Com 43 pontos de vantagem para Max Wilson e 44 para o terceiro Felipe Fraga, dois vencedores, o atual campeão Daniel Serra desembarca nesta semana em Cascavel para a sétima etapa da temporada da Stock Car. Ele, que é um piloto pragmático e tem mostrado frieza muito grande, deve continuar a agir dessa forma. Esse é o seu jeito. Assim que ele é e pronto. E esse jeitão meio desligado, meio supersincero, bem parecido com o do pai, Chico Serra, tem sido essencial nessa sua briga pelo bicampeonato consecutivo da categoria. Claro que não se pode deixar de lado a pilotagem correta, precisa, com raros erros e menos ainda arroubos de tentar vencer a corrida a qualquer custo, independentemente de o adversário estar próximo dele na tabela de classificação. Uma pequena demonstração disso aconteceu em Campo Grande, quando na briga com Fraguinha ele não dificultou tanto quanto poderia, apesar do uso do push to pass e tal. Daniel é um dos pilotos mais cerebrais que vi nos últimos anos. Talvez ele tenha aprendido um pouco com Cacá Bueno, seu ex-companheiro de equipe, a fazer as contas dentro do capacete e nas horas mais duras da corrida. No entanto, e felizmente, não assimilou o jeitão um tanto quanto prepotente do pentacampeão, que quando brigava por títulos de forma mais direta não admitia ser contrariado ou confrontado. De alguns anos para cá o segundo maior papa-títulos da Stock Car tem demonstrado uma normal queda de rendimento, coisa natural devido à idade. Apesar de a categoria ter muitos veteranos, aos 42 anos é difícil enfrentar pilotos com sangue nos olhos e pouco mais da metade da idade. Daniel não é bem o caso, pois já tem 34, mas tem muita gente nova vindo aí. Só para apresentar dados e não ser tachado de crítico gratuito de Cacá, vejam que em 2014, pela primeira vez na longa e vitoriosa carreira, de forma inédita ele ficou mais de um ano sem ganhar uma corrida sequer. Passou em branco o ano de 2014, algo que nunca tinha acontecido numa vida repleta de vitórias, poles, melhores voltas e títulos. Depois, repetiu a dose de não ganhar uma sequer em 2017. Mesmo assim ele é o terceiro maior vitorioso na história da Stock, com 36 vitórias contra 40 do tetracampeão Paulo Gomes e 77 do insuperável Ingo Hoffmann, doze vezes campeão. Já ultrapassou até Chico Serra, pai de Daniel, que ganhou 33. 
Claro que Cacá ainda tem bala na agulha e pode repetir a vitória deste ano no Velopark em outras pistas, como Cascavel, por exemplo, mas dificilmente entra na briga pelo título. Ele tem 116 pontos, 75 a menos do que Daniel. Coisas da vida e da natural substituição de pilotos mais velhos por mais novos. Foi assim com ele, que deixou para trás Ingo, Paulão e Chico entre outros. É a vida. Mudando de assunto, quero falar um pouco sobre a vitória de Pedro Piquet. Foi muito bom ver outro filho do tricampeão de F1 Nelson Piquet fazendo história no automobilismo internacional. Me lembro muito bem que em 2002, quando Nelson completou 50 anos estávamos numa prova da extinta Fórmula 3 Sul-americana em Fortaleza e foram reunidos todos os seus sete filhos, duas de suas ex-mulheres e a atual. O jornal O Globo deu uma belíssima foto feita por Sérgio Sanderson, de Cascavel, que na época trabalhava comigo na assessoria. Naquele dia só faltou uma das ex, a belga Katherine Valentin, mãe de Lazlo. E entre eles estava Pedro, então um molequinho. Nelsinho, que se chama Nelson Angelo Piquet e não Nelson Piquet Jr., já corria e seria o campeão da categoria. É legal demais ter o privilégio de ver os filhos seguindo os caminhos vitoriosos do pai. Em menor escala, claro, mas na mesma trilha para usar uma linguagem automobilística. Outra coisa bem legal foi ver a foto de Nelson e Jean Alesi lado a lado, do lado de fora da pista, vendo a briga dos filhos. Com certeza voltaram no tempo em suas mentes, claro! Em tempo: o filho de Alesi, Giuliano, que ficou em segundo lugar. Milton Alves |
