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A Triste Sina dos Comissários Desportivos PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 12 December 2017 23:05

Entre todos os Oficiais de Competição com certeza os mais criticados são os Comissários Desportivos. São criticados pelos Pilotos, pelos Jornalistas, pelos Chefes de Equipes, pelos torcedores, entre outros. (ás vezes criticam o Diretor de Provas, por fatos relativos aos Comissários Desportivos, mas isso ocorre por pessoas que ainda não sabem as funções exatas de cada oficial de competição).

 

Primeiro vamos entender claramente o que determina o CDA (Código Desportivo do Automobilismo) e qual a real função dos Comissários Desportivos, lembrando sempre que a autoridade máxima de uma prova, não é o Diretor de Provas e sim os Comissários:

 

Art. 83 – Os comissários desportivos são os encarregados de julgar os atos e fatos desportivos e técnicos durante um evento. Para o julgamento, os comissários desportivos se valerão de:

I – Provas;

II – Depoimentos dos oficiais de competição;

III – Depoimentos dos envolvidos;

IV – Perícias (relatórios dos comissários técnicos e pilotos consultores);

 

Sala dos Comissários na F1 – Felipe Giaffone (1º a direta) um dos Comissários da FIA.

 

Na prática, vamos ver qual é a rotina dos Comissários Desportivos: Normalmente chegam muito cedo e a primeira atividade deles é verificar se toda documentação da prova está ok, solicitam de imediato o relatório da equipe médica com identificação de todos que trabalharão no evento e qual o Hospital de Referência, (apesar do Diretor de Provas, que é o principal responsável pela segurança do evento, também fazer essa verificação junto à equipe médica, os Comissários é que juntam os documentos à pasta da prova), em seguida buscam na secretaria de provas todas as inscrições dos pilotos e verificam se estes estão realmente “habilitados” a participar das corridas. Terminando essa parte burocrática, eles autorizam o Diretor de Provas “abrir boxes”, para começar a programação normal do evento.

 

A partir do início das atividades de pista, os Comissários continuam agregando documentos à pasta da prova (folhas de cronometragens, relatórios de pista e dos Comissários Técnicos, etc.), mas efetivamente começam a cuidar de outra função que lhes cabe, que é acompanhar tudo o que acontece na pista, sob parâmetros dos regulamentos particular, desportivo, técnico, além do CDA e CDI.

 

Comissários brasileiros no autódromo de Curitiba.

É mais ou menos assim: qualquer ocorrência de pista, que tenha chegado ao conhecimento dos Comissários Desportivos, seja através de relatos dos Bandeirinhas, ou através das imagens de TV, os Comissários julgam, baseados nas regras, para impor sanções com um único objetivo: que nenhum piloto ou equipe tenha vantagens ou desvantagens através de algum ato que desrespeite os códigos e regulamentos do automobilismo.

 

Os julgamentos são à parte mais intensa do trabalho deles. Por conta desses julgamentos é que são criticados e raramente elogiados.

 

Eu já fui comissário desportivo algumas vezes e por ser profissional, o serei toda vez que a CBA me incumbir, porém sou muito explicito na minha posição, evito ser porque é o cargo mais difícil e “ingrato” do automobilismo.

 

Nos meus briefings como Diretor de Provas,  sempre digo que apesar dos pilotos não acreditarem, os Comissários parecem mais “advogados de defesa” dos pilotos do que juízes, pois não tomam nenhuma decisão contra qualquer piloto sem antes tentarem de todas as formas verificar se realmente aquela ocorrência aconteceu e se o piloto envolvido não tinha outra alternativa de evitar. Para a avaliação, eles contam com imagens, relatos dos fiscais de pista, interrogatório dos Pilotos envolvidos. Depois de todas as verificações reúnem-se em colegiado, discutem o fato, buscam subsídios com Pilotos Consultores (quando disponível) e julgam, lembrando que é obrigatório um número de pelo menos 3 Comissários por prova.

 

Os Comissários Desportivos e a cronometragem são os últimos a saírem do autódromo, muitas vezes essas avaliações, interpretações e julgamentos demoram até 3 horas após o término da corrida, caso esses julgamentos acarretem penalizações com mudança de resultados, a cronometragem deverá fazer as alterações no resultado da prova (por isso a equipe de cronometragem deve ficar junto com os Comissários).

 

O Comissário quando está julgando uma ocorrência de pista, jamais o faz imaginando que o Piloto “X” teve a intenção de prejudicar o Piloto “Y”. Os Comissários julgam os fatos, e nunca as “intenções”. Se entenderem que a manobra ou erro do carro “A” criou um prejuízo ao carro “B”, então o piloto do carro “A” deverá ser penalizado e está penalização deverá se possível, ser de forma a fazer com que o Piloto de carro “A” tenha uma penalização que gere um prejuízo maior do que  aquele que causou ao Piloto do carro “B”.

 

Além de tudo isso, ainda é possível que algum Piloto se sinta prejudicado por alguma ocorrência de pista que não tenha sido observada pelos Comissários. Nesse caso o Piloto tem o direito de reclamar ou solicitar uma penalização a quem o prejudicou. Então, os Comissários recebem a reclamação e tentam resgatar imagens e provas da ocorrência para julgar o fato.

 

Comissário escutando Thiago Camilo e Cacá Bueno.

 

Caros leitores, é por isso que digo que o ofício mais difícil entre as autoridades de prova é o dos Comissários Desportivos, pois muitas vezes depende de interpretações sobre as versões oferecidas e cada piloto trás a sua própria versão para que os Comissários tentem chegar à verdade.

 

É isso!

 

Abraços,

 

Sergio Berti