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Domingo de extremos PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 26 March 2017 23:25

Olá leitores!

 

Após um longo período de espera e testes de inverno europeu que serviram para experimentos e não necessariamente mostrar o potencial dos novos carros, enfim começou a temporada 2017 da F-1. Confirmou-se a expectativa de poucas ultrapassagens, afinal quando se privilegia a aderência obtida pela aerodinâmica ao invés daquela obtida pelo conjunto mecânico você não consegue fazer a curva que antecede a reta junto o suficiente do carro adiante para pegar o vácuo e completar a manobra. No entanto, já não foi o domínio de uma única equipe, haja vista que Mercedes e Ferrari duelaram bastante durante o final de semana todo. Eu esperava mais da Red Bull, mas definitivamente não estavam em um final de semana inspirado.

 

Vitória de Sebastian Vettel, sua primeira desde Cingapura/2015, e a primeira vez desde 2012 que um piloto da Ferrari lidera a tabela de pontuação do campeonato. Vettel largou bem, manteve-se perto de Hamilton a uma distância que não desgastasse muito os pneus mas que pudesse ter o inglês em sua “alça de mira”, e quando Lewis entrou para fazer a troca de pneus ele permaneceu na pista por mais 7 voltas, abrindo a vantagem necessária para retornar à frente do adversário, que nessa primeira volta após a troca ainda tentou pressionar o alemão, mas depois Vettel começou a abrir vantagem e terminou a prova quase 10 segundos à frente do atual vice campeão. Grande pilotagem, que dessa vez não foi prejudicada por uma estratégia equivocada nos boxes (milagre, em se tratando de Ferrari pós Schumacher...) e portanto pôde ser 100% efetiva. Seu companheiro Kimi Räikkönen (4º) sofreu no começo da corrida com os pneus ultramacios, e quando fez a parada para troca de pneus e colocou os macios (os mais duros disponíveis nessa etapa) o carro melhorou sensivelmente, mas nesse momento já era tarde para conseguir se aproximar do 3º colocado. Estava nitidamente decepcionado ao final da corrida.

 

Em 2º chegou Lewis Hamilton, que não fez questão de esconder o sorriso amarelo no pódio. Com alguns motivos: foi o mais rápido na classificação, largou muito bem, mas pode ter parado muito cedo para trocar os pneus e pagou o preço dessa estratégia da equipe. O “piti” do Toto Wolff ao perceber que ele tinha retornado atrás do Vettel foi muito divertido de assistir na TV. Menos para os torcedores do Hamilton, claro. Seu companheiro Valtteri Bottas (3º) fez uma boa estreia na equipe, terminou a prova próximo do badalado Hamilton, mas aproveitou para cobrar da equipe trabalho para fazer o carro voltar a ser mais rápido que as Ferrari como era no passado recente.

 

Em 5º chegou Max Verstappen, que demonstrou que em ritmo de corrida o carro da Red Bull possui ritmo melhor que em classificação, inclusive no final da corrida estava com ritmo semelhante ao de Räikkönen. Nitidamente falta alguma cavalaria no motor, mas isso deve ser resolvido no decorrer da temporada – e deve ser um complicador razoável para a próxima etapa, já que o autódromo de Xangai tem quase 1,5 km de reta principal... Seu companheiro Daniel Ricciardo (17º) estava em um daqueles dias em que rigorosamente nada deu certo: pane no carro na volta de instalação, recolhido aos boxes, a equipe conseguiu consertar e o colocar na pista com uma volta de atraso, mas no meio da prova os problemas voltaram e ele acabou abandonando. Um final de semana para esquecer, já que acabou batendo na classificação.

 

Em 6º lugar chegou Felipe Massa, feliz com um carro que atende melhor ao se estilo de pilotagem e contente com o próprio desempenho na prova, afinal o alvo dele era ficar à frente das Force India (e fazendo um parêntese, na TV o tom de rosa adotado pelo novo patrocinador dos indianos, muito semelhante ao do uniforme 2 da Juventus de Turim, ficou muito bom.) e do Grosjean (que fez uma classificação surpreendente, mas certamente seria mais lento que o Williams), e isso ele conseguiu. Arrancou do carro tudo o que podia. Seu companheiro Lance Stroll (16º), em sua estreia na categoria, até que não foi mal. Melhorou bastante dos treinos de pré temporada para cá, deve ter passado muito e muito tempo no simulador de última geração que seu papai doou para a Williams... abandonou com problema no freio.

 

Em 7º chegou Sérgio Pérez, outro que extraiu do carro tudo o que era possível. Participou de uma disputa interessante com Kvyat e Sainz Jr., um dos poucos momentos empolgantes da corrida. Seu companheiro Esteban Ocon (10º) marcou seu primeiro ponto na F-1 fazendo uma bela ultrapassagem sobre Fernando Alonso, até surpreendente para esse vosso escriba. Pode ser que o alinhamento planetário estivesse favorável para ele...

 

Em 8º e 9º chegou a dupla da Toro Rosso (talvez a mais bela pintura de carro desse começo de temporada), respectivamente Carlos Sainz Jr. e Daniil Kvyat. Sainz terminou a corrida pressionando Pérez, após sofrer um bocado com o tráfego no meio da prova, e Kvyat teve o azar de precisar parar para troca de pneus no final da corrida, pois poderia tranquilamente ter finalizado a prova em 7º. Boa corrida para ambos.

 

Agora é ver o que esses novos carros farão em uma pista de verdade daqui a duas semanas na China. Estou curioso...

 

Também tivemos a abertura da temporada de MotoGP, com o GP do Qatar. No sábado aconteceu algo interessante: é sabido que chuvas não fazem parte do cotidiano do país, e talvez por isso na hora de construir a pista o quesito “drenagem” deve ter sido negligenciado... pois justo no intervalo entre os treinos livres e o treino classificatório veio uma chuva que alagou a pista e inviabilizou a sessão de classificação, sendo a ordem de largada determinada pela média dos tempos dos treinos livres. Já na corrida (também adiada por obra de São Pedro), vitória merecida do garoto (22 anos) “Maveco” Maverick Viñales, que no final da prova suportou com galhardia a pressão de Andrea Dovizioso, favorecido pela velocidade final da Ducati na enorme reta dos boxes da pista (sem brincadeira, se não fosse o prédio dos boxes daria para pousar um 737 ali, de tão longa que é a reta), e se tornou o segundo mais jovem piloto a vencer na categoria principal da motovelocidade por duas marcas diferentes. Perdeu algumas posições após a largada, mas se recuperou, chegou ao segundo lugar, disputou posição com Dovizioso, ganhou e venceu com o italiano bufando em seus calcanhares. A grande surpresa do começo da prova foi a liderança do Johann Zarco, com uma Yamaha da equipe privada Tech3, mas como sonho de pobre acaba logo ele caiu na sexta volta e abandonou a corrida. Márquez começou bem a prova, mas a partir da metade perdeu rendimento e teve de se contentar com um 4º lugar. Entre Dovizioso em 2º e Márquez em 4º chegou Valentino Rossi em 3º, no pódio mas sem a menor condição de disputar a liderança, apenas ficou assistindo a briga de camarote. O baú sem alça do Jorge Lorenzo, em sua corrida de estreia pela Ducati, terminou 20 segundos atrás do companheiro de equipe Dovi, em um modesto 11º lugar, com a Ducati privada de Loris Baz quase grudada em sua rabeta...

 

E na NASCAR o grande nome do final de semana foi Kyle Larson: venceu a prova da Xfinity Series no sábado e, não contente com isso, venceu também a da Monster Cup no domingo, protagonizando a famosa “varrida”, a primeira do ano. Impressionante como o carro do Chip Ganassi melhorou recentemente, aparentemente ele se lembrou que não tem apenas a equipe de Indy e resolveu dar um pouco de atenção também para a NASCAR, tanto que o carro #42 em 4 corridas possui 3 segundos lugares e agora essa vitória. Larson é o único piloto até esse momento do campeonato que esteve no Top 10 tanto nas bandeirada final como também nas bandeiradas dos segmentos, o que faz com que ele seja o atual líder na pontuação do campeonato e tenha importantes pontos de Chase acumulados. Confesso estar surpreso. O primeiro segmento foi vencido pelo Larson, enquanto o segundo foi pelo MartinTruex Jr., outro que estava com o carro muito bem acertado para a ondulada pista californiana. No final da corrida brilhou a estrela de Brad Keselowski, que veio galgando posições a corrida toda e terminou a corrida com um excelente 2º lugar. Clint Bowyer fez renascer o carro #14 e garantiu um grande 3º lugar para a Stewart-Haas, enquanto Martin Truex Jr. teve de se contentar com um 4º lugar. Fechando o Top 5 chegou Joey Logano, outro que se aproveitou das bandeiras amarelas para galgar posições – aliás, acho que ele deve um jantar para o Corey LaJoie, uma verdadeira usina de bandeiras amarelas. Espero que ele não faça a temporada toda...

 

Encerrando essa coluna, é com pesar que comunico a morte nesse domingo, aos 64 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos, de Alfredo “Guaraná” Menezes. Um dos grandes nomes do automobilismo brasileiros dos anos 70, participou da equipe brasileira que alugou um Porsche de uma equipe francesa e correu nas 24 Horas de Le Mans de 1978 (os pilotos eram ele, Paulão Gomes e Marinho Amaral). Minhas condolências a todos os amigos e familiares, ele era um dos pilotos que eu admirava na minha infância. Felizmente tive a oportunidade de tirar uma foto com ele na apresentação dos carros da Fórmula Inter, aqui em São Paulo. Resquiat in pace.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini