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Jimmie: em busca do equilíbrio perdido PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 04 April 2017 23:35

Olá fãs do automobilismo,

 

Estou escrevendo esta coluna antes de seguir para Long Beach, onde irei acompanhar as etapas do campeonato da IMSA e da Fórmula Indy. Long Beach fica a menos de duas horas da minha casa e com os pacientes que tenho na categoria de monopostos nem precisaria do credenciamento de imprensa por parte do Site dos Nobres do Grid, mas meu chefinho Fernando é tão querido que faz questão que eu compareça devidamente habilitada para trabalhar e circular pelo Media Centre.

 

Neste mesmo final de semana estará acontecendo a segunda etapa da Fórmula 1, na China e desde a Austrália, a rotina de sessões seguiu o mesmo ritmo frenético de antes do GP da Austrália e o de sempre, durante as temporadas anteriores. Inclusive com novos pilotos vindo me procurar e que, por falta de agenda disponível, não tive como aceitar como pacientes regulares. Do contrário, ou abria um “terceiro expediente” ou acabaria eu precisando de sessões de terapia com tanta coisa passando na minha cabeça.

 

Mas a nossa conversa desta quinzena não vai se tratar de um paciente de nenhuma das categorias de monopostos, seja mundial, seja aqui das Américas. Um paciente que vem inspirando meus cuidados e minhas preocupações é o hepta campeão da NASCAR, Jimmie Johnson. Inclusive mencionei algo sobre isso na coluna passada, mas preferi abordar o Fernando Alonso.

 

Extremamente profissional, Jimmie Johnson é - queiram ou não - uma referência na NASCAR.

 

Eu estive na corrida de Fontana e assisti a prova de Martinsville pela televisão. Na segunda-feira depois desta corrida Jimmie ligou para o consultório, como sempre faz, para confirmar nossa sessão e perguntou que horas poderia me ligar. Ele nunca liga diretamente para mim, algo que eu dou abertura para que meus pacientes façam, mas que ele nunca fez.

 

O Jimmie é uma pessoa que admiro muito. Extremamente família, tem uma esposa maravilhosa, super gentil, filhos queridos e quando acompanho os passos dele nas corridas que vou, a forma como ele trata os colegas de pista, os integrantes da equipe, os torcedores que vem visitar os boxes nas sessões de autógrafos, mas tem uma coisa muito estranha nisso.

 

Depois que conquistou o sétimo campeonato e igualou o feito de Dale Earnhardt e Richard Petty houve uma reação negativa de boa parte dos espectadores da NASCAR. Assim como tem seus torcedores e fãs, Jimmie tem uma – para mim inexplicável – torcida contra. Ele é um piloto limpo, não se mete em confusão, em brigas, mas carrega essa coisa com ele.

 

Jimmie Johnson não gostou de ver novas mudanças nas regras da categoria para 2017, mas tem que segui-las.

 

Este ano não começou bem para Jimmie. Se no ano passado ele parecia ter o poder de controlar quando e como atacaria seus adversários, este ano tem andado numa faixa do pelotão distante do que é o seu normal. Em algumas corridas fez de tudo para avançar, mudando sua estratégia de corrida, mas nada vem resolvendo o problema e Jimmie está incomodado com isso.

 

Jimmie sempre conversa muito sobre as coisas da NASCAR quando vem ao meu consultório. Ele sabe que o mundo da NASCAR é algo muito particular e que eu não sendo daqui teria alguma dificuldade em entender, como o método de disputa onde mesmo tendo uma equipe dominante, que domine toda a temporada, incluindo o Chase e tem um pneu furado, ser batido por outro carro ou um motor estourado, algo completamente fora do seu controle, isso vai tirar você fora do campeonato no final do ano.

 

Com um bom ambiente na equipe e torcedores fieis, Jimmie Johnson é dono também de uma alta rejeição.

 

E para 2017 ainda tivemos a adoção de um novo formato de competição. Um novo desafio que para Jimmie, a conquista do oitavo troféu, o que seria histórico, sob um formato diferente tem sido visto como um desafio diferente. Um outro obstáculo a superar. Ter que fazê-lo em outro formato só torna o desafio mais intrigante e estimulante, mas as coisas não começaram bem.

 

A consistência de ritmo de corrida que Jimmie costuma impor acaba fazendo com que ele seja sempre visto como uma ameaça constante aos demais competidores, mas ele confessou que não gostou muito da última mudança das regras, mas resigna-se e diz que a regra mudou pra todo mundo, não só pra ele. À medida que a temporada começar, vamos entender e ver como isso vai mudar a forma como as equipes vão trabalhar, inclusive a Hendrick.

 

Apesar de sua insatisfação, com ele e com tudo que vem passando neste início de ano, Jimmie confia no poder de adaptação da Hendrick para ganhar campeonatos nos vários formatos que tivemos, temos um pouco de orgulho em que e certamente ansiosos para o novo desafio que está à frente, mas acha ‘interessante’ a coincidência de mudarem as regras do campeonato logo após suas conquistas. Isso aconteceu em 2006, 2010 e 2016.

 

Essa foto emblemática incomodou muita gente, mas Jimmie não se importa e quer juntar um oitavo troféu.

 

Um tanto resignado, Jimmie acha que, por mais estranho que possa parecer, acha que ele e sua equipe são culpados, por conta destas alterações e não tem outra opção a não ser ter que lidar com isso. Consciente, ele afirma que o “fator de medo” é geralmente muito acima do “fator de competência” que as demais equipes e pilotos tem. Jimmie diz que, sem medo, 15 ou 20 pilotos podem ser campeões na NASCAR todos os anos, que são todos fantásticos e que é um ou outro detalhe que acaba pesando.

 

Jimmie diz que cometeu erros e que a equipe cometeu erros e algumas chamadas não seguiram o caminho, e quando você adiciona tudo, você ganha um ‘plus’ para a temporada e que alguém tão bem sucedido em sua vocação ainda estaria fazendo o erro ocasional poder parecer surpreendente, mas Johnson admite: “É apenas difícil de ser 100 por cento”.

 

Uma pessoa positiva. Jimmie confia em sua capacidade e na da equipe em virar o jogo, mais uma vez.

 

Com 80 vitórias, Jimmie tem mais triunfos do que qualquer outro piloto em atividade na NASCAR, e ele estava muito confiante para Martinsville, onde já havia vencido nove vezes, mais do que qualquer outro piloto da categoria em atividade... e mais uma vez as coisas não correram bem. Antes da sua ida para o Texas conversamos por telefone por quase 30 minutos e tudo o que fizemos no consultório na semana passada e repeti que tudo estava dentro dele, que ele não perdera nada e que ele precisava lembrar disso o tempo todo.

 

Meu trabalho com Jimmie vai ser reencontrar seu equilíbrio e, quem sabe até mesmo fazer um trabalho de grupo na Hendrick Motorsport se ele achar necessário. Um desafio quase tão grande quanto levantar uma oitava taça!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

p.s. Eu já tinha fechado a coluna antes da corrida do Texas, mas preciso partilhar a minha felicidade com vocês, queridos leitores. Eu estava em Long Beach e com a ajuda da queridíssima Shannon Spake, da Fox, e com o streaming no meu tablet, consegui me manter informada de como estava a corrida no Texas e vibrei muito na sala de imprensa quando Jimmie venceu a prova. Mas o mais especial de tudo foi receber sua ligação uns 40 minutos depois com um “we love you” feito em coro por ele e sua família. Isso emociona qualquer profissional.

Last Updated ( Monday, 10 April 2017 01:19 )