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A música afinada de Cristiano da Matta, o Quiqui PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 16 July 2018 18:38

Eram outros tempos. Tempos em que vários pilotos brasileiros disputavam a Fórmula Indy e a imprensa escrita ainda tinha espaço para essas notícias, que eram importantes para o automobilismo nacional e ajudavam os pilotos a conseguirem patrocinadores fortes. Década de 90, que já parece tão distante, acredito que devido à velocidade dos dias em que vivemos, quando precisamos de tudo para agora, quando o sinal da nossa internet (na época era discada e somente os mais velhos entenderão) precisa ser o mais veloz do mundo e por aí vai.

 

Mas era uma corrida em Mid Ohio, um lugar dos Estados Unidos para onde nunca tinha ido e, se não me engano, minha conexão saindo do Brasil foi em Dallas, no Texas. De lá para a cidade mais próxima a viagem acho que foi de carro mesmo. Mas o que vale é que o circuito fica próximo de vários milharais. Isso quer dizer longe de quase tudo, quase para ser generoso. Fiquei num hotel estilo norte-americano: simples, com duas camas e um banheiro no fundo. Normalmente eu ficava num melhor, mas na falta de outro, era o que tinha mais próximo, ou menos longe da pista.

 

E a grande distância do autódromo para as cidades pequenas dessa zona rural e a consequente falta de hotéis de bom nível foi o que levou Tony Kanaan a alugar um motor home. Não um motor home qualquer, mas um belíssimo. Tinha ar-condicionado, claro, pois os norte-americanos parece que não vivem sem esse equipamento, uma bela sala, banheiro, cozinha e um quarto com luzes coloridas que demorou um tempo até o Tony se acertar com elas. Rimos bastante.

 

Ali naquele espaço da sala, que virou ponto de encontro de alguns brasileiros, me lembro bem de estarmos sentados, quando eu entrevistava o Tony e também falava com o Helio Castro Neves e entrou Cristiano da Matta, conhecido como Quiqui, sei lá eu por que. Até aí, tudo bem, pois era comum eles baterem um papo sobre acerto, descontrair e jogar conversa fora. Mas Cristiano da Matta trazia um violão debaixo do braço (brincadeira!) e começou a tocar e a cantar.

 

Cristiano da Matta. Piloto e músico. Excelente nas duas coisas.

 

Foi uma faceta desconhecida, pelo menos para mim, desse promissor piloto a quem dei a ideia de ir para os Estados Unidos uma vez que nos encontramos em Hockeinheim, na Alemanha, numa corrida de monopostos, acho que era a extinta Fórmula 3000. Lá estava ele sentado na sala do Tony, cantando e tomando uma água para acompanhar. Foi uma das poucas vezes na vida que me envolvi na parte pessoal de pilotos a quem conhecia muito bem, como o Tony, amigo desde que era jovenzinho e corria no Brasil para, logo depois, se transferir para a Europa e de lá para os EUA.

 

Quiqui toca bem e depois de alguns anos fiquei triste por saber do seu gravíssimo acidente quando treinava na Fórmula Indy. Numa pista quase que vazia, em Elkhart Lake, ele atropelou um cervo e passou vários dias em coma, entre a vida e a morte num hospital dos Estados Unidos. Felizmente ele se recuperou e está aí, tocando seu violão. Toda essa conversa por ter visto uma postagem dele no Face falando sobre uma antiga banda da qual participava.

 

Cristiano da Matta, que era muito amigo do artista mundialmente conhecido Paul Newman, que também gostava de pilotar, e filho de um dos maiores pilotos brasileiros de carros de Turismo: Toninho da Matta.

 

Milton Alves