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A história do patinho feio PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 26 June 2019 23:02

Caros Amigos, estamos vivendo mais uma edição da Copa América de futebol no nosso país com algumas partidas acontecendo aqui na capital mineira. Na estreia da seleção brasileira, usaram uma camisa branca em homenagem ao centenário da conquista do título sulamericano.

 

Algo que poucos sabem é que, naqueles anos, havia uma guerra entre as federações de futebol dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Uma briga sem sentido e que prejudicou por quase duas décadas a seleção brasileira e seu desempenho em competições internacionais, inclusive as copas do mundo de 1930 e 1934, quando jogadores de uma federação ou outra não eram convocados.

 

Cem anos depois, em um campo completamente distinto, uma outra “guerra” entre Rio de Janeiro e São Paulo, deflagrada no último mês de maio, quando o Presidente da República, Jair Bolsonaro, declarou apoio ao projeto da construção de um autódromo na capital do estado para tirar a Fórmula 1 do estado de São Paulo, cujo contrato com a FOM e o Grupo Liberty Media se encerra em 2020, vem tomando espaço em nossa mídia segmentada.

 

O Grupo Liberty Media tem buscado movimentar o mundo da Fórmula 1 na direção de locais que tenham maior apelo turístico e que possam ser mais interessantes para associar a categoria com um público mais diversificado, mas até onde isso e a realidade brasileira possam vir a ser congruentes é algo que talvez não seja tão factível quanto promete o presidente e os políticos fluminenses.

 

Nestes últimos meses pessoas ligadas ao grupo proprietário da Fórmula 1 visitaram o Rio de Janeiro para ouvir das autoridades locais exatamente aquilo que elas gostariam de ouvir. Com toda sinceridade, alguém, desprovido de interesses e com total senso de racionalidade deveria falar sobre o quanto o empresariado e a população brasileira pode ou deve acreditar nas promessas dos políticos. Os membros do Grupo Liberty Media não devem ter a real noção do que é a política nacional.

 

Neste período, de forma surpreendentemente interessante, visto que há bem pouco tempo atrás, quando ainda era prefeito da cidade, o atual Governador do estado de São Paulo, João Doria, potencial candidato à presidência da república, tentou criar por um projeto de lei um mecanismo que colocou em iminente risco a permanência do Autódromo Internacional de Interlagos como autódromo e na forma como ele está hoje, tomou a frente de uma ação para não apenas manter a Fórmula 1 em São Paulo, mas para trazer mais eventos, manter o circuito preservado e até fazer contratos de longa duração.

 

Isto se deu nesta última semana quando o CEO do Grupo Liberty Media, Chase Carey, esteve no Brasil, em Brasília e em São Paulo para reuniões sobre o futuro da Fórmula 1 no Brasil, um mercado que o executivo deixou bem claro ser muito interessante nas suas pretensões comerciais. Tão importante que ele veio ao Brasil num intervalo apertado entre os GPs da França e da Áustria, separados por apenas um final de semana.

 

Chase Carey foi extremamente político, como cabe a um executivo na posição dele quando colocado em uma cerimônia oficial, em português, e pelas imagens mostradas, sem estar com tradução simultânea. Mesmo assim, provavelmente ele conseguiu entender “99%” e “F1 no Rio de Janeiro em 2021”, o que ele polidamente contradisse a fala do Presidente da República ao afirmar que o Grupo Liberty Media está em negociações com Rio de Janeiro e São Paulo por que a Fórmula 1 tem interesse em permanecer no Brasil.

 

Voltando aos anos 80, quando a Fórmula 1 disputou 9 anos consecutivamente o GP Brasil de Fórmula 1 em Jacarepaguá, é sabido que a falta de entendimento entre as autoridades locais e o promotor da corrida não estavam em uma verdadeira sintonia e como bem sabemos, os humores políticos não obedecem a lógica de se buscar o melhor para a sociedade, mas sim para os interesses políticos daqueles que estão no poder.

 

No dia seguinte as reuniões em Brasília, Chase Carey esteve em São Paulo, reunido com os interessados em manter o GP Brasil na capital paulista, uma grande oportunidade de negócios, dos eventos mais rentáveis para a capital do estado e, indiretamente para o estado, onde o ex-Prefeito e atual Governador fez suas declarações políticas, nas quais o GP Brasil de F1 tornou-se uma espécie de termômetro para as eleições presidenciais de 2022.

 

Enquanto eu teclava os últimos parágrafos, minha filha, que estava ao meu lado, leu o texto e fez um interessante paralelo que decidi compartilhar com meus estimados leitores. Segundo ela, o GP Brasil de F1 é como o patinho feio (o mesmo do conto de Johann Christian Andresen) que, ao longo de todo o conto foi desprezado, maltratado, mas que no final, mostra-se ser um lindo cisne.

 

Seria poético se a verdade não fosse o fato de que aqui no Brasil podemos ir de pato para cisne e fazer o caminho contrário com mais rapidez do que um F1 faz uma volta nos 4.309 metros do circuito paulistano.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 27 June 2019 12:33 )