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A seriedade, o sonho e a realidade PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 06 June 2018 23:05

Caros Amigos, as noites das terças-feiras costumam ser muito interessantes e produtivas para o nosso trabalho em relação ao Projeto Nobres do Grid. Temos trabalhado há alguns anos com este sistema de reuniões semanais para planejarmos não apenas o que estaremos publicando no site, mas também sobre as ações que fazemos em alguns eventos para divulgar o projeto e seu propósito: resgatar, preservar e divulgar a história dos pilotos da geração Pré-Fittipaldi. Os Nobres do Grid.

 

A internet permite que eu consiga estar em contato com os que hoje fazem a máquina andar e a partir deles, temos toda a ligação com os integrantes do projeto que hoje estão em seis países (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Portugal e Itália) e nossos encontros permitem que melhoremos a qualidade do que é executado pela equipe.

 

Este cuidado deveria ser um princípio que as pessoas deveriam ter em suas vidas. Procurar fazer as coisas de forma bem feita, cuidar para que o que você faz, o que você diz, cative a confiança das pessoas que convivem com você ou que param para escutar o que você fala e leem o que você escreve. A credibilidade que uma pessoa transmite é um tesouro incalculável.

 

Todos os dias recebemos mais de uma centena de emails na nossa caixa postal com pedidos, comentários, sugestões e perguntas sobre notícias que elas leram na internet, em sua maioria das vezes, viram na televisão ou ouviram pela mídia falada, sendo as duas últimas as que a cada dia que passa dão menos espaço para o esporte a motor. Nesta última terça-feira, três assuntos colocados em discussão acabaram por compor o corpo desta coluna.

 

O primeiro é a falta de sensibilidade que estamos percebendo na condução da Copa Truck. Temos todos aqui um enorme respeito pelo Senhor Carlos Col, a quem eu pedi que fosse entrevistado e que sempre atendeu muito bem a todos os enviados que comparecem aos autódromos em São Paulo e no Paraná. Nosso editor chefe, Paulo Alencar o chama de “Midas”, por sua capacidade de fazer as coisas darem certo no automobilismo, mas o que está acontecendo?

 

Primeiro foi a realização de um evento de caminhões em meio a mais grave crise do país relacionado a este modal de transporte, com o país engessado, paralisado em suas estradas, desabastecido em diversos gêneros de primeira necessidade e como se não bastasse tudo isso, com a corrida acontecendo no mesmo dia e horário das 500 Milhas de Indianápolis, um dos maiores eventos do automobilismo mundial.

 

Depois foi a não confirmação – olhei o site da categoria pela última vez no início da noite da quarta-feira enquanto escrevia minha coluna – da segunda etapa da Copa Sudeste, programada para Curvelo, neste próximo domingo, dia 10 de junho. Sem nenhum comunicado de sua assessoria de imprensa ou atualização do site posso presumir que a etapa não irá acontecer nesta data anteriormente prevista. Pergunto-me se ela irá acontecer, se será em Curvelo e quando seria esta nova data? Torço muito pelo sucesso e reconheço o esforço de todos que tem trabalhado para reerguer esta categoria que já foi a mais popular do país, mas não posso deixar de externar minha preocupação.

 

O segundo assunto que conversamos foi sobre o mais novo projeto de um autódromo no Rio de Janeiro, naquele terreno cedido em Deodoro, no subúrbio da capital fluminense, promessa de antes das olimpíadas de ser construído lá o autódromo que substituiria Jacarepaguá. É um projeto que eu gostaria muito de ver se tornar realidade, mas não creio que minha vontade seja suficiente para tal.

 

O projeto, que tem o custo – inicial – orçado em 850 milhões de reais (ou seja, pode chegar facilmente ao dobro) é assinado por Hermann Tilke, o famoso arquiteto que construiu diversos dos novos autódromos onde corre a Fórmula 1 e pelo desenho apresentado no site globo.com, não tem uma reta longa o suficiente para proporcionar ultrapassagens em seus projetados 5.386 metros... mas tem 20 curvas!

 

A matéria do jornalista Fred Sabino, que eventualmente faz as transmissões no canal por assinatura do grupo que detém os direitos de transmissão das categorias de acesso da Fórmula 1, está muito bem escrita e certamente bem fundamentada as empresas de consultoria (Crown Consulting), gestão esportiva (CSM), e arquitetura (B+ABR Backheuser e Riera), além da Tilke Engineers & Architects, por mais sérias que sejam, tem um enorme desafio pela frente para captar em um país de economia estagnada, futuro político incerto diante de uma eleição fragmentada e um projeto encrustrado em meio a favelas com o alto índice de violência já conhecido no Rio de Janeiro não seria um lugar ou um projeto onde eu investiria meu dinheiro. Em todo caso, precisamos ter fé.

 

Por fim, o automobilismo, a nível mundial, pode estar dando um passo em um sentido em que sempre desejamos, que é o de ser um esporte mais abrangente e acessível, tirando o estigma elitista que ele carrega desde sempre. Durante anos, a FIA tem feito lobby junto ao Comitê Olímpico Internacional para promover o automobilismo em nível olímpico.

 

Se formos ser bem analíticos, os pilotos são grandes atletas pelas aptidões físicas  que o esporte a motor exige deles e, finalmente, o momento de reconhecer os automobilistas parece ter chegado: o kart fará parte das próximas Olimpíadas da Juventude, que vai acontecer na Argentina, em outubro. O mais interessante é que não será uma competição com karts convencionais, mas sim karts elétricos, seguindo a linha da mudança que a Fórmula E deu início há alguns anos.

 

Segundo o Presidente da FIA, Jean Todt, o e-kart representa não apenas uma nova oportunidade para você em termos de desenvolvimento do esporte a motor, mas também demonstra que o mundo está mudando e o investimento em uma categoria de base com propulsão elétrica tem a oportunidade de mudar completamente a abordagem do automobilismo.

 

Precisamos estar atentos aos movimentos para não ficarmos perdidos no passado, precisamos ter a mente aberta para assimilar as novidades e aproveitar as oportunidades, mas também precisamos ter os pés no chão para não cairmos na tentação que levou Ícaro a voar mais perto do sol do que deveria e derreter a cera que segurara as penas de suas asas.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva