Olá leitores! Hoje a coluna tratará de um começo, um campeão e um fim. O começo é da temporada 2017/2018 da Fórmula E, uma categoria em franco desenvolvimento apesar do aerofólio dianteiro mais feio da história do automobilismo (parece as garras de uma aranha) e do barulho de furadeira. E começou com rodada dupla na estreante pista de rua de Hong Kong. Essa pista me fez ver quão injustas eram as críticas ao circuito de Mar del Plata relativas à falta de largura da pista... se a F-E queria um circuito de Mônaco, conseguiu. Pista desesperadoramente estreita, não acredito que não existam avenidas mais largas na cidade. Sério. E infelizmente parece que o grande mal da FIA se abateu sobre a categoria: punições, punições e mais punições. A primeira corrida, no sábado, foi bastante movimentada, até por conta da falta de largura da pista que obrigou o pessoal a “partir para o contato” como se fosse uma prova de Turismo. Primeira vez que me lembro de uma bandeira vermelha por engavetamento na pista na primeira volta fora de Macau... ah, tá, entendi, quiseram concorrer na falta de largura da pista com a parte antiga do Circuito da Guia. Só pode ser... enfim, teve Piquet Jr. pulando por cima de calçada, teve o ótimo Andre Lotterer errando curva e batendo na barreira de proteção e sendo acertado por outro carro, iniciando o congestionamento, teve bandeira vermelha e teve uma enorme demonstração de velocidade de Sam Bird. Pouco depois de conseguir (enfim) ultrapassar Vergne, entrou nos boxes para trocar de carro, errou o cálculo e não atropelou o próprio mecânico pois os reflexos do mecânico estavam absolutamente em ordem... após isso, claro que tomou um drive-through, mas... ele estava tão rápido na pista que nem isso fez ele perder a liderança. Um verdadeiro show a atuação do inglês. Dessa forma, Vergne teve que se contentar com o 2º lugar, que se a pista fosse mais larga teria sido 3º, já que a defesa de posição em relação ao 3º colocado Nick Heidfeld se deu apenas devido à grande dificuldade de encontrar ponto de ultrapassagem. No tocante aos brasileiros, Nelsinho Piquet terminou em um bom 4º lugar (o carro resistiu ao voo sobre a zebra na primeira volta, em disputa contra Felix Rosenqvist) e Lucas di Grassi foi apenas 18º lugar, com a corrida prejudicada por um problema mecânico no primeiro carro que fez com que ele trocasse prematuramente para o segundo carro, e aí foi tentar chegar ao final da corrida. Já a segunda corrida, no domingo, foi menos movimentada, mas também teve seus momentos de emoção no começo e no final. Logo no começo, o rápido Felix Rosenqvist rodou, logo na primeira curva, deixando a liderança cair no colo do suíço estreante na categoria (essa de domingo foi a segunda corrida dele, com a estreia se dando na véspera) Edoardo Mortara, que conhecemos do DTM. E ele soube muito bem aproveitar a liderança, ficando lá até 2 voltas para o final, quando ele perdeu a traseira numa curva (segundo a entrevista após a corrida, ele disse que teve “problema nos freios”... me pareceu erro na freada mesmo), rodou e passaram o aniversariante (25 anos) Daniel Abt e Rosenqvist. Mortara era a cara da desolação no pódio quando recebia o troféu de 3º colocado, ao passo que Abt se comportava como se tivesse vencido um título, não apenas a corrida, com Rosenqvist comemorando o 2º lugar à moda nórdica... ou seja, sem grandes demonstrações de alegria. Mas... na inspeção técnica do final da corrida, veio a bomba: o vencedor foi desclassificado pois o carro apresentava peças com código de identificação diferente daquelas apresentadas na vistoria antes da corrida, pelo que Felix Rosenqvist herdou a vitória, Mortara ficou com o 2º lugar e o 3º lugar caiu nas mãos do Mitch Evans, colega de Nelsinho na equipe Jaguar. Por falar em Nelsinho, o domingo foi terrível para os brasileiros. Nelsinho Piquet largou em 12º, no começo pulou para a zona de pontos, mas no final – com a desclassificação de Abt – terminou no mesmo lugar em que largou. Di Grassi teve falha elétrica no carro da Audi Abt, o que impediu que ele fosse adiante de um magro 14º lugar, 40 segundos atrás do líder... vamos torcer para a próxima corrida ser melhor, pois essa rodada dupla foi complicada. O campeão é Thed Björk, que com seu Volvo S60 Polestar da Polestar Cyan Racing se sagrou o campeão da disputada temporada 2017 do WTCC, em uma aguerrida disputa com o Honda Civic de Norbert Michelisz, numa corrida que teve a luxuosa presença de um dos maiores nomes da história da categoria: sim, Yvan Müller voltou para a rodada dupla final da temporada, e encantou público e os pilotos mais jovens (como Yann Ehrlacher, que se desdobrou em elogios ao grande campeão na sua conta oficial do Instagram) com seu talento. A primeira corrida foi vencida por Tom Chilton, que a 2 voltas do final passou e abriu do marroquino Mehdi Bennani, seu companheiro na equipe de Sébastien Loeb, que fizeram dobradinha 1-2 no pódio. Em 3º lugar chegou o pole position Kevin Gleason, a uma distância respeitosa da dupla da Citroën. Björk terminou em 5º, enquanto seu rival na disputa do título Michelisz terminou apenas em 9º. Para a segunda corrida, bastava o sueco terminar na mesma posição em que largaria, 4º lugar. E ele se manteve em 4º até seu companheiro de equipe Nicky Catsburg, que estava em 3º, ceder a posição conforme o húngaro avançava no pelotão intermediário. No entanto, Norbert não conseguiu avançar mais que 8º lugar, e no final Björk devolveu a posição de pódio para Catsburg, que foi para o pódio atrás de Rob Huff (2º) e do vencedor, o argentino Esteban Guerrieri, que está substituindo na equipe Honda o convalescente português Tiago Monteiro. O fim é a morte anunciada do Autódromo José Carlos Pace, a.k.a. Interlagos. Morrerá pela vontade soberana das urnas e da falta de intelecto do eleitorado, que em toda eleição tem pelo menos 8 candidatos (ano passado foram 10), mas acabam votando sempre nos candidatos dos mesmos partidos políticos há mais de 20 anos. Ano passado, como morador de São Paulo há mais de 30 anos e da Grande São Paulo por 40 anos, eu fiz a minha parte para preservar o autódromo: analisei a proposta de TODOS os candidatos, percebi desde o princípio que a intenção do candidato eleito no primeiro turno por maioria absoluta de votos – e atual prefeito – era acabar com o autódromo, e NÃO VOTEI nem nele nem na reeleição do desastroso prefeito anterior, que fez reformas no mínimo questionáveis no autódromo. Eu deito a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila, pois sei que a MINHA parte eu fiz, e da maneira correta. Infelizmente, uma parte considerável dessa mesma comunidade que DIZ que defende o automobilismo paulista, que bate no peito com orgulho dizendo que frequenta a pista há não sei quantas décadas, que viu Ben-Hur correndo de quadriga e fazendo a Curva 1 com os cavalos a pleno galope, entre outras bravatas, apoiou claramente o atual prefeito nas redes sociais, fazendo campanha mesmo, e agora estão desesperados por ele querer cumprir PROMESSA DE CAMPANHA... sim, leitores de fora do Brasil, eleições aqui nesta terra são dignas de quadros do Salvador Dali, de tão surreais, e com isso encerro meus comentários a respeito do futuro condomínio de luxo que será erguido no lugar do autódromo. Até por que se eu continuar no assunto, o teor do texto faria a saudosa comediante Dercy Gonçalves e o também comediante Ary Toledo corarem de vergonha, de tantas palavras de baixo calão... Até a próxima! Alexandre Bianchini
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