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Abril: mês das bruxas PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 23 April 2017 23:53

Olá leitores!

 

Infelizmente parece que a bruxa está solta... final de semana passado, na rodada tripla da F-4 britânica em Donington Park, o garoto (17 anos) Billy Monger não percebeu um carro praticamente parado na pista à sua frente em um trecho veloz da pista (em defesa dele, na imagem da câmera onboard não dá para perceber nenhuma bandeira amarela agitada – sim, eu sei que ele deveria ter desconfiado de ver os outros pilotos se desviando no meio da pista, mas é o tipo de comentário que se faz para um piloto experiente, não para um iniciante), ficou preso nas ferragens do carro, e lamentavelmente teve que amputar ambas as pernas abaixo do joelho. A comunidade automobilística demonstrou solidariedade quando o chefe da equipe, sabedor da dificuldade com que ele arrumou a verba para a temporada toda da categoria, abriu um crowdfunding para arrecadar o valor estimado das próteses e algum tratamento em 260 mil libras, e até o horário de fechamento dessa coluna as doações já alcançavam quase 738 mil libras ($ 737.898, para ser exato), segundo o próprio site 238% a mais do que o solicitado. Sexta-feira, já na 3ª especial da 101ª edição do Rali Targa Florio, o piloto Mauro Amendolia e o comissário Giuseppe Lagana morreram em um acidente, sendo que a copiloto do Mini Cooper WRC, Gemma Amendolia, foi levada para o hospital com vida, mas colocada em coma induzido, provavelmente para auxiliar o corpo a lutar contra as lesões. Agora, nesse domingo, o menino Gonzalo Barsuto (menino mesmo, 10 anos, 2 a mais que minha filha) morreu treinando de kart na pista que fica ao lado do Museu Fernando Alonso. Melhor bater 3 vezes em cada pedaço de madeira que encontrar pela frente...

 

Mas vamos nos ater às coisas alegres, às disputas nas pistas... no Velopark tivemos rodada dupla do Brasileiro de Marcas, apenas 13 carros largando no sábado e 14 no domingo, e no sábado a vitória ficou nas mãos de Vicente Orige, que superou o atual campeão Nonô Figueiredo por pouco mais de meio segundo. Aliás, disputaram metro a metro a liderança da corrida, enchendo os olhos das pessoas que estavam no autódromo. Em terceiro, completando o pódio, chegou Thiago Marques, como espectador privilegiado da disputa. Já no domingo o degrau mais alto do pódio foi ocupado por Renan Guerra, que soube aproveitar o momento em que Orige se encaminhava para a segunda vitória do final de semana mas teve problema mecânico nas voltas finais. Em 2º novamente Nonô Figueiredo, assumindo a liderança da pontuação, e em 3º Felipe Tozzo. Cumpre lembrar que a Honda saiu do campeonato após alguns títulos e na primeira etapa nenhum Renault esteve presente...

 

Ainda no Velopark tivemos a 2ª etapa do Brasileiro de Stock Car, que na primeira corrida teve o domínio absoluto do Thiago Camilo, em uma excelente apresentação, seguido a uma distância segura por Cacá Bueno (seu primeiro pódio pela nova equipe) em 2º e por Ricardo Maurício em 3º. Ricardinho bem que pressionou Cacá, mas não conseguiu se aproximar o suficiente para efetuar a ultrapassagem. Sendo o Velopark uma pista muito acanhada, é quase previsível que as corridas tenham a intervenção do safety-car, e na primeira prova quem o acionou foi Ricardo Zonta, que após bater na barreira de pneus ao se desviar do carro de Victor Genz não conseguiu retornar aos boxes e ficou parado em local perigoso. A segunda corrida foi mais movimentada, com a roda traseira direita do carro de Lucas Foresti entrando em “discussão de relacionamento” com a suspensão do carro e decidindo ir embora de casa, digo, do carro... felizmente ela se dirigiu para um ponto em que não tinha nenhum espectador, embora o fiscal de pista que estava no posto ali perto tenha tomado um senhor de um susto. Também teve o carro do Max Wilson, que resolveu promover um caloroso espetáculo e pegou fogo após (provavelmente) o óleo ter caído sobre o escapamento do carro. Felizmente ele estava já no pit lane, e o fogo foi rapidamente apagado. O mais impressionante – no mau sentido – da etapa foi a atitude de iniciante do experiente Antonio Pizzonia, piloto com passagem pela F-1, e que portanto JAMAIS deveria ter tentado retornar à pista do jeito que fez. Uma coisa seria o Billy Monger fazer isso, outra é um macaco velho como o Pizzonia voltar para a pista como se estivesse entrando na Marginal do Tietê aqui em São Paulo... ridículo, e a punição recebida (largar em último na próxima corrida) ficou quase de graça. Se eu fosse o chefe da equipe do Lucas Foresti (o infeliz na frente de quem o Jungle Boy entrou irresponsavelmente) eu mandaria a conta do conserto do carro para a equipe do Pizzonia. Isto posto, a vitória na segunda corrida ficou com o campeão Felipe Fraga, após um grande e belo duelo com Gabriel Casagrande (que infelizmente teve um problema no carro e terminou apenas em 13º). Em 2º chegou Valdeno Brito, em mais uma bela atuação, protagonizando um belo duelo contra o 3º colocado Marcos Gomes.

 

E lá em Austin tivemos mais uma etapa da MotoGP, com vitória do Marc Márquez, a nona seguida nos EUA... o verdadeiro Mr. America, convenhamos. Para conquistar o degrau mais alto do pódio, ele teve que duelar com seu companheiro de equipe Dani Pedrosa, que nos últimos tempos andava apagado a ponto da gente não se lembrar mais da existência dele, mas que ressuscitou no Texas (talvez efeito da dançarina que arrumaram para o acompanhar na tradicional dança do sul dos EUA que fez parte de um dos eventos promocionais da categoria...) e nas primeiras voltas deu um bocado de trabalho para o jovem companheiro. Infelizmente, Pedrosa continua o mesmo: enquanto está na liderança tem um tipo de desempenho, quando a perde ele luta um pouco e depois “desiste”... lembra um pouco o Felipe Massa nesse ponto. Tanto que nas últimas voltas perdeu o 2º lugar para o Valentino Rossi, que primeiro assistiu o companheiro Viñales cair sozinho após aparentemente se desestabilizar em uma das ondulações da pista (que por sinal os pilotos reclamaram muito), depois foi empurrado para fora da pista pelo Zarco no trecho conhecido por “serpente” (e punido em 0,3s, pois os fiscais acharam que ele levou vantagem indevida ao cortar a curva em esse), e no final, ao ver o pequeno espanhol se desanimando ao não conseguir acompanhar o Márquez, acelerou, foi lá e ganhou a posição, deixando o ensimesmado Pedrosa no degrau mais baixo do pódio.

 

Também nos EUA tivemos mais uma etapa da F-Indy, no belo circuito de Barber Motorsports. A respeito dessa pista, ela é linda, mas inadequada para carros como os da Indy. Foi uma das corridas mais CHATAS que assisti em minha vida, coisa da F-1 antes de inventarem esse negócio de asa móvel. Chata, muito chata, quase uma tortura assistir a prova após o lauto almoço de domingo. Quem se deu melhor na prova foi Josef Newgarden, que herdou o primeiro lugar do azarado do Will Power e conquistou sua primeira vitória pela Penske, seguido por Scott Dixon (que tentou, mas não conseguiu achar espaço na sinuosa pista para o ultrapassar) em 2º e por Simon Pagenaud em 3º. Quanto aos brasileiros, Helinho terminou em um ótimo 4º lugar e Tony em 7º, após um belo duelo no final com Bourdais.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini