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F1 2019: Vai ter esperteza? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 03 December 2018 23:29

“O mundo é dos expertos”... todo mundo aqui já ouviu isso pelo menos uma vez na vida e como tem “espertos” neste mundo.

 

A gente aqui no Brasil até criou uma lei para definir isso: a famosa “Lei de Gerson”, batizada assim por causa de um comercial de cigarros em que o jogador de futebol e tricampeão do mundo, Gerson, falava que “o importante é levar vantagem em tudo, certo?”

 

Depende... se for por competência e dentro da lei, ser o mais esperto e aproveitar as oportunidades que aparecem é preciso se reconhecer o mérito, mas no caso do nosso país, o noticiário tem mostrado cada vez mais “espertalhões” , que burlam a lei para levar vantagem.

 

O problema é quando a lei que regula alguma coisa é falha como são as nossas, que dão oportunidade para esses espertalhões aproveitaram os pontos obscuros e indeterminados para levar vantagem sobre os outros. Neste caso, não tem inocente. Nem quem fez a lei ou a regra e nem quem se aproveitou de um texto que deixou brechas para outras interpretações.

 

A fórmula é pródiga em escrever regulamentos mal feitos e tem sempre alguém aproveitando a chance para dar o “pulo do gato” e sair na frente da concorrência. Este ano mesmo, na temporada de 2018, por algumas etapas a Ferrari encontrou uma forma de aumentar e utilizar a capacidade de regeneração de energia e com isso ter um ganho de potência maior que a de seus adversários. Quando a FIA resolveu fazer uma aferição diferente os cavalinho rampante, de repente, ficou manco.

 

Como todos nós sabemos e achamos, a Fórmula 1 tem produzido corridas sonolentas, com raras exceções. Poucas ultrapassagens e, quando feitas, apenas graças ao recurso artificial da asa móvel, que exige retas cada vez mais longas, pois é nelas o único lugar onde um carro ainda consegue andar perto do carro que vai à frente sem que o piloto perca o controle e saia da pista, tamanha a perda de pressão aerodinâmica que o carro da frente provoca ao deixar para trás um fluxo de ar tão turbilhonado que destrói a eficiência aerodinâmica do carro que o segue.

 

Na Fórmula 2 as ultrapassagens são mais frequentes que na Fórmula 1 por sua simplicidade aerodinâmica.

 

Como na programação do final de semana temos corridas da GP3 (que a partir de 2019 se chamará Fórmula 3) e da Fórmula 2, vemos nestas categorias, carros ultrapassando uns aos outros sem maiores problemas. Observando a asa frontal dos carros da Fórmula 2 vemos que não existe aquela “coisa” cheia de partes articuladas e encurvadas que vemos nos carros da Fórmula 1.

 

Criado há alguns anos pela FIA o “Grupo de Trabalho para Ultrapassagens”, que tem como líder do time Pat Symonds (ele mesmo, o protagonista do “Singapuragate”, onde só o Piquezinho se ferrou), hoje responsável pela área de monopostos da própria FIA, além de Nicholas Tombazis (ex-Ferrari), e Ross Brawn, dentre outros, no final de abril aprovaram um pacote de mudanças para a temporada de 2019, que foi homologado pelo Conselho Mundial da FIA em outubro. Sim, os carros vão mudar... de novo.

 

Ao longo dos anos o fluxo de ar foi mudando nos carros e a complexidade dos estudos aerodinâmicos também.

 

A intenção (e de boas intenções como costumam dizer, o inferno tá cheio) é permitir que o carro de trás consiga seguir mais de perto o carro da frente e com isso, seja mais fácil fazer a ultrapassagem. Para isso, eles querem mexer no fluxo de ar dos carros que vão à frente para que ele não saia tão sujo como é há algum tempo e se volte a criar o antigo vácuo, que se via nos anos 70. Agora só falta “combinar com os russos”, como diria Mané Garrincha.

 

O problema começa lá na frente do carro que vai na frente. Os aerofólios dos carros da Fórmula 1 são um engembrado de pedaços de fibra de carbono, cada um de um tamanho, cada um com uma função e a cada circuito com formatos diferentes para fazer com que o carro tenha mais eficiência aerodinâmica, fique mais preso ai solo distribuindo a passagem junto com as traquitanas laterais e no fim, expelidas por um difusor que joga um verdadeiro redemoinho na asa do carro que vem atrás. Dependente do funcionamento desta, o carro de trás perde a dirigibilidade até andando em reta.

 

Nos testes em Abu Dhabi as equipes usaram a nova asa nos carros de 2018... e foram estudar na pista o funcionamento.

 

Para tentar reduzir o “efeito samba do crioulo doido” no ar que sai dos carros, o tal do grupo de ultrapassagem resolveu estipular um “aerofólio Tabajara”. Meio que basicão pra todo mundo onde serão proibidos todos aqueles engembrados que a gente viu nos carros até este ano. Além disso, o aerofólio vai ficar maior. Em vez de 1800 mm passam para 2000, a largura do carro. O aerofólio dianteiro vai estar também 25 mm mais avançado e 20 mm mais alto, dentre outras mudanças.

 

Mas não é só isso: junto com a simplificação do aerofólio dianteiro, as tomadas de ar dos freios e aquelas traquitanas laterais que ficam atrás das rodas dianteiras também vão ser mais simples. O arremate vai ser no aerofólio traseiro, onde a transformação também acontece, com a asa ficando maior, passando de 950 para 1.050 mm de largura e do aumento do espaço de abertura do DRS, onde a parte móvel vai ficar 2 centímetros maior, passando de 65 para 85 mm.

 

A mudança pode ser uma chance para a Ferrari e as outras equipes desbancarem a Mercedes ou nivelar a briga.

Na calculadora (ponta do lápis é coisa do passado), o grupo de trabalho para ultrapassagens calcula um aumento de 25 a 30% de eficácia do DRS, fazendo com que o sistema seja eficiente e um diferencial mesmo em retas mais curtas. Será que vamos ter ultrapassagens no entorpecente GP da Hungria e no autodopante GP da Espanha, que no horário local é disputado na “hora da siesta”?  Mais uma vez, falta ver como fica a combinação com os russos.

 

As asas atuais são hipercomplexas... e mudavam de corrida para corrida. Eliminá-las vai ser bom para a Fórmula 1? Tomara. 

 

A chefia geral das equipes reclamou, afirmando que não houve mudança significativa nos experimentos de túnel de vento e de CFD, algo que os membros do grupo de trabalho de ultrapassagens, mas o maior problema não é esse: a redação do regulamento vai permitir “interpretações”? Algo que toda equipe tem é alguém para encontrar uma forma legal de interpretar as mudanças e levar alguma vantagem.

 

Ross Brawn sabe bem disso. Afinal, ele foi um que soube “interpretar” o regulamento para a temporada de 2009 de maneira diferente e sua equipe – que ele comprou “barato” da Honda depois ele vendeu a estrutura para Mercedes com um belo lucro – ter apresentado o difusor traseiro duplo que deu a Jenson Button uma enorme vantagem na primeira metade da temporada e que, mesmo copiado pelas outras equipes, não foi suficiente para que a Brawn perdesse o campeonato.

 

O problema é alguém descobrit um pulo do gato diferenciado como fez a Brawn em 2009.

 

Nem o pessoal da Red Bull parece estar gostando (ou estariam fazendo cena? Afinal, quem tem Adrian Newey como chefe de projetos sempre sai na vantagem). Em todo caso, nos testes pós temporada realizados logo depois do GP de Abu Dhabi, os carros da categoria já estavam indo para pista com os novos aerofólios, “modelo 2019”.

 

A única verdade é que vai ser somente em fevereiro que a gente vai ver quem soube usar melhor sua equipe de projetos para a próxima temporada. Contanto que a gente não boceje nas corridas do ano que vem, tá valendo... com ou sem espertezas, desde que seja legal.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva


Last Updated ( Tuesday, 04 December 2018 00:06 )