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Eu já sabia PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 10 February 2017 19:59

“Eu já sabia!” Todo mundo que assiste um jogo de futebol na televisão, especialmente no caso das finais de campeonatos, o diretor de imagem da transmissão sempre acha uma pessoa segurando um cartaz de cartolina com essa frase... como se ele soubesse mesmo. Só que tem vezes que a coisa é tão óbvia que nem precisa de cartaz com frase pra gente repetir que já sabia.

 

A quarta-feira de cinzas do meu enredo aconteceu no dia 1º de fevereiro e não no 1º de março como está marcado no calendário de 2017, mas foi só a constatação do que todos nós, com um mínimo de bom senso, desde que o presidente do Comitê Olímpico Internacional – Jacques Rogge – abriu aquele envelope e falou com aquele sotaque gringo “Rio de Janeiro”!

 

Foi aquela comemoração generalizada... menos no meio do automobilismo. A vitória do Rio de Janeiro para sediar os jogos de 2016, era evidente que o Autódromo Internacional Nelson Piquet estava condenado a morte, apesar dos dois presidentes da CBA, Paulo Scaglione e Cleyton Pinteiro terem usado de todas as ferramentas legais para que o autódromo não fosse destruído ou que, na destruição inevitável, outro fosse construído em seu lugar.

 

Olha a cara dos sorridentes brasileiros comemorando a conquista das olimpíadas e paralimpiadas de 2016...

 

Como estamos no Brasil e em especial, tratando-se de Rio de Janeiro, estava na cara de qualquer um que não ia sair autódromo coisa nenhuma e que a politicagem, somada a hipocrisia iriam transformar aquela penísula do bairro de Jacarepaguá em um grande empreendimento imobiliário onde iriam enterrar bilhões de dólares, reais, euros, ou qualquer moeda em obras superfaturadas, pagamentos de propinas, serviços temporários e que, no fim, tudo iria ruir como um castelo de cartas para dar lugar a um monte de prédios bacanas de escritórios e condomínios residenciais no agora prolongamento do bairro da Barra da Tijuca, que tem um IPTU por metro quadrado três vezes maior que o de Jacarepaguá.

 

A coisa era tão evidente que mesmo antes das obras terminadas, o ralo por onde o dinheiro escoava sem controle era notícia no mundo inteiro. O jornal britânico Financial Times, alertou no final do ano de 2015 que o orçamento para as Olimpíadas 2016 havia excedido em 51% o valor orçado, custando cerca de 1,6 bilhões de dólares a mais que o esperado.

 

Estes, os cariocas, aqueles que falavam que "carioca não gosta de corrida" irmanaram-se para os jogos.

 

A reportagem do Financial Times foi baseada em um estudo realizado pela Oxford University analisou que, apesar da pior recessão da história do país, que já durava mais de um ano, um quadro bastante diferente dos anos do país candidato à sede dos jogos, que a organização para os jogos olímpicos custariam 4,6 bilhões de dólares. Com os novos aportes, bancados pelo governo federal, a cifra passava dos 6 bilhões de dólares.

 

As conclusões do estudo, de acordo com o texto do Financial Times, foram – logicamente – negadas pelo comitê organizador da Rio 2016, pelo prefeito da cidade – Eduardo Paes – e pelo governador do estado – Luiz Fernando de Souza, vulgo ‘Pezão’ – e também pelo seu antecessor, o ex-governador Sergio Cabral. Na esfera federal, o governo rechaçava as afirmações de que o Brasil está enfrentando várias crises em sua política e economia. 

 

No projeto, o que seria o "legado", com o fim do autódromo e a perspectiva de exploraçãoimobiliária da área.

 

A grande promessa é que a maior parte dos investimentos seriam custeados por financiamento privado. A comissão organizadora da Rio 2016, liderada pelo próprio presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, insistia em dizer que o “orçamento foi equilibrado” e que haveria cortes em caso de necessidades. Queixoso, disse que os estudos que apontavam o superfaturamento era uma especulação para promover uma publicidade negativa.

 

Mas vamos falar do autódromo... heim? Que autódromo? Sempre que podia, o presidente da FAERJ, Djalma Faria Neves, que em entrevista para o nosso site afirmou que “nunca iriam destruir o autódromo”, que a olimpíada nunca viria para o Brasil. Depois, dizia que iriam construir um autódromo para levar a Fórmula 1 de volta para o Rio de Janeiro e há anos que deixou de haver o regional de carros de turismo, que chegou a anunciar que correria no autódromo de Santa Luzia, na grande Belo Horizonte, em 2013.

 

Presidente há décadas da FAERJ, Djalma Neves dizia não acreditar que o autódromo acabaria... oh, coitado!

 

Mas ainda viria coisa pior. Faltando menos de dois meses do início das Olimpíadas, o Rio de Janeiro decretou estado de calamidade pública, uma espécie de reconhecimento legal de uma situação anormal, normalmente provocada por desastres que causam sérios danos à comunidade afetada. O principal objetivo desse decreto foi justamente conseguir mais empréstimos para a conclusão de obras e pagamento de serviços ligados aos Jogos Olímpicos.

 

Manobra política para destravar novos empréstimos para o Estado, que estava com os repasses bloqueados desde maio do ano passado, quando o Rio de Janeiro não pagou sua dívida com a Agência Francesa de Desenvolvimento. Além disso, o decreto abriu a possibilidade de execução de medidas excepcionais sem autorização do Legislativo, como realocação de verbas e cortes de serviços para priorização de outras áreas. Tudo que um político pediu a Deus.

 

Os jogos era para ser custeados pela iniciativa privada... adivinha quem pagou a conta? O Rio de Janeiro faliu!

 

Os jogos foram bonitos, teve emoção, teve a Regina Casé (ECA), teve menos medalhas do que sonharam os dirigentes, teve o ouro do futebol (finalmente) e depois de algumas semanas teve também a paralimpíada, onde ganhamos mais medalhas e com preços camaradas para os ingressos, mascarou-se por mais algum tempo o que veríamos acontecer algum tempo depois.

 

Passaram os jogos, vieram as eleições municipais e a bomba relógio explodiu no colo do prefeito eleito (Marcelo Crivela), quando o prefeito que encerrava o mandato informou, em tom choroso, que nenhum consorcio se interessou em administrar as arenas construídas no parque olímpico e que o município e muito menos o estado – ambos quebrados – não tinham como dar sequer a manutenção dos ginásios, piscinas, velódromo, quadras de tênis... ah, mais isso a gente já sabia!

 

Já para 2018, havia planos de ter alguns empreendimento já construídos...  até agora, nem um tijolo assentado.

 

 

Assim como também sabíamos que havia um plano para fazer daquela área um polo de comércio a valores exorbitantes do metro quadrado para a construção de condomínios empresariais e residenciais. Haviam projeções de como ficaria a área e sua ocupação até 2030... só esqueceram de “combinar com os russos”, como diria Mané Garrincha. A crise generalizada fez o país meter o pé no freio e como bem chamávamos, o “parque dos elefantes brancos”.

 

Depois de ficar fechado por meses, desde o fim das paralimpíadas, reaberto agora no final de janeiro, diversos veículos de comunicação foram até o local e mostraram o retrato do abandono que é o “parque olímpico” e de como nosso suado dinheiro de trabalhador que paga os impostos, que não tem doleiro nem conta na Suiça pra esconder fortuna foi jogado fora. Quando venderem tudo e aquele lugar se tornar uma selva de edifícios, o dinheiro não voltará para os bolsos do povo, podem ter certeza.

 

Em recente reportagem na televisão, tivemos uma pequena ideia do tamanho do abandono... cadê você, Nuzman?

 

Das nove instalações que compõem o Parque Olímpico, a promessa inicial é que sete seriam mantidas após os Jogos, incluindo ainda a Arena Rio, o Parque Aquático Maria Lenk, as Arenas 1 e 2 e o Centro de Tênis. No entanto, isso ainda está indefinido.

 

O Velódromo, a princípio, seria desmontado, mas seu destino continua incerto. Essa dúvida é extensiva à construção de uma pista de atletismo de padrão internacional, duas quadras de vôlei de praia e um alojamento para atletas de alto rendimento e de base. Essas benfeitorias para o parque constavam da cartilha do legado olímpico. Mas, até agora, nada foi feito... e eu duvido que seja!

 

Como sonhar não custa nada, que tal uma pista com 3 opções de traçado no sentido antihorário?

 

Mas fazendo um exercício de gente desocupada – afinal, sonhar não custa nada – vendo algumas fotos e imagens aéreas, bem que podiam usar uma parte das coisas que já estão lá e fazer um autódromo aproveitando as vias de movimentação que tem entre os elefantes brancos... tipo o que fizeram em Sochi, na Russia, mas com os pés no chão, sem os devaneios do presidente da FAERJ, um autódromo para termos competições nacionais e regionais, para fazer renascer o automobilismo de pista do estado, que ainda conta com alguns bons kartódromos fora da capital.

 

Com um bom planejamento, com testes para as montadoras e concessionárias do estado e da capital, com cursos, treinos, track days e eventos corporativos além das corridas, dava pra fazer render mais dinheiro do que aquela reedição da final do vôlei de praia que passou na televisão onde a quadra do tênis, onde eles jogaram, estava praticamente vazia.

 

Ou um projeto mais simples, com a pista no sentido Horário? Melhor do que continuar sonhando com Deodoro...

 

Bem que a gente podia ter esperança de não ver mais esse tipo de coisa acontecer aqui no Brasil, mas podem ter certeza que ainda insistiremos no erro e veremos mais derrames de dinheiro público em projetos fadados ao abandono. E olha que nem falei do Maracanã, do maracanazinho e outras barbaridades olímpicas

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva