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Autódromos: fantasia e realidade PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 01 May 2019 17:49

“Um elefante incomoda muita gente”... um mineirinho incomoda muito mais! Passei a última semana de abril cantarolando essa musiquinha que muitos de nós já ouvimos com os elefantes. Pois é... pelo visto, esse mineirinho incomoda mesmo.

 

No final do mês tive que ouvir um discurso (longo e chato) sobre ética profissional porque eu escrevi e posso ter ofendido pessoas da mídia especializada que trabalham no automobilismo. Apesar destas pessoas terem acesso a um volume de informações que eu não tenho, terem o tamanho do espaço que tem que eu não tenho e terem um salário para fazer o que fazem, coisa que eu também não tenho, eu tenho certeza de uma coisa: eu não falaria ou escreveria o monte de absurdos que já ouvi e li nestes anos em que acompanho automobilismo. Exagero? Vou citar 3, sem dar nomes aos bovinos (se eu separar por gênero além de dar confusão, vai ter gente se sentindo excluída uma vez que, nos dias de hoje, tem mais de dois). La vai: “Só os grandes vencem em Mônaco!” Essa saiu ao vivo, na transmissão da TV. Realmente, grande devem ser Depailler, Panis e Patrese. Farina, Fittipaldi e Piquet são pequenos. “Senna é o maior piloto de todos os tempos!” Nessa tem um trem de gente e cada um usa os mais loucos critérios. E a minha favorita, a campeã da falta de noção, “Nasser é Senna ao contrário!” Vai ver que foi por isso que ele não ficou na F1. Por analogia, se um era gênio, o outro era o contrário.

 

E tudo isso foi por eu ter escrito sobre o sonho (na verdade, delírio) do projeto do autódromo encravado no meio das favelas no Rio de Janeiro, que teve outro artigo publicado no maior jornal da cidade – O Globo – agora no final do mês (minha coluna de fevereiro usou os artigos escritos nos jornais “O Dia”, “Jornal da Manhã” e “JB”), o Grupo Liberty Media, que há alguns anos é a “dona” da categoria, teria enviado cartas ao presidente da república, Jair Bolsonaro, ao governador do estado, Wilson Witzel, e ao prefeito, Marcelo Crivella, comunicando o interesse de levar a etapa brasileira para categoria a cidade maravilhosa.

 

A informação foi confirmada pela Interpub, empresa que é responsável pela promoção do GP Brasil de que o Grupo Liberty Media teria feito contatos recentemente com outras cidades do País para avaliar um novo local para a prova. Como São Paulo só tem acordo para receber a corrida no autódromo de Interlagos até 2020, tem esse processo de venda e especulação imobiliária em andamento e o risco de não termos mais Interlagos, os organizadores revelaram que houve conversas com o Rio de Janeiro. 

 

 

Há praticamente uma década que vemos "projetos" para serem feitos no terreno em Deodoro no RJ. Até agora, nada!

 

O “pequeno detalhe” nessa conversa toda e nas matérias dos jornais cariocas é que não tem autódromo no Rio de Janeiro! Vão fazer uma corrida em circuito de rua? Sabe que eu não duvidaria da possibilidade e também não duvido da esperteza do Tamas Rohonyi em conseguir fazer isso. O problema está na credibilidade (zero) dos administradores do Rio de Janeiro. O pessoal da Fórmula E que o diga e, recentemente, depois do “ungido por Deus”, prefeito da cidade, ter sido desmentido pelo pessoal da Fórmula Indy sobre uma etapa na capital do estado, não dá pra confiar.

 

Como publiquei em fevereiro, o que já apareceu de “projetos” para o novo autódromo carioca é uma grandeza e segundo o jornal da matéria do dia 28 de abril, a empresa de Herman Tilke se dispôs a “assegurar o desenvolvimento, a construção e a operação” de um circuito de padrões internacionais. Realmente, o atual projeto tem a “cara do Tilke”, com uma reta de não mais que 700 metros, um monte de curvas e provavelmente nenhuma chance de ultrapassagem. O que deixou curioso mesmo foi a “garantia de operação”, seja lá o que isso poderia vir a ser.

 

O mais recente "desenho" apresentado tem até um estádio dentro da área do autódromo... cada vez mais fantasioso.

 

Defendendo seu osso, o Tamas e a Interpub afirmam que o mais provável é a prova continuar a ser realizada no autódromo de Interlagos, garantindo que a Interpub, responsável pela realização da corrida, mantém seu compromisso assumido com a Prefeitura Municipal de São Paulo e que acreditam que o GP do Brasil continuará sendo disputado em Interlagos. O que eu também acredito por não acreditar em fadas, duendes, coelhinho da páscoa e políticos cariocas.

 

Pra ajudar a colocar uma pá de esterco no projeto surreal do autódromo da favela, a área é conhecida como Floresta do Camboatá, na Zona Oeste, uma área de Mata Atlântica pertencente ao Exército, com de 150 hectares, que fica entre os maciços do Mendanha e da Pedra Branca. O projeto no local é contestado pelos ambientalistas que existem áreas a poucos metros de distância da Floresta de Deodoro há até uma área muitas vezes maior e inteiramente desmatada há décadas, que poderia perfeitamente abrigar o novo autódromo da cidade. Em parte desta área foi implantado o “Parque Radical de Deodoro”, também em função dos Jogos Olímpico, sem maiores polêmicas, em face do baixo impacto ambiental.

 

Correndo contra o autódromo em Deodoro, os ambientalistas defendem a manutenção de uma reserva de mata atlântica.

 

Eu já tinha fechado o texto quando no dia 08 de maio recebi uma informação bombástica de que nosso ilustre Presidente da República, munido de sua caneta Bic, ao lado do governador do estado, a bordo de seu helicóptero fortemente armado e do prefeito da capital, de posse de sua bíblia, estariam assinando hoje, no Rio de Janeiro, o termo de compromisso para levarem a Fórmula 1 para o Rio de Janeiro em seu novo e moderno autódromo.

 

O jornal que deu tal manchete e publicou a matéria, é um veículo sério, responsável e de grande presença no meio automobilistico, com um quadro de profissionais especializados de grande renome. A matéria traz, inclusive, uma animação (vejam aqui, no youtube) onde mostram um carro percorrendo um autódromo que não é o mesmo dos projetos anteriores!!! Ué, já mudaram o projeto? Qual é o projeto certo? o com estádio, o sem estádio ou esse da animação? E os 850 milhões (isso não estamos contando o superfaturamento), já arranjaram? Dependendo do arranjo, não vão faltar construtoras...

 

   E apareceru um novo desenho para o fantasioso autódromo do meio da favela na reserva ambiental... surreal!

 

Enquanto cariocas e outros tantos vivem da surrealidade, quase sem aparecer na mídia nacional, um novo autódromo está em obras no Brasil. Um autódromo para atender as necessidades do nosso automobilismo, que carece de praças de competição modernas e capazes de se tornar um substituto melhorado para o moribundo autódromo de Pinhais, que logo vai virar um bairro residencial.

 

O novo autódromo mineiro está em construção, desde 2014, às margens da rodovia BR-267, altura de Lima Duarte, distante cerca de 45 quilômetros do Centro de Juiz de Fora, e a poucos quilômetros da BR 040, que liga o Rio de Janeiro a Belo Horizonte, estando a 200 Km da capital fluminense. As obras estão em estado avançado, sendo possível identificar o traçado de parte da pista. A previsão é que o asfalto seja colocado até o fim do próximo ano, credenciando o espaço para competições de carros e motos que não exigem estrutura de público, como arrancadas e track day. Depois, gradativamente, o planejamento é investir na construção de arquibancadas, cuja previsão é terminar em até dois anos. Mas se a Stock Car vai correr no Velocittá, onde tem que montar tudo, pode montar lá também.

 

Mineiramente, sem fazer barulho, desde 2010 os donos de uma área de 600 mil m2 idealizaram um autódromo.

 

O projeto da pista foi entregue a um grande especialista no assunto, o uruguaio Jhonny Bonilla, que foi responsável por muitos anos pela homologação de circuitos da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). Já o autódromo em si tem projeto assinado por um escritório do Rio Grande do Sul, o Milanez Arquitetos, em uma iniciativa praticamente privada em sua totalidade vai buscar homologação FIA, com 3.200 metros de extensão em sentido anti-horário, com 12 metros de largura. Na maior reta, são 15 metros de largura por 700 de comprimento e áreas de escape projetadas para provas de motociclismo... sem pequizeiros!

 

Ao contrário dos delírios sobre Deodoro, as obras estão acontecendo em Minas e a inauguração deve ser em 2020.

 

O projeto de construção do Autódromo Potenza, como será chamado, teve início em 2010 e começou a ser consolidado em 2014, com a aquisição da Fazenda Cachoeirinha, que possui cerca de 600 mil metros quadrados de área entre montanhas. Desde então, as atividades são concentradas na terraplanagem, a partir do projeto feito para aproveitar toda a extensão do terreno, que pode abrigar uma “arquibancada natural” em uma das encostas.

 

Automobilismo se faz com as quatro rodas grudadas como chiclete no asfalto e não com cabeça cheias de ar como o que preenche os ditos pneus.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

p.s.: Onde eu, ou você leitor, poderia imaginar ver o ex-prefeito e agora governador 'Raufe Lorein', que queria vender o autódromo, brigando para manter o GP Brasil na capital do estado? A gente ainda vai dar muita risada da cara dos nossos políticos (e de algumas figurinhas da mídia) nessa história.


Last Updated ( Thursday, 23 July 2020 14:30 )