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Jimmie Johnson e a natureza humana PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 06 October 2018 23:09

Olá fãs do esporte a motor,

 

A natureza humana é uma coisa impressionante. O filósofo Platão, na antiguidade, dizia que a natureza do homem está formada por um corpo perecível e uma alma eterna que pode alcançar o conhecimento. Eu sempre gostei deste conceito.

 

O homem tem sido pensado, na Filosofia e em várias ciências, a partir da ideia de Natureza Humana concebida como uma essência universal e abstrata, o que o caracteriza desde sua origem. É a forma humana do Absoluto. Nestas concepções há sempre um homem que independe de experiências anteriores de vida dentro do homem; há um homem que se atualizará, que se realizará, se as condições adequadas forem dadas. Há uma natureza em cada homem, natureza esta que o faz homem e que determina suas possibilidades.

 

Eu estava assistindo a interessante corrida da NASCAR em Charlotte naquele “oval adaptado”, que a categoria deveria usar mais vezes, na minha opinião, quando quase matei o meu amado do coração com um grito ao ver aquele acidente na última volta, nas últimas curvas, em que Jimmie Johnson, que estava mais rápido, acertou o carro de Martin Truex Jr. que liderava a corrida e acabou com suas chances (remotas, é verdade) de lutar pelo título da temporada.

 

Na manhã da quinta-feira, depois da corrida, eu lembrava que ele teria sessão comigo em algum horário, mas ele me ligou ainda naquele dia, visivelmente transtornado. Ele repetiu várias vezes que não achava que iria bater ou rodar tentando ultrapassar Martin Truex Jr. como aconteceu, que pensava estar fazendo um movimento calculado e se dando a chance de vence... mas, infelizmente, não foi assim que aconteceu.

 

 

 

Eu disse para ele que as pessoas, todas as pessoas, erram e que errar não faz de ninguém naturalmente mal ou estúpido. Afinal, errar é humano. A pergunta que eu faço sempre é: até onde as pessoas tem capacidade de lidar com o erro alheio, especialmente no caso de um erro involuntário, e como reagiriam na situação inversa, sendo elas protagonistas e não vítimas destes erros.

 

Na quinta-feira, com Jimmie deitado no meu Divã, ele reiterou que achava ser possível a ultrapassagem e na sua cabeça, aquela estava sendo a melhor – para não dizer a única – oportunidade concreta que ele estava tendo em 58 corridas de voltar a vencer. Jimmie não vence uma prova há praticamente um ano e meio e isso na cabeça de um piloto vencedor tem um peso psicológico inimaginável.

 

 

 

Ele confessou que, na hora em que perdeu a linha do carro no “Roval” que criaram em Charlotte fez seu coração gelar. Se ele tivesse se contentado em chegar em segundo, deixando a vitória Mara Martin Truex Jr., estaria indo para a corrida de Dover no domingo seguinte como um dos 12 que ainda lutariam pelo título e com as rodas na grama a tentativa de recolocar o carro na pista em uma linha segura e eficiente levou segundos que pareceram horas.

 

Cruzar a linha de chegada em oitavo o jogou para os critérios de desempate em uma igualdade tripla e em uma temporada onde ele conseguiu apenas duas colocações entre os 5 primeiros ao longo de toda a temporada, o heptacampeão acabou eliminado. Ele confessou ter ficado em silêncio ao lado de seu carro por vários minutos enquanto a NASCAR revisava a sequência final e atualizava a classificação. Fez o mesmo em alguns momentos durante a sessão e não negou o fato de que naquele momento, ele estava mais preocupado em vencer do que simplesmente passar para a fase seguinte dos playoffs.

 

Charlotte sempre foi uma pista onde ele andou bem. Na corrida do oval este ano, foi seu segundo melhor resultado, um quinto lugar, pior apenas do que o terceiro lugar em Bristol. O segundo lugar tiraria Alex Bowman dos classificados. Bowman teria sido o quinto na corrida com Jimmie em segundo. O empate triplo com Kyle Larson e Aric Almirola foi decidido com base nos resultados anteriores e nisso Jimmie foi pior do que quase todos.

 

 

 

Ao longo da segunda metade da temporada a equipe Hendrick, junto com a General Motors, solicitaram uma modificação nos carros da marca, mas a NASCAR  não permitiu que esta modificação fosse feita. De uma forma geral, era raro ver um carro da montadora andando entre os 5 primeiros ao longo das corridas deste ano, salvo raras exceções. Talvez esta modificação possa vir a ter o efeito desejado para a temporada de 2019 e Jimmie volte a vencer corridas.

 

Uma das coisas que mais admiro em Jimmie é a sua personalidade. Apesar do erro e dele pedir desculpas aos seus torcedores, aos membros da equipe e também para Martin Truex Jr., ele disse que tentaria novamente a manobra se pudesse voltar no tempo. Que não iria se conformar apenas em ser o segundo colocado e, burocraticamente, continuar na disputa do playoff. Lembrei de uma frase que acho ser do Nelson Piquet, que dizia que o segundo colocado é o primeiro perdedor, ou algo parecido com isso.

 

 

 

É este espírito que faz um piloto de competição, seja de carros ou de motos. Estar focado em vencer e aproveitar cada mínima chance de vencer, agir e conquistar. Ver isso em um piloto com 42 anos de idade e sete títulos na categoria é um exemplo de vida para qualquer profissional seja de que ramo ele for. E mesmo fora dos playoffs, Jimmie continuará correndo para vencer nas provas que restam neste ano, ninguém tenha duvidas.

 

Nosso trabalho não para por aqui e eu sempre irei considerar Jimmie como um dos favoritos ao título. Assim deve ser em 2019.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares