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Imprensa: Credibilidade e Responsabilidade PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 05 June 2019 20:01

Caros Amigos, ao longo desses quase 8 anos como gestor do Projeto Nobres do Grid, uma das coisas com a qual sempre me preocupei foi com a credibilidade do que era publicado no nosso canal de comunicação, o site.

 

Certamente o volume de acessos que temos dá-se em grande parte pela competência dos nossos colaboradores e no comprometimento que todos eles tem em cumprir prazos, pautas e estarem sempre pesquisando material para a produção de artigos e colunas interessantes.

 

Apesar de não serem remunerados, todos tem um enorme senso de responsabilidade e eu não só os admiro como aproveito este momento para parabenizá-los por isso. Acredito que todo diretor, gerente, editor ou responsável por veículos de comunicação tem (ou deveria ter) o mesmo senso de responsabilidade.

 

Eu acompanho os grandes profissionais de imprensa deste país, não apenas os do seguimento do automobilismo, mas em falando especificamente destes, sempre leio, vejo e ouço o que Claudio Carsughi, Lito Cavalcanti, Livio Oricchio, Reginaldo Leme e Rodrigo Mattar tem a dizer. Valorizo também jovens como Rafael Lopes, que tem um grande futuro pela frente. Tenho comigo que todos eles prezam pela transparência, responsabilidade e respeito para com o seu público.

 

Esta semana tive a oportunidade de ler uma entrevista – como sempre sensacional – do Livio Oricchio com o piloto (não gosto do termo ex-piloto) belga Jacky Ickx, um destes grandes pilotos que, por uma ou outra circunstância não foi campeão do mundo de Fórmula 1, tendo chegado perto deste feito algumas vezes, mas que como vencedor de 6 edições das 24 Horas de Le Mans, merece ser colocado entre os grandes pilotos do automobilismo mundial.

 

A referida entrevista trafegou por um assunto que particularmente me deixa entediado: Ayrton Senna. Muitas vezes tenho a sensação de que as pessoas que abordam este assunto são como os vendedores de caldo de cana no passeio em volta da lagoa da Pampulha, que passam o bagaço de cana já esmagado por inúmeras vezes pelo macerador tentando espremer mais alguma gota. Contudo, desta vez algumas coisas chamaram minha atenção.

 

Com a enésima abordagem sobre o GP de Mônaco de 1984, o piloto belga, na época diretor de prova e que interrompeu a corrida pouco antes de ter sido completada a 33ª volta, que rendeu a Allain Prost a vitória naquela prova, rendendo-lhe metade dos pontos disputados (4,5 pontos) pelo fato de não haver sido atingido um mínimo de 75% do número de voltas. Caso a corrida tivesse ido até o limite de tempo (duas horas), ainda teríamos mais de 55 minutos de corrida, onde tudo poderia acontecer.

 

O que me surpreendeu na entrevista – que certamente foi gravada – Jacky Ickx jogou por terra uma declaração corrente do respeitado e prestigiado jornalista Reginaldo Leme, que trabalha no mesmo grupo jornalístico do igualmente prestigiado e respeitado Livio Oricchio. Ao ser perguntado sobre uma interferência de Jean Marie Ballestre, o piloto negou categoricamente ter sofrido qualquer pressão da parte do então presidente da FISA (como era chamado o braço esportivo da fia na época) para encerrar a corrida e beneficiar Alain Prost. Ele também negou outra “teoria da conspiração” de que teria tomado a decisão para beneficiar a McLaren, na época em que ela usava motores Porsche e àquela altura ele, Ickx, era piloto contratado da montadora alemã no campeonato mundial de marcas.

 

Explicando de forma mais detalhada, Jacky Ickx expôs algo que eu jamais tinha lido ou ouvido até esta semana: de que Jean Marie Ballestre estava em conflito com o Automóvel Clube de Mônaco - AMC (Ickx representava na prova o AMC, promotor e organizador do GP de Mônaco) e que, naquela época, um diretor de provas tomava decisões sozinho, diferente do que acontece hoje, onde existem três comissários desportivos e, mais recentemente, um piloto é convidado para fazer parte do trabalho de avaliação das situações de corrida na torre de controle.

 

A afirmação de que Ballestre não teria interferido para o final da prova ou não entra, de certa forma, em contradição quando o piloto informa que havia um conflito entre o Automóvel Clube de Mônaco e o Ballestre, mas o fato dele ter desmentido o que Reginaldo Leme afirmou por diversas vezes nos apresenta um conflito de informações em torno de um fato (a interrupção do GP de Mônaco em 1984) que coloca frente a frente dos maiores jornalistas esportivos do país.

 

Não serei eu, que nem jornalista sou, a fazer juízo de valor de nenhum profissional, ainda mais sendo estes profissionais, dois dos mais renomados profissionais do Brasil. Contudo, a lição que tirei disso tudo foi a de que, talvez, nossos profissionais conversem pouco entre si e que o piloto – no caso Ickx – poderia ter falado algo que “o jornalista quisesse ouvir” ou “precisasse ouvir”.

 

Passados 35 anos (e não 30 como várias vezes Jacky Ickx afirmou) este assunto ainda parece ter mais fatos e depoimentos a serem lidos, ouvidos e falados do que ficamos sabendo até hoje.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 06 June 2019 10:40 )