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Fernando e a História PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 06 February 2018 20:43

Olá fãs do automobilismo,

 

Espero que todos tenham tido um bom carnaval. Carnaval aqui nos Estados Unidos é diferente. O mais famoso é o Mardi Grás, em New Orleans, mas eu descobri aqui em San Diego um carnaval à brasileira. Tudo bem, como ‘coloninha’ do norte paranaense eu não tenho, propriamente, o “samba no pé”, mas é legal ver os brasileiros matando um pouco da saudade de casa.

 

Quem esteve “de férias” aqui do meu consultório e voltou no início de fevereiro, depois da disputa das 24 Horas de Daytona foi Fernando Alonso. Ele veio retomar suas consultas regulares e eu adorei a primeira impressão que tive neste nosso primeiro encontro em 2018. Fernando era a imagem da leveza. Suas linhas de fisionomia estavam suaves como nunca tinha visto.

 

Ele cumprimentou minha assistente – em espanhol como de costume – e, após a sessão, ela confidenciou-me que nunca tinha visto o ‘señor’ Fernando tão descontraído e sorridente. É evidente que a forma como Fernando tem visto a vida está mudando de um tempo para cá. Ele até fez piada quando deitou no Divã perguntando se eu tinha mudado algo... que estava gostoso e perguntou se eu aceitava vendê-lo!

 

Como todos sabem, Fernando continua como piloto da McLaren na Fórmula 1 e segue para sua quarta temporada na equipe, agora com seus carros equipados com motores Renault. Mas enquanto o carro novo não é apresentado e não acontecem os primeiros testes pré-temporada, Fernando tem se dedicado ao seu mais novo objetivo: a conquista de um lugar na história como um multicampeão!

 

Assim como foi em Indianápolis no ano passado, Fernando estava bastante relaxado em Daytona.

 

Tranquilo, ele ria enquanto comentava como estavam sendo estes dias nos Estados Unidos. Que desde a preparação e os treinos para as 24 horas de Daytona estava muito relaxado, exceto quando a agenda de eventos apertava. Disse que o Zak Brown, com quem parece ter criado uma afinidade grande e mais salutar do que a anterior (com Flavio Briatore) o levava para todos os lados como uma mala. Até foi levado para Charlotte, na Carolina do Norte, para uma aparição na pré-temporada NASCAR media tour. Não podia perder a oportunidade de fazer uma cara maliciosa e perguntar: hummmm... NASCAR? Gargalhadas e um “não” no meio delas para depois um “é... bem... não sei... quem sabe um dia... não penso nisso agora” e mais risos.

 

O desempenho do carro #23 não foi o de um candidato à vitória, mas Fernando liderou as 24 Horas por duas voltas e recebeu milhares de postagens de seus fãs com fotos deste momento. Ele disse que infelizmente muitas questões que estavam fora do controle deles prejudicaram o resultado final. Algumas situações desafortunadas, antes de tudo com o furo de pneu no terceiro ou quarto período quando eram o 5º carro na disputa pelas primeiras posições. A perda de quatro voltas tinha sido fatal. Ficou só a diversão de pilotar. Apesar de todos os problemas tinha valido por toda aquela experiência de estar três semanas envolvido com uma corrida icônica. Algo muito melhor do que estar fazendo treinamento num ginásio no inverno europeu.

 

No final do ano passado, Fernando teve o primeiro contato com o carro da Toyota no Bahrain.

 

Andar num corrida longa em um carro de protótipo nos EUA foi também um treino para Fernando, que no final do ano passado fez seu primeiro teste com um carro da Toyota em novembro passado no autódromo do Bahrain, logo após o termino da temporada do WEC. Fernando gostou e assinou contrato com a equipe para correr a “super temporada” 2018/2019 ao lado de Sebastién Buemi e Kazuki Nakajima.

 

Ele se mostrou excitado com a pré temporada. O “prólogo” como chamam no WEC e comentou como foi o segundo contato com o carro no circuito de Aragon onde se juntou aos companheiros de equipe para o primeiro teste de 3 dias, com sessões noturnas, algo que Fernando foi buscar com a participação nas 24 Horas de Daytona em condições de corrida e que, com tantos anos na Fórmula 1, em poucas oportunidades teve como vivenciar.

 

A forma como Zak Brown tem lidado com Alonso fez nascer uma relação de cumplicidade entre eles.

 

Fernando disse ter se mostrado confortável com a situação, mas confessou que o maior desafio foi encarar de frente dois pilotos muito mais novos que ele como companheiros de carro, Lando Norris e Phil LAnson. Norris, tido como o novo fenômeno produzido na Inglaterra, disse que ser mais rápido que ele era um desafio a se vencer e isso, de certa forma, o remeteu a 2007, quando dividiu a McLaren com Lewis Hamilton.

 

Eu não podia deixar uma oportunidade destas passar e perguntei como ele via esta situação, de ter um piloto jovem, extremamente promissor, rápido e mais uma vez como uma aposta da McLaren (Lando Norris correrá na Fórmula 2 e será piloto de testes da equipe na Fórmula 1) mais uma vez confrontando-o, desafiando-o e que pode vir a ser seu companheiro de equipe em breve... ou mesmo seu substituto (provoquei).

 

As 500 Milhas de Indianápolis ainda são um objetivo a ser alcançado, mas a F1 não sairá do primeiro plano.

 

A reação dele foi maravilhosa. Um sorriso, as mãos passada atrás da cabeça, um suspiro e uma resposta que seria impensável da parte de Fernando Alonso, não só aquele da McLaren em 2007, mas também de um Fernando Alonso difícil de lidar dos anos de Ferrari. Por incrível que pareça o “purgatório” dos anos com o complicado motor Honda acabou por ajudar a forjar uma nova forma de ver a vida para Fernando.

 

Confiante é um traço da característica dos pilotos de corridas em geral e neste perfil Fernando sempre foi extremamente confiante. A grande diferença é que além de confiante, ele está mais consciente e mais aberto a novas experiências, a novas interações e isso – além de todo o nosso trabalho ao longo destes anos – posso creditar em parte a relação com Zak Brown. Ele fez muito bem para Fernando, dando o apoio necessário em novos projetos e desafios e mesmo indo buscar alguns novos.

 

Neste mês, em Aragon, Fernando cumpriu mais um estágio de adaptação ao carro da Toyota no WEC.

 

A busca da vitória em Le Mans como nas 500 Milhas de Indianápolis (ele ainda voltará, tenham certeza) tem sido um grande fator motivador para Fernando. Ele sabe que é um mundo novo, uma curva de aprendizado íngreme e desafiadora, mas ele está pronto para esse desafio e ansioso para começar, parece um novato quando começa a falar sobre o que vem por aí e a Toyota abraçou Fernando como a um filho.

 

A equipe japonesa buscou junto aos promotores do campeonato a possibilidade de mudar a data das 6 Horas de Fuji, a etapa japonesa do WEC, para que Fernando possa correr “em casa”, uma vez que a pista de Fuji é da Toyota. Com a atual data a corrida coincide com o GP dos EUA de Fórmula 1 e a prioridade contratual, uma condição para a assinatura do contrato com a Toyota e participar do WEC era priorizar a McLaren. Todas as partes concordaram.

 

Consciente, tranquilo, relaxado e focado. Fernando está renovado para mais uma temporada de 2018.

 

Sim, Fernando ainda priorizará a Fórmula 1. Ele ainda não desistiu de vencer mais um campeonato na categoria e com esta nova forma de ver a vida, de encarar os desafios, se tiver um motor que permita fazer da McLaren um carro competitivo, com chances de vitória, Fernando será um adversário mais difícil do que seus adversários podem imaginar.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares