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Baku: Bandeira Vermelha ou Safety Car? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 11 May 2018 22:33

Qual o critério que o Diretor de Provas usa para intervir em uma prova com bandeira vermelha? E com safety car? Será que não daria para usar apenas bandeira amarela no setor?

 

São perguntas muito lógicas para qualquer diretor de provas, porém um pouco difícil de explicar, já que em uma corrida, o momento da prova (inicio, meio ou fim), muitas vezes determina que tipo de ação o diretor irá tomar.

 

Em primeiro lugar, todo diretor de provas sabe que qualquer intervenção que ele fizer na corrida, algum piloto irá se dar bem e algum piloto irá se dar mal. Partindo desse principio, é premissa do diretor interferir o menos possível em uma prova, porém essa premissa será completamente ignorada se a intervenção for por conta de algum acidente que se demonstre grave ou que possa gerar riscos à qualquer pessoa envolvida no evento, piloto, oficial de competição, público e outros.

 

Procedimentos padrões da direção de prova:

Em um acidente, não existem regras estabelecendo que primeiro deve-se entrar com a bandeira amarela, para depois acionar o safety car e só então aplicar a bandeira vermelha, na verdade, a bandeira amarela é quase que automática, assim que acontece algum acidente o bandeirinha autonomamente apresenta a bandeira amarela, em seguida avisa o fato à direção de provas e o Diretor decidirá, de acordo com a gravidade da ocorrência, se manterá apenas a bandeira amarela no setor, se entrará com o safety car ou se interromperá a prova com bandeira vermelha. O fator decisivo para a reação do Diretor de Provas está na “interpretação” da gravidade do acidente, notem que eu disse interpretação, pois pode haver equivoco de avaliação. As vezes, pelo visual, podemos achar que o acidente é grave e na verdade foi apenas “plástico” e o oposto também pode acontecer, o acidente ser visualmente simples, mas ter alguma gravidade.

 

As corridas em Baku tem se caracterizado pela entrada do Safety Car em alguns momentos críticos da disputa.

 

O momento da prova e do campeonato também interfere na ação da direção de prova. Com relação aos acidentes graves, com risco eminente de alguém se machucar, o momento não interferirá, mas se for algo mais simples, como, por exemplo, um carro quebrado em uma área de escape, pode sugerir algumas ações de acordo com o momento da prova, se for no inicio da prova, e não havendo condições de tirar esse carro apresentando apenas uma bandeira amarela no setor, o diretor acionará o Safety car e fará a remoção do veículo, mas se for nas ultimas voltas da corrida, é bem provável que ele mantenha apenas a bandeira amarela no setor e deixe a corrida terminar.

 

Vejam, situações como essa já aconteceram várias, e o Diretor de Provas, apesar de não por em risco nenhum piloto ou oficial do resgate, ele arrisca sua própria reputação, pois na intenção de permitir que a prova se desenrole na pista, sem interferência, pode acontecer de um segundo carro escapar no mesmo ponto e bater no primeiro carro já parado ali. Nesse caso o Diretor irá “escutar” as críticas que: “deveria ter entrado com um safety car...” “não poderia ter deixado aquele carro ali...” e outras mais.

 

O momento do campeonato também pode fazer com que o diretor de provas haja diferente em relação a uma corrida, interromper uma prova com bandeira vermelha no inicio de um campeonato, nós já sabemos que alguém se dará bem com a interrupção e alguém se dará mal, mas isso será apenas relativo à prova, mas se isso ocorrer na última etapa do campeonato, esse “se dar bem ou mal” pode refletir em ser campeão ou não, o que também pode refletir na permanência de patrocinadores ou até mesmo na busca novos patrocinadores. Então, volto a insistir que se não houver risco eminente de alguém se machucar, o bom diretor de provas deve ter tudo isso em mente para não “estragar” o trabelho de nenhuma equipe ou de algum piloto.

 

Por isso que disse lá no inicio que “São perguntas muito lógicas para qualquer diretor de provas, porém um pouco difícil de explicar”.

 

 

O acidente entre as Red Bull e o posterior, com Grosjean, consumiu muitas volta no fim da corrida com o Safety Car.

 

Se pegarmos como exemplo o último grande premio do Azerbaijão, podemos questionar: será o diretor, no acidente entre o Daniel Ricciardo e Max Verstappen, não poderia ter apresentado uma bandeira vermelha ao invés de ficar tanto tempo com o safety car na pista? Desta forma a prova seria reiniciada contando com o mesmo número de voltas (ou quase, pois pode se descontar do total de voltas a volta em que os pilotos retornaram para os boxes ou grid). Não sei o que o diretor pensou naquele momento, pois como foi explicado acima, o diretor de provas tem que pensar em todas aquelas situações antes de agir e mais um pouco, eu não citei ainda o fator TV. Quando temos TV ao vivo, existe mais um fator que diretor de provas deve pensar antes de interromper uma prova, muitas vezes o tempo de TV é um contrato entre o promotor e a TV, nesse caso os diretores devem saber quanto tempo de TV foi contratado para fazer com que a prova “se encaixe” nessa grade. Na F1 isso não é problema pois as TVs mudam a programação para atender esse mega evento, mas nas corridas nacionais, o tempo de TV também é influenciador nas decisões do Diretor de Provas, volto a insistir, desde que não comprometa diretamente a segurança de qualquer pessoa envolvida na prova. Mas voltando ao safety car ou bandeira vermelha na prova do Azerbaijão, a Bandeira vermelha tem uma regulamentação quanto ao momento de sua apresentação, que é:

 

1. Se for apresentada até o fechamento da 2ª volta, não será considerada prova e a corrida iniciará novamente com o grid idêntico ao original da prova;

2. Se for apresentada a partir da 3ª volta e antes de 75% do término da prova, a corrida será reiniciada com a formação do grid de acordo com a última volta antes da apresentação da bandeira vermelha;

3. Se for apresentada nos últimos 25% da prova, a prova será considerada encerrada e o resultado da prova será o da última volta dos pilotos antes da apresentação da bandeira vermelha;

 

A bandeira vermelha que paralizou a corrida no ano passado, não poderia ser utilizada para parar a corrida este ano.

Pois bem, no caso desta prova, a bandeira de safety car foi apresentada na volta 39, portanto nos últimos 25% da prova, se ao invés de safety car fosse apresentada uma bandeira vermelha, a prova seria considerada encerrada. Antes o CDA falava “poderá” encerrar, atualmente está escrito “encerrará”.

 

Mas mesmo quando estava escrito “poderá”, nenhum diretor dava continuidade, pelo contrário, já vi varias provas que a ocorrência acontecia próxima aos 75% e o diretor deixava o safety car rodando até a prova atingir os 75% e então entrava com a bandeira vermelha.

 

Caros leitores, acredito que tenha conseguido explicar um pouco sobre os procedimentos dos Diretores de Provas, mas para explicar realmente tudo, acho que terei que escrever um livro, já que além de se seguirmos os protocolos da função temos que se ter muito conhecimento, discernimento e bom senso para dirigir uma prova.

 

É isso!

 

Sergio Berti


Last Updated ( Saturday, 12 May 2018 06:33 )