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Overdose de velocidade, de estupidez e de falta de noção PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 15 April 2019 02:39

Olá leitores!

 

Eis que a Fórmula 1 chegou à sua corrida número 1000. Uma corrida que teria tudo para ser festiva acabou se mostrando um anticlímax. Primeiro que, devido à distância entre o Ocidente e a China, as festividades pré -corrida para comemorar a milésima corrida chamaram mais atenção pelos grandes pilotos que não compareceram do que pelos que compareceram, e a corrida em si foi… meia boca. Também ficou mais marcada pelos monstruosos erros de estratégia da Ferrari que pelas boas atuações na pista.

 

Dobradinha da Mercedes (mais uma…), com Lewis Hamilton em 1º e Valtteri Bottas em 2º. Bottas fez a pole, mas perdeu a liderança na primeira curva e depois não conseguiu alcançar Hamilton, que já tinha vencido a corrida nº 900 e levou a nº 1000 também. A Mercedes ainda esnobou as outras equipes chamando seus dois pilotos para fazer a segunda troca de pneus na mesma volta. Um autêntico espetáculo.

 

Em 3º chegou Sebastian Mansell, digo, Sebastian Vettel, que mais uma vez andou menos do que se esperava e ultrapassou Leclerc na base da ordem enviada pelo rádio. Claro que Leclerc (5º lugar) ficou “muito feliz” (só que não) com a equipe e saiu soltando cobras e lagartos após a corrida, até por ter recebido uma estratégia absolutamente ridícula por parte do Sr. Rueda, o estrategista mais incompetente da atualidade no automobilismo.

 

O 4º lugar ficou com Max Verstappen, que na habilidade e na velocidade conseguiu um grande resultado para seu Red Bull-Honda, acompanhado dessa vez pelo seu companheiro Pierre Gasly, autor da volta mais rápida da prova e que terminou em um bom 6º lugar.

 

Finalmente a Renault terminou uma corrida, fazendo Daniel Ricciardo marcar seus primeiros pontos na temporada com um 7º lugar, bom para as condições da corrida e principalmente do carro. Seu companheiro Nico Hülkemberg (20º lugar) abandonou com problemas na unidade de força.

Em 8º chegou Sérgio Pérez, que conseguiu um desempenho razoável com a Racing Daddy, digo, Racing Point, cujo carro aparentemente começou o ano pior que os anos anteriores mas estão voltando a encontrar seu ritmo. Fez uma boa largada e depois administrou bem o desgaste dos pneus. Seu companheiro Lance Stroll (13º lugar) tentou uma estratégia diferente e… se deu mal. Acontece com equipes menores, mas não deveria acontecer com uma Ferrari, por exemplo.

 

Em 9º lugar terminou Kimi Räikkönen, sofrendo com a temperatura dos pneus (aparentemente o carro da Alfa Romeo é melhor com clima quente) mas fazendo uma corrida honesta. Seu companheiro de equipe, Alexander Albon, foi o grande destaque da corrida, largando lá atrás e conseguindo ao final marcar seu primeiro ponto na categoria ao terminar em 10º lugar. Em um GP cheio de nulidades e de desempenhos abaixo do esperado, ele entregou mais do que era esperado dele, e foi meu voto no site da categoria como piloto da corrida.

 

Próxima corrida será em Baku, onde tradicionalmente a Ferrari anda bem mas que não tenho nenhuma esperança de uma vitória da equipe de Maranello, justamente por conta das estratégias ridículas adotadas pelo time. Mais um clamoroso fracasso deve chegar… (espero queimar minha língua...)

 

O final de semana, entretanto, não se resumiu à corrida festiva da F-1: tivemos muito mais ação nas pistas. Comecemos pela vitória brasileira no Jaguar iPace eTrophy, categoria preliminar da Fórmula E onde Sérgio Jimenez aproveitou sua pole position e venceu na claustrofóbica pista de Roma. Aliás, fica a pergunta: será que na F-E é pré requisito para o circuito ser aprovado a largura máxima da pista ser de 8 metros de largura, com o México se tornando a honrosa exceção? Enfim, retornando à competição, como seria de se prever as posições de largada foram as de chegada, já que a pista romana somente permitia ultrapassagem caso o piloto da frente errasse, que foi o que beneficiou Cacá Bueno, que enfrentou problema na classificação e largou em um fraco 7º lugar. Pressionou o 6º colocado no grid de partida, Ahmed Bin-Khanen, até que esse errasse em uma curva e o permitisse diminuir o prejuízo. De resto, Jimenez largou em 1º e terminou em 1º, Bryan Sellers largou em 2º e terminou em 2º, e Simon Evans classificou em 3º e terminou em 3º. Sim, a corrida foi chata.

 

Já nos fórmulas, o ótimo piloto de Turismo José Maria “Pechito” López provou que o negócio dele é mesmo WTCR, TC 2000 e outras categorias de turismo: se atrapalhou na largada, e ainda na segunda volta bateu sozinho no muro, fechando o caminho para Paffett e Vergne, que provocaram um congestionamento na super estreita pista e consequentemente uma bandeira vermelha. Como o resgate da categoria prima pela rapidez (#sqn), foram 45 minutos de corrida interrompida… após a limpeza da pista, os pilotos voltaram a duelar não apenas entre si, mas também para achar algum ponto de ultrapassagem na pista e para tentar acertar a área de acionamento do modo ataque, mal posicionado, mas menos que na corrida passada. Ao cabo da prova, tivemos o sétimo vencedor em sete corridas, e com a sétima equipe diferente. Equilíbrio da categoria? Sim, um tanto quanto artificial por conta dos zigue-zagues do regulamento, mas equilíbrio. Dessa vez coube a Mitch Evans trazer a primeira vitória para a equipe Jaguar. Foi seguido por  Andre Lotterer, da DS Techeetah, em 2º lugar e por Stoffel Vandoorne, da HWA Venturi (que na próxima temporada deve virar equipe oficial da Mercedes), em 3º. No tocante aos brasileiros, Felipe Massa abandonou com pane no seu carro, que subitamente perdeu potência e não o permitiu prosseguir na prova, e Lucas di Grassi batalhou bastante, mas, até por conta da falta de pontos de ultrapassagem na pista, não passou de um 7º lugar.

 

Ainda no sábado aconteceu em Long Beach a 3ª etapa do ano da temporada da IMSA, e a primeira das provas “curtas” da categoria. Por ser em uma pista de rua, apenas os protótipos e os GTLM estiveram na pista, sem a participação dos GTD, e a vitória coube à bestial dupla lusa Filipe Albuquerque e João Barbosa, que levaram o Cadillac DPi #5 a uma apertada vitória (menos de 1 segundo de vantagem na bandeirada final)          sobre o Acura DPi #7 pilotado por Ricky Taylor e Hélio Castroneves. Aliás, a Penske levou também o 3º lugar, com o carro #6 de Dane Cameron e Juan Pablo Montoya. O Cadillac DPi #31 de Felipe Nasr e Pipo Derani terminou em 6º lugar.

 

Na noite de sábado tivemos mais uma etapa da NASCAR, no oval curto de Richmond, onde Martin Truex Jr. obteve sua primeira vitória em ovais curtos em 81 largadas na categoria principal. De quebra, ajudou a equipe de Joe Gibbs a manter seu desempenho dominante: de nove corridas dessa temporada, a equipe mais forte da Toyota ganhou 6 delas, com a Penske (Ford) vencendo as outras 3. Essa foi a clássica corrida que o Truex fez ficar fácil, embora tenha triunfado apenas no último segmento, já que o primeiro foi vencido por Kyle Busch e o segundo por Joey Logano. Atrás de Truex chegaram Joey Logano em 2º lugar, Clint Bowyer em 3º, Kevin Harvick em 4º e Denny Hamlin em 5º lugar.

 

Neste domingo tivemos em Campo Grande mais uma etapa da Copa Truck, e apesar da pista travada não favorecer, foram duas boas corridas. Na primeira, mais uma vitória de Beto Monteiro (VW), que mostrou um caminhão extremamente bem acertado e que não teve dificuldades de ultrapassar os dois pilotos que estavam à frente e abrir vantagem. Está em um momento iluminado da carreira, e não me surpreenderá se ao final do ano conseguir o título da categoria. Já conseguiu ser campeão da Copa Centro Oeste, vamos ver o que virá até o final do ano. Foi seguido por Paulo Salustiano (VW) no 2º lugar e por Wellington Cirino (Mercedes) em 3º lugar.

 

Para a segunda corrida, como Débora Rodrigues (Mercedes) terminou em 8º lugar, ela largou na pole por conta da inversão do grid e mostrou grande forma na corrida. Largou bem, vendeu caro as ultrapassagens para Paulo Salustiano e Beto Monteiro (respectivamente 1º e 2º colocados na segunda corrida) e terminou em um ótimo 3º lugar, e o trio foi acompanhado no pódio por Felipe Giaffone (que está batalhando duro para desenvolver o Iveco) em 4º e por André Marques em 5º.

 

A MotoGP foi até Austin para correr no ondulado COTA, e surpreendentemente desta vez a vitória NÃO ficou com Marc Márquez, já que ele cometeu um de seus poucos erros e caiu quando liderava isolado. Isso permitiu que a briga pela liderança ficasse entre Valentino Rossi e… Alex Rins, fã de Valentino que ficou absolutamente feliz em conseguir ultrapassar seu ídolo de infância (sim, Valentino tem muitos anos de carreira…) e conquistar sua primeira vitória na categoria rainha. Em 3º lugar chegou Jack Miller, da Pramac Ducati, com um desempenho que botou a pulga no macacão dos pilotos da equipe oficial da Ducati, especialmente Danilo Petrucci, que não passou de um magro 6º lugar no final. Dovizioso assumiu a liderança do campeonato chegando em 4º lugar, mas precisa ficar esperto na fase europeia da competição, que já começa na próxima etapa… não é todo dia que Márquez irá errar como esse domingo.

 

Por falar em pista ondulada, a Indy correu esse domingo em Long Beach, e a vitória ficou com o competente Alexander Rossi, que foi o ponto fora da curva na modorrenta corrida na Costa Oeste e obteve sua primeira vitória de 2019 com uma atuação dominante. Não deu chance aos adversários, que chegaram bem atrás. O 2º lugar ficou com Josef Newgarden, ao passo que o 3º ficou com o mais regular piloto da atualidade, Scott Dixon. Mais um dia de sofrimento para os pilotos brasileiros, que terminaram em 15º lugar (Matheus Leist) e 19º (Tony Kanaan). Fico triste pelo jovem Leist, bom piloto desperdiçando seu tempo em uma equipe que não o permite mostrar seu talento.

 

E infelizmente vou ter que encerrar a coluna dando bronca: OK, eu sei que um dos atrativos do esporte a motor é justamente o fator “acidente”. Nada contra gostar de presenciar acidentes nas pistas, principalmente aqueles “big ones” nos ovais grandes da NASCAR, mas… como em TUDO na vida, precisamos de bom senso e respeito. Uma coisa é você estar na arquibancada com seu smartphone e registrar um acidente de longe. Outra, completamente diferente, é você filmar, dar zoom para registrar o piloto ferido e ainda espalhar o vídeo pelo Whatsapp. Que foi o que aconteceu nesse domingo, quando em uma prova da Superbike Series em Interlagos (pista excelente para carros e caminhões, mas absolutamente inadequada para motociclismo devido à falta de áreas de escape) o piloto Maurício “Linguiça” Paludete teve um sério acidente no final da reta dos boxes com a pista molhada, que acabou provocando ferimentos que o levaram ao óbito. E algum ser sem noção, sem respeito e sem educação não contente em filmar o acidente, ainda aproximou a imagem para captar o piloto agonizando, e compartilhou o vídeo… é, acho que Deus fez uma má escolha trocando os dinossauros pelos seres humanos. Deixo os meus sentimentos aos amigos e familiares do Paludete, e a esperança que as pessoas tenham mais RESPEITO com os outros.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini