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O sonolento xadrez de Hungaroring PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 30 July 2018 00:36

Olá leitores!

 

Foram poucos os momentos do Hot Lap Hungria, digo, GP da Hungria (explicando a referência “Hot Lap”: é um tipo de competição que está crescendo no Brasil em que, utilizando seus carros “de rua” – mesmo que com algum grau de preparação – pilotos amadores entram na pista de um kartódromo, geralmente utilizando a opção mais travada do circuito, para fazerem a volta mais rápida que conseguirem. Andei como passageiro durante os treinos de um evento desses no kartódromo de Guaratinguetá e afianço-lhes, no meio da primeira volta eu já estava me lembrando de Hungaroring, até a reta com duas curvas fechadas uma em cada ponta tinha) que fizeram os espectadores não sentirem sono. Corridinha dos infernos! Infelizmente no domingo a chuva não deu as caras no circuito, ao contrário do treino de classificação, e antes das voltas finais, quando Bottas começou a fazer bobagens por pura falta de aderência nos pneus – e falta de pulso do piloto em pedir para trocar os mesmos, diga-se de passagem – a corrida mereceu o rótulo de “modorrenta”. Ferrari, para não perder o costume, atravancando a vida dos seus pilotos na troca de pneus, e o “Mad Max” fazendo eu me lembrar do Petter Solberg, que quando abandonava a corrida também soltava uma série de impropérios. Recuso-me a acreditar que em todo o Leste Europeu não exista uma pista menos chata do que essa para realizar corridas. Enfim, infelizmente não sou eu que faço o calendário...

 

Vitória relativamente tranquila de Lewis Hamilton, que apenas precisou fazer a primeira curva na frente e sentar o sapato para não ser mais ameaçado. Talvez uma das vitórias mais fáceis do inglês na F-1. Seu lacaio, digo, companheiro de equipe Valtteri Bottas (5º) tinha duas missões, segurar o Vettel e marcar o máximo que desse de pontos para a equipe no Mundial de Construtores. A primeira até que foi bem sucedida enquanto os pneus duraram... talvez se a equipe não tivesse antecipado a parada dele para “marcar” o Kimi ele tivesse cumprido melhor a função. A segunda falhou pela insistência da equipe em mantê-lo na pista com pneus deteriorados: esses pneus fizeram ele perder o controle na Curva 2, tocar o Vettel, e posteriormente atingir o Ricciardo. OK, Dona FIA mostrou mais uma vez que é extremamente condescendente com a Mercedes, e deu uma inócua punição de 10 segundos no tempo final da prova pelo toque no Ricciardo... vai fazer a mesma coisa com um carro da Ferrari ou Red Bull para você ver o que toma de punição...

 

Em 2º e 3º chegaram os pilotos da Ferrari, respectivamente Sebastian Vettel e Kimi Räikkönen, que sofreram com um carro que – ao contrário de outras pistas – não acompanhava o ritmo da Mercedes de Hamilton, mas que conseguiram superar as paradas de trocas de pneus relativamente lentas e, no caso do Kimi, a desidratação pelo fato da equipe não ter conectado a garrafa de isotônico que o piloto tem no carro para se hidratar ao sistema que lava o líquido ao ploto... erro aceitável em uma Sauber, uma Williams atual, mas não em uma Ferrari. Levando em conta a classificação e o começo da prova, foi o melhor resultado possível.

 

Em 4º terminou Daniel Ricciardo, que muito merecidamente foi eleito o melhor piloto na pista, por ter feito uma corrida monumental: largando em 12º, caiu para 16º e veio escalando o pelotão para, na última volta, fazer uma bela ultrapassagem sobre Bottas, que já o tinha abalroado em uma tentativa anterior. Foi um gigante na pista e ainda encontrou tempo para ser compreensivo com Bottas em relação ao toque entre os dois... seu companheiro Max Verstappen (19º) largou bem, estava bem posicionado... mas o motor quebrou. Quebrou e fez o garoto perder a (pouca, diga-se de passagem) paciência, já que ao encostar o carro na beira da pista soltou uma série de palavras de baixo calão que deram trabalho ao editor de imagens para cobrir as mesmas na hora de colocar a gravação no ar... vamos ver ano que vem o que ele dirá dos motores Honda...

 

Em 6º, na mesma posição em que largou, terminou o jovem Pierre Gasly, muito feliz não apenas pela pontuação obtida mas por ser o único da “série B” da F-1, como ele próprio disse, a não tomar volta do líder da corrida. Arrancou todo o desempenho possível do seu Toro Rosso, seja na chuva da classificação, seja debaixo do forte calor da corrida, foi uma atuação impecável. Seu companheiro Brendon Hartley (11º) largou bem, mas... respeitou o companheiro de equipe, foi ultrapassado pelo Hülkemberg, depois perdeu muito tempo atrás do Sainz, enfim, nada deu certo para ele após a primeira curva. Merecia um resultado melhor pelo conjunto da obra.

 

Em 7º chegou Kevin Magnussen, que aproveitou uma boa largada para fazer uma corrida ainda melhor, definitivamente estava em um bom dia. E para alegria do boxe da Haas, seu companheiro Romain Grosjean terminou a corrida em 10º lugar, não exatamente feliz com a dificuldade enorme que teve para tentar ultrapassar Sainz, mas consciente que no geral foi muito bom para a equipe terminar com os dois carros pontuando. Reclamou muito dos pneus, mas isso é meio comum...

 

Em 8º terminou Fernando Alonso, que esticou o máximo que deu a utilização dos pneus macios antes da parada para troca de pneus para os médios, e a estratégia funcionou bem. Seu companheiro Stoffel Vandoorne (18º) abandonou quando o carro apresentou problemas já na zona de pontos (estava em 9º lugar), o que o deixou bastante desapontado. Apenas mais um na longa lista de azares que o garoto já teve esse ano.

 

Em 9º chegou Carlos Sainz Jr., reclamando horrores dos pneus e do tráfego... se ele quer ultrapassar fácil, recomendo se mudar pra NASCAR ou ir correr de rali como o papai dele, já que no rali os carros largam individualmente. Seu companheiro Nico Hülkemberg (12º) também não gostou do comportamento do carro no tráfego, o que realmente é um problema em uma pista super travada como Hungaroring. No geral, uma prova pra Renault esquecer.

 

Agora a categoria entra em férias de verão e retorna apenas no final de agosto, com a esperada corrida de Spa-Francorchamps. Nada como ver corridas em pistas old school...

 

Mas não foi só F-1 que tivemos esse final de semana: a Copa Truck foi até o Mato Grosso do Sul correr em Campo Grande e o que se viu foram duas corridas muito disputadas, mesmo com uma temperatura que fez sofrer os caminhões e os pilotos. A primeira prova foi vencida por Felipe Giaffone, que largou na frente e não teve vida fácil, tendo que resistir às investidas do segundo colocado Roberval Andrade a corrida inteira para garantir o lugar mais alto do pódio. Roberval pode não ter vencido a prova, mas com certeza garantiu o espetáculo. Em 3º chegou Wellington Cirino, que passou a prova tentando alcançar os ponteiros mas não conseguindo, e no final ainda teve que lidar com a forte investida de Renato Martins, que chegou a tocar no Cirino na última volta e perdeu o controle do caminhão, mas ainda teve sorte de retornar à pista e concluir a prova em 4º. A segunda corrida, com o grid de largada invertido para os 8 primeiros, reservou ainda mais emoções, e desta vez quem levou a melhor foi Roberval Andrade, que venceu e com méritos, já que não apenas fez boas ultrapassagens como evitou que os ataques de Giaffone fossem bem sucedidos, fazendo com que o vencedor da primeira prova tivesse que se contentar em ser o 2º colocado. Em 3º chegou André Marques, que acelerou bastante, liderou a corrida. mas não conseguiu segurar os dois grandes protagonistas deste domingo. Uma boa colocação, levando em conta a conjuntura. Em 4º e 5º terminaram dois caminhões da Iveco, marca que está com alguns problemas de confiabilidade esse ano mas que quando não quebra apresenta um bom desempenho, respectivamente Giuliano Losacco e Luís Lopes, fechando o pódio assim.

 

E no Japão tivemos mais uma edição da tradicional – e super disputada, afinal é a corrida “de casa” das maiores fábricas de motocicletas – 8 Horas de Suzuka. E novamente a dona da pista (Honda) tem que se conformar em ver uma rival fazendo a festa no degrau mais alto do pódio, já que a vitória esse ano ficou com a Yamaha de Alex Lowes e Michael van der Mark, que superaram não apenas a concorrência mas as condições de tempo instável para vencer a mais prestigiosa corrida de Endurance sobre 2 rodas da atualidade. Em 2º chegou a Honda de Patrick Jacobsen, Takumo Takahashi e Takaaki Nakagami, ao passo que completando o pódio chegou a Kawasaki de Leon Haslam (filho do Ron Haslan, um dos grandes nomes da 500cc nos anos 80), Jonathan Rea e Kazuma Watanabe.

 

Em Mid-Ohio aconteceu mais uma etapa do campeonato da Fórmula Indy, onde Alexander Rossi pilotou muito, soube aproveitar a correta estratégia traçada pela equipe Andretti e acabou levando os louros da vitória. Só não foi melhor pois ele cometeu um erro bizarro, felizmente após a bandeirada: quis comemorar fazendo “zerinhos”, perdeu o controle do carro, foi parar na grama e ficou atoladinho... mais de 10 segundos atrás chegou Robert Wickens em 2º, Will Power em 3º. Josef Newgarden em 4º e o líder do campeonato Scott Dixon em 5º lugar. Não foi uma boa corrida para os brasileiros, com Tony Kanaan terminando a prova em 18º lugar, Matheus Leist em 19º e Pietro Fittipaldi em 23º lugar.

 

E a NASCAR foi visitar minha pista favorita, Pocono, um tri-oval perdido no meio do nada no estado de New York com 3 curvas absolutamente diferentes entre si e com uma pista absurdamente larga. O primeiro segmento foi vencido pelo ótimo Chase Elliott (acho que ele pode ser tão bem sucedido quanto o pai, apenas precisa de um pouco mais de sorte...), o segundo segmento foi para as mãos de Kevin Harvick, mas no final a vitória ficou com Kyle Busch, com uma excelente relargada já na prorrogação da corrida após largar lá no fundo do pelotão por conta da punição recebida pelo carro não ter passado na inspeção pós qualificação. Mais uma vitória do “odiadinho da América”, para desgosto dos órfãos do Dale Jr.... em 2º chegou o mexicano Daniel Suarez, que marcou a pole position e já está fazendo por merecer uma vitória na categoria principal, e poderia ter conquistado não fosse a relargada apenas mediana que fez na prorrogação da corrida. Ele é jovem, ainda tem bastante tempo para essa conquista. Em 3º chegou Alex Bowman, conquistando um belo resultado para a Chevrolet em um ano de vacas magérrimas, em 4º terminou um dos maiores candidatos ao título desse ano, Kevin Harvick, e fechando o Top-5 apareceu a promessa Erik Jones. Esse é outro em quem aposto vencendo corridas daqui a uns 3 ou 4 anos. Essa corrida marcou a 600ª largada de Jimmie Johnson, mas ele não teve muito a comemorar, já que não passou de um magro 17º lugar, sem ter liderado nem uma das 164 voltas da corrida...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini