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Um hiato de meio século PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 27 February 2019 23:54

Caros Amigos, qual de vocês, estimados leitores, já teve aquela sensação de estar frente a uma situação já vivida? O conhecido déjà-vu, visto com ceticismo por quem nunca teve e que intriga quem já sentiu, existe e é uma consequência do nosso cérebro mandando sinais para identificar algum tipo de “erro de memória”.

 

Em situações normais, não há como prever quando a sensação irá acontecer, o que dificultava os cientistas analisarem as reações cerebrais envolvidas no processo. Estudos feitos sobre o assunto mostrou que a sensação de déjà-vu ativou as áreas frontais do cérebro, envolvidas na tomada de decisões. 

 

Se você é do grupo que nunca teve um déjà-vu, não se preocupe. Isso não significa que seu cérebro não está funcionando bem. Pelo contrário. De acordo com os autores, não sentir o fenômeno quer dizer que seu sistema de memória  sua cabeça não está cometendo erro nenhum de memória.

 

Quando eu vi a apresentação da Haas antes do início dos testes pré-temporada, confesso que tive um momento com este, apesar de nuca ter visto Emerson Fittipaldi correndo com a Lotus Preta e Dourada no início dos anos 70 e onde conquistou seu primeiro título mundial na Fórmula 1. Minhas primeiras memórias são com o carro da equipe brasileira, já com a cor amarela.

 

Mas o que mais tem incomodado a minha percepção não é propriamente a questão da Haas com suas cores que nos remete a um passado glorioso (afinal, Ayrton Senna venceu duas corridas com a Lotus nessas cores e consolidou-se como um dos grandes pilotos da categoria na década de 80), mas tem a ver com o sobrenome desbravador e vitorioso que está voltando com enorme potencial à categoria.

 

Meio século atrás, em 1969, Emerson Fittipaldi começou a trilhar na Fórmula Ford o caminho vitorioso que o levou em incrivelmente curtos 15 meses até o cockpit do Lotus 49 para o Grande Prêmio da Grã Bretanha. O que poucos lembram é que alguns anos antes, em 1966, Wilson Fittipaldi Jr. disputou algumas corridas na Fórmula 3 na Europa, mas conflitos com a equipe onde ele corria no Brasil – a Willys – e o envolvimento dele com as competições em carros esporte no Brasil acabou fazendo com que ele perdesse uma grande oportunidade de chegar antes do irmão à Fórmula 1.

 

Depois de quase uma década correndo em carros esporte e de turismo, após o estabelecimento do irmão caçula na categoria, Wilson Fittipaldi Jr. veio a disputar corridas na Fórmula 1 pela Brabham e depois na sua equipe. Mas aquela coisa que muitos chamam de “momento”, havia passado. Mesmo assim, durante muitas corridas tivemos dois irmãos brasileiros alinhando no mesmo grid, onde a grande estrela foi Emerson Fittipaldi, o irmão mais novo.

 

Passado meio século desde a ida de Emerson Fittipaldi para a Europa, eu começo a ver um cenário onde novamente dois irmãos Fittipaldi se aproximam da Fórmula 1 (prefiro considerar Pietro Fittipaldi como um postulante, uma vez que ele é piloto de testes e não possui a superlicença) onde o irmão mais novo pode vir a ter um protagonismo sobre o irmão mais velho como foi no caso de Emerson Fittipaldi.

 

Pietro vinha fazendo um caminho diverso, dedicando-se as categorias de turismo e conquistou um título regional fazendo corridas em circuitos ovais. Nascido na Florida, nos Estados Unidos, mas filho de pais brasileiros, Pietro tinha um real potencial para trilhar um caminho sólido para ser o primeiro brasileiro a correr regularmente na principal categoria da NASCAR (Seu primo em segundo grau, Christian, disputou 19 corridas na então Winston Cup).

 

Uma mudança de planos, com o aval do avô e o suporte financeiro do empresário mexicano Carlos Slim redirecionaram a carreira de Pietro para a Europa e para os monopostos. Correndo na Inglaterra, Pietro conquistou o título da Fórmula Renault na Inglaterra. Passou discretamente pela Fórmula 3 europeia antes de conquistar o título da World Series, mas em uma categoria já sem o nível de disputa de outros anos.

 

Enquanto isso, Enzo, o irmão mais novo, saia do kart para os monopostos. Primeiro no prório continente norte americano, posteriormente na Europa, onde o peso do nome Fittipaldi foi considerável para que o neto conseguisse entrar para a academia de pilotos da Ferrari. Enzo mostrou que não era apenas um sobrenome. Destacou-se desde o início e no ano passado foi campeão italiano de Fórmula 4 e terceiro colocado no campeonato alemão.

 

Se o ano passado de Enzo foi excelente, o de Pietro foi terrível. Um acidente devido a uma falha mecânica nos treino para as 6 Horas de Spa Francorchamps no campeonato mundial de endurance. A batida provocou fraturas nas duas pernas, tirou-o das competições por meses e na volta, Pietro fez algumas corridas sem muito destaque na Fórmula Indy, antes de assinar contrato para ser piloto de piloto de testes da Haas.

 

Em 2019 os irmãos terão agendas distintas: enquanto Pietro fará um extenso programa de trabalho no simulador da Haas, Enzo disputará o campeonato europeu de Fórmula 3 pela equipe Prema. Pietro mostrou velocidade e constância nos testes pré-temporada em Barcelona, Enzo terá que mostrar que pode continuar vencendo neste caminho para também chegar até a Fórmula 1. Contudo, assim como Emerson, o avô, conseguiu ser o protagonista entre os irmãos, vejo este potencial nas mãos de Enzo.

 

Irá a história se repetir depois de cinco décadas? Veremos.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

Last Updated ( Thursday, 28 February 2019 00:42 )