeu alguns bons convites para 2017, tanto na Pro Mazda quanto na Indy Lights, a um preço bastante razoável”, fala Victor Franzoni, referindo-se às duas categorias acima da USF2000. “Mas, ainda assim, é um valor considerável para mim e para fecharmos contrato para 2017 dependo de conseguirmos fechar com patrocinadores. Estamos em busca deles e espero que dê tudo certo”, finalizou o brasileiro. André Negrão conduzindo o #17 na Indy Lights. Foto: Divulgação Outro brazuca a encerrar participação em campeonato nos Estados Unidos foi André Negrão. Após 4 pódios em sequência na Indy Lights (2° em Toronto e Mid-Ohio, 3° em Mid-Ohio e Watkins Glen), Negrão vinha em grande expectativa para fechar o ano com mais pódios. Os resultados esperados não vieram, porém o brasileiro finalizou as duas provas em Laguna Seca dentro do top-10, sendo 9° na primeira e 6° na segunda, somando pontos que o permitiu terminar o campeonato na sétima posição, após início de ano irregular quanto a resultados. Sendo seu primeiro ano nos monopostos da América do Norte, André Negrão conquistou 5 pódios, 6 top-5 e 13 top-10 em 18 provas disputadas, com o #17 da Schmidt Peterson Motorsports. Que venha 2017 e tenhamos estes e mais brasileiros na "Road to Indy", fazendo bonito como o Matheus Leist em terras britânicas neste ano. Saudações, agora em São Paulo, Fabiano Esteves
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