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Vislumbres do Futuro PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 25 July 2017 20:58

Li por estes dias um artigo no Medium que tinha um titulo bem interessante: “Carmagedão”. Essencialmente, o artigo fala de uma tempestade perfeita entre as tecnologias do smartphone, do carro elétrico e da autonomização, do qual poderia fazer com que num espaço de dez a quinze anos, transformar a industria automóvel, o trânsito automóvel e a mobilidade em algo completamente diferente daquilo que vivemos hoje.

 

 

E não se fala só do fim do carro a gasolina, tal como conhecemos, ou que a ideia de que um dia não teremos necessidade de termos um automóvel. É tudo isso e muito mais: a ascensão de plataformas de partilha de carros, no qual chamaremos um automóvel para ir do ponto A para o ponto B, e pagaremos um tanto pelo serviço, e a diminuição de custos de manutenção de um automóvel, que poderá até aumentar a longevidade do bólido (fala-se que estes carros podem durar 800 mil quilómetros, contra os 250 mil de um carro a gasolina).

 

 

Em suma, certas profissões poderão estar à beira da extinção e certas coisas na paisagem poderão desaparecer ou serem reconvertidas. Daqui a vinte anos, se ainda haver taxistas é porque o “lobby” é mais poderoso e haverá legislação que os proteja contra os “Ubers” da vida, os mecânicos serão coisas do passado e se dedicarão a reparar os carros clássicos, e as bombas de gasolina se converterão em estações de carregamento de carros elétricos…

 

 

Contudo, até pode se pensar que os engarrafamentos poderão ser uma coisa do passado. Nem tanto porque haverão menos carros na estrada, mas a coordenação do trânsito automóvel através de uma rede que impeça os carros de pararem uns em cima de outros. Aliás, os centros das cidades poderão ser mudados na tendência que vemos agora, condicionando o trânsito dos automóveis e devolvendo-os aos pedestres e aos ciclistas, por exemplo.

 

--- XXX ---

 

Entretanto, na Formula 1, a FIA decidiu poucos dias depois do GP britânico que irá colocar o sistema Halo nos cockpits a partir de 2018, deixando para trás outros sistemas como o “Shield”. Que curiosamente, foi experimentado nesse final de semana por parte de Sebastian Vettel, e que acabou após uma volta porque o alemão… ficou tonto.

 

 

A decisão da FIA causou uma tempestade, e os fãs reprovaram quase por unanimidade o sistema de segurança por razões puramente estéticas. Claro, os fãs com mais humor disseram que a Formula 1 terá a partir da próxima temporada “os chinelos mais velozes do mundo”.

 

 

Contudo, esta era uma decisão inevitável porque a FIA tinha adiado esta decisão no ano passado, para poderem experimentar novos sistemas de segurança. Eles tinham experimentado o Halo e quase todos odiaram por razões estéticos, e a FIA entendeu que deveria ser adiado para dar chances de aparecer um sistema alternativo. O “escudo” foi (e é) a melhor alternativa para os pilotos, melhor em termos estáticos, mas a FIA lembrou a todos que tinha de tomar uma decisão de imediato e decidiu pelo sistema anterior, apesar da abertura pelo “escudo” para um futuro mais ou menos longínquo.

 

 

Apesar dos protestos dos fãs, tinha-se de tomar uma decisão em relação a um sistema de proteção de cabeça. Desde 2009, com os acidentes de Henry Surtees, na Formula 2, e de Felipe Massa, semanas depois, que se falava na instalação de um sistema de proteção. Ao ver que existia uma vulnerabilidade nesse campo, a FIA, que sempre primou pela segurança, tinha de fazer algo. Contudo, até 2014, tirando os testes, não houve nada de significativo nesse campo. Até ao acidente fatal de Jules Bianchi, em Suzuka.

 


 

A partir daí, e apesar do gesto fatal ter acontecido devido á elevada desaceleração (mais de 450 G’s) e de um trator fora do lugar, deixar estar tal qual como está não era uma opção para a entidade máxima do automobilismo. É certo que os fãs levam mais a sério os sentidos (quer em termos visuais ou auditivos), os engenheiros concentram-se mais em ver o que podem fazer com este novo dispositivo de segurança em termos aerodinâmicos.

 

 

Uma coisa é certa: deixar tudo como está não é alternativa. Não foi e nunca será, porque para a FIA, a segurança está acima de tudo.

 

--- XXX ---

 

Em junho, todos ficaram felizes por verem Robert Kubica de regresso a um carro de Formula 1. Foi em Valência, num ex-Lotus E20, o mesmo que deu a Kimi Raikkonen a vitória no GP de Abu Dhabi, em 2012. Deu cerca de 110 voltas todos disseram que o teste foi satisfatório. O que não se sabia era que ele foi mais veloz do que o piloto de testes da equipa, o russo Serguei Sirotkin, em média, seis segundos mais veloz. E melhor do que isto: o piloto não apresentou queixas na sua condução, apesar de ter o seu braço direito largamente limitado.

 

 

E depois disso, houve mais um teste, a 12 de julho, em Paul Ricard, e foi mais completo, mais exigente. E ele passou sem grandes problemas, fazendo com que se começasse a pensar que talvez ele tivesse uma chance de tentar a Formula 1 a sério em 2018… ou talvez mais cedo.

 

 

É que ao mesmo tempo que fez estes testes, Kubica passa tempo no simulador da marca, em Enstone, que tem ali dentro o carro de 2017, nos parâmetros mais próximos possíveis de um carro real. Ele diz sempre que está bem, e a sua adaptação melhora a cada teste. Agora fala-se que poderá ter uma chance de experimentar um carro deste ano dentro em breve. Uns falam de agora, num teste coletivo antes do GP da Hungria, outros falam de um treino livre no GP de Itália, e outros até que falam que Kubica até poderia entrar num carro de Formula 1 na Bélgica, em substituição de Joylon Palmer.

 

 

Que os testes estão a correr bem, é um facto. Ter tudo isto, malgrado as suas limitações, é excelente, mas até dar o tal passo de correr todo um fim de semana, desde os treinos até à corrida, ainda falta muito para tal. Robert Kubica teve um acidente sério, e embora esteja capaz, terá de usar um carro adaptado às suas condições, porque o seu braço direito está em grande medida… inútil. Não está cem por cento funcional, mostrando até que ponto é que as lesões foram extensas e graves.

 

 

Contudo, Kubica está a dar o máximo de si para aproveitar esta oportunidade. Se acontecer, será algo quase inédito no automobilismo. Seria a história de um regresso quase impossível, oito anos depois da última corrida na Formula 1. Claro, não se saberá que tipo de resultado isto poderia ter, mas seria algo muito celebrado, tenho a certeza.

 

 

E tudo isto que acabei de falar vai acontecer num futuro próximo, ou distante.  

 

 

Paulo Alexandre Teixeira