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Punições não devem ser eternas PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 02 August 2017 23:49

Caros Amigos, depois de uma parada forçada nos boxes consigo estar de volta ao nosso convívio semanal e podermos conversar sobre algum assunto relevante sobre automobilismo... e nesta semana farei uma dupla abordagem, que por diferentes pontos de vista, podem ser encaradas de uma maneira próxima. Contudo, antes de iniciar o assunto, gostaria de agradecer ao nosso Editor Chefe, Paulo Alencar, pela forma como escreveu a coluna da semana passada, com extrema felicidade na escolha do assunto e uma excelente linha de raciocínio.

 

Nas últimas semanas os bastidores da Fórmula 1 tem sido movimentado por um antigo nome e que mostrou-se um “campeão em potencial”, mas que por conta de uma infelicidade sem tamanho teve sua trajetória em direção ao olimpo dos campeões interrompida por um guard rail que atravessou seu carro e quase decepou seu braço numa competição de Rally em Andorra entre as temporadas de 2010 e 2011.

 

Apesar da comoção devido a gravidade do acidente, não faltaram vozes contra o piloto polonês Robert Kubica questionando “o que ele estava fazendo num rally entre duas temporadas”, esquecendo que os pilotos são pessoas incondicionalmente viciadas e apaixonadas por velocidade e que, neste universo da velocidade, o Rally é uma modalidade desafiante, especialmente para os pilotos nascidos ao norte da Europa. Basta lembrar que, durante alguns anos Kimi Raikkonen, depois de deixar a Fórmula 1 ao final da temporada de 2008, foi disputar o Campeonato Mundial de Rally... e na maioria das etapas víamos o finlandês campeão mundial pela Ferrari em 2007 envolvido em espetaculares acidentes.

 

A quantidade de horas anestesiado e de intervenções cirúrgicas que Robert Kubica se submeteu foi algo que talvez mesmo ele não tenha feito as contas de quanto tempo foi entre a tentativa dos médicos de poupá-lo de uma traumática amputação às inúmeras cirurgias de reconstituição dos tendões, ligamentos, músculos e terminais nervosos para que ele pudesse voltar a mexer a mão... quanto mais pilotar.

 

Mas os pilotos são pessoas especiais, donos de uma força de vontade imensurável e passo a passo, de sessão em sessão de fisioterapia, ele foi se recuperando... lentamente, até conseguir dirigir novamente um carro. Só que não bastava “apenas dirigir”. Era preciso pilotar! E de carro em carro, alguns, os primeiros, com ajuda de uma direção hidráulica mais suave, Kubica foi recuperando os movimentos, a forma física, a capacidade de andar rápido... e voltou a competir, ainda que eventualmente.

 

Nestas últimas semanas o polonês tem podido sonhar e fazer sonhar todos aqueles não se conformavam com a não continuidade da carreira de um piloto que desde as suas primeiras aparições mostrou potencial para ser campeão do mundo, inicialmente com carros de anos anteriores da Equipe Renault de Fórmula 1 e, ao longo desta semana, com o carro atual da categoria. De forma emocionante, conseguindo fazer longos períodos de pilotagem, tempos até melhores que os atuais pilotos da equipe e – quem sabe – colocando-se como uma possibilidade concreta para a temporada de 2018 ou – num momento que seria sublime – um retorno em uma corrida ainda neste ano.

 

Caso qualquer das duas situações venha a ocorrer, as vozes que nestes testes já voltaram a soar certamente bradarão mais alto: o que você foi fazer em Andorra, Robert?

 

O outro caso é o de um campeão do mundo. No ultimo domingo Lucas di Grassi conseguiu o título que tanto perseguiu desde seus tempos de kartista e, depois de três temporadas da “categoria do futuro”, a Fórmula E, correndo toda o campeonato com um equipamento visivelmente inferior ao do seu adversário na disputa, o suíço Sebastién Buemi, durante toda a temporada, contou com a priorização que o suíço deu ao seu contrato com a equipe Toyota no Campeonato Mundial de Endurance, e seu não comparecimento à etapa norte americana, mas isso era problema do suíço.

 

Depois de não conseguir tirar a diferença na pontuação com a ausência do adversário, no Canadá tudo deu certo para Lucas di Grassi e errado para Sebastién Buemi. Mas porque as comemorações por um título mundial conquistado com técnica e grande pilotagem de um dos nossos pilotos, num “deserto” de títulos pós 1991?

 

A Fórmula E é a categoria do futuro que já se fez presente e esses primeiros campeões (Nelsinho Piquet, Sebastién Buemi e agora Lucas di Grassi) já deixaram seus nomes na história, mas aqui no Brasil os cumprimentos ao piloto local, que fez duas corridas brilhantes no último final de semana, que comemorou o título na transmissão feita ao vivo através de um canal por assinatura, não teve a repercussão que Lucas merecia. Pelo contrário, não foram poucos os comentários em outro sentido.

 

Durante a transmissão das 24 Horas de Le Mans - neste mesmo canal por assinatura - uma mensagem via twitter por parte do piloto brasileiro causou uma enorme celeuma. Apesar da transmissão estar sendo muito boa, com os comentaristas da emissora estarem ilustrando bem as disputas e a importância histórica da corrida, Lucas di Grassi comentou que faltavam detalhes, informações técnicas e que ele estava à disposição para comentar via telefone.

 

Pegou mal! Lucas não disse nenhuma inverdade, mas poderia ter usado um discurso mais político, oferecendo-se para comentar, mas sem criticar os profissionais de imprensa, que em muitos casos aqui no Brasil consideram-se acima do bem e do mal, perfeitos e incriticáveis! Além de pegar mal na transmissão e nas redes sociais, entre os fãs de automobilismo a repercussão também foi negativa.

 

Por quanto tempo será que os fãs de automobilismo continuarão condenando Robert Kubica por querer ser feliz e a Lucas di Grassi por um momento infeliz?

 

Este tipo de condenação não deveriam sequer existir, quanto mais serem tão cruéis e longevas.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva


Last Updated ( Thursday, 03 August 2017 06:39 )