Olá leitores! Entre as definições na NASCAR e as indefinições na Fórmula 1, esse foi um grande final de semana no mundo do esporte a motor. Na histórica pista localizada dentro do Parco Nazionale de Monza tivemos um show de pilotagem defensiva por conta de Charles Leclerc, que largou bem o suficiente para desmotivar um ataque mais contundente de Hamilton, e após a parada para troca de pneus, mesmo com pneus mais lentos (porém mais duráveis) que Lewis defendeu com unhas e dentes sua posição. Tanto que mais uma vez a torcida teve que ficar preocupada com a parte extra pista, ou seja, a atuação dos comissários da FIA. A “guarda pretoriana” da moral e dos bons costumes na pista, dessa vez com o Derek Warwick como piloto convidado (melhor que o Pirro, mas isso não quer dizer grande coisa), em um acidente com dois pilotos cometendo o mesmo tipo de erro, deu duas punições absolutamente diversas para os pilotos merecedores da investigação e posteriormente uma advertência para Leclerc por... defender sua posição estando meio carro à frente. Depois não gostam quando eu escrevo que a FIA troca veículo de safety-car por benesses nas pistas... enfim, apesar de toda a tensão nervosa passada a torcida italiana conseguiu fazer uma bela festa com a primeira vitória da Ferrari em Monza em quase 10 anos, a segunda vitória seguida de Leclerc esse ano. Eu lamento terem aumentado a parte asfaltada na área de escape do contorno da Parabólica (refiro-me à última curva antes de completar a volta, não a primeira após a chicane da reta de largada, como se referiu um prestigiado locutor de automobilismo no rádio chamando a Curva Grande de Parabólica...), já que acabou levando à instalação de obstáculos de borracha que causaram um feio acidente no sábado com um piloto de F-3 (menos mal que foram retirados após o jovem literalmente decolar após passar por cima de um) e deixaram a corrida inteira aquela tensão em saber se “havia ou não havia ocorrido a infração de limites de pista”. Coisa chata de tempos chatos. Mais chato que isso apenas o Q3 no sábado, onde ninguém queria ser o primeiro a marcar tempo no final do treino para “não ceder vácuo” e acabou que a maioria dos pilotos não conseguiram fazer tempo na última entrada na pista por demorarem muito na volta de saída dos boxes e passarem pela linha de chegada após a bandeira quadriculada. Antes das chicanes serem instaladas em 1972 também existiam “jogos de vácuo” em Monza, mas ao menos os pilotos da época eram um pouco mais inteligentes... ou não tinham engenheiro falando bobagens nos ouvidos pelo rádio, até pela inexistência de comunicação radiofônica entre piloto e boxe naqueles tempos. Enfim, na época sabiam fazer a coisa. Hoje não. Vitória, como disse, maiúscula de Charles Leclerc, que não apenas mostrou para a torcida que existe alguém motivado na equipe como, na entrevista antes do pódio, ainda pediu para o entrevistador para responder em italiano (absolutamente fluente) pois “estava muito emocionado e não conseguiria responder em inglês”. Longe de ter feito uma corrida perfeita, posto que cometeu alguns erros que – para sua sorte – não resultaram em perda de posição, foi eficiente e muito, muito veloz. Seu companheiro de equipe Sebastian Vettel (13º) foi um dos prejudicados pelo “deixa que eu deixo” no Q3, não conseguiu largar na frente dos carros da Mercedes, perdeu posição para os dois carros da Renault, e no afã de buscar os pilotos prateados cometeu um erro de principiante na Variante Ascari, rodando sozinho e retornando à pista à frente de Stroll, que mesmo desviando não conseguiu evitar de ser atingido pelo alemão, toque esse que fez Vettel ir para os boxes para troca do bico e dos pneus. Posteriormente recebeu uma (justa) punição de parada nos boxes por 10 segundos e a partir daí apenas tentou levar o carro até o final da prova. A situação está tão difícil para ele que se atrapalhou para ultrapassar o George Russell com sua “poderosa” Williams... Sugiro férias em Salvador, com peregrinação por todos os terreiros da cidade. Em 2º e 3º lugares chegaram os pilotos da equipe Mercedes, dessa vez em ordem invertida ao habitual, com Valtteri Bottas na frente de Lewis Hamilton. Hamilton fez uma grande corrida, procurou compensar da maneira que dava a menor velocidade nas retas em relação à Ferrari, mas o esforço foi tamanho que acabou com os pneus médios antes do final da prova, parando no final para colocar os macios e garantir o ponto extra pela volta mais rápida. Já Bottas estava com pneus em bom estado no final da corrida mas faltou aquele “algo mais” que os grandes pilotos têm para ir buscar o jovem monegasco. Em 4º e 5º lugares chegaram os pilotos da Renault, pela ordem Daniel Ricciardo e Nico Hülkemberg. Grande corrida de ambos, auxiliada pela boa potência demonstrada pela nova atualização do motor da Renault conforme declaração de Ricciardo ao final da prova. Maior número de pontos conquistados pela equipe em uma etapa este ano, portanto estão de parabéns. Em 6º chegou Alexander Albon, mostrando que sua “promoção” da Toro Rosso para a Red Bull foi uma decisão acertada. Com o motor Honda ainda não entregando a quantidade de potência fornecida pelos concorrentes, foi o melhor resultado que se poderia almejar. Seu companheiro Max Verstappen (8º) largou lá no final do pelotão como punição por ter trocado o motor durante o final de semana, e em que pese alguns erros no começo da prova conseguiu um bom resultado para a equipe. Ainda continua como 3º na pontuação do campeonato de pilotos.
Em 7º chegou Sérgio Pérez, mostrando que foiacertada a decisão da equipe em renovar com ele pelos próximos 3 anos, já que quem costuma levar o carro aos pontos é ele e não o filho do dono da equipe. Por falar nele, Lance Stroll (12º) praticamente só apareceu na corrida quando foi atingido por Vettel e ao cumprir a punição de drive-through pelos boxes. E só. Segundo o diretor de prova, como Stroll não atingiu Gasly, apenas o empurrou para fora da pista, a punição foi diferente da de Vettel... eu acho que na verdade puniram só pra não ficar feio, pois é tão esperado, tão previsível o menino Lance fazer uma dessas que a intenção era deixar pra lá. Em 9º terminou o Jovem Nazi, digo, Antonio Giovinazzi, marcando seus primeiros pontos no ano perante a torcida italiana. Fez uma corrida decente, sem grandes destaques, mas também sem erros que comprometessem sua posição, ou seja, fez o que era esperado dele. Seu companheiro Kimi Räikkönen (15º) esteve em um final de semana péssimo: errou no sábado, bateu, precisou trocar o câmbio, foi punido, trocou o motor também e largou dos boxes... mas recebeu outra punição por não ter largado com os pneus que fez o treino, então basicamente foi um final de semana para esquecer. Em 10º chegou Lando Norris, que apareceu com um capacete homenageando Valentino Rossi, muito bonito, e fez uma boa corrida com sua McLaren apesar de alguns azares, principalmente nas negociações de ultrapassagem. Faz parte... seu companheiro Carlos Sainz Jr. (20º) abandonou após um problema na pistola de troca de pneus não apertar a roda corretamente e ela se soltar na saída dos boxes. Próxima corrida, Singapura. Deveremos voltar à programação normal dessa temporada, com grande e portentoso domínio da Mercedes... algo me diz que precisarei de muito café para acompanhar a prova. Em Indianapolis tivemos a última corrida da temporada regular da NASCAR, com uma vitória dominante de Kevin Harvick, que terminou o primeiro estágio em 3º (nesse a vitória foi de Joey Logano), venceu o segundo estágio e das 160 voltas da corrida liderou 118... tá bom para vocês? Foi a 3ª vitória do experiente piloto da Stewart-Haas na temporada, e uma das mais assertivas. Em 2º chegou Joey Logano, outro piloto que acelerou muito e buscou com insistência a vitória, mas que nas voltas finais não teve condições de alcançar Harvick. Em 3º tivemos um surpreendente Bubba Wallace, defendendo as cores azul e vermelho do tradicional carro #43 da pequena equipe de Richard “The King” Petty e conseguindo seu segundo Top-3 na carreira. Excelente corrida do Bubba. Logo atrás dele chegou William Byron em 4º e Clint Bowyer fechando o Top-5. Classificados para os Playoffs, em ordem decrescente de pontuação: Kyle Busch; Denny Hamlin; Martin Truex Jr.; Kevin Harvick; Joey Logano; Brad Keselowski; Chase Elliott; Kurt Busch; Alex Bowman; Erik Jones; Kyle Larson; Ryan Blaney; William Byron; Aric Almirola; Clint Bowyer; e Ryan Newman. Sentiram falta de alguém? Pois é, dessa vez não deu para Jimmie Johnson e pela primeira vez na carreira ele não se classifica para os playoffs. Ele bem que tentou, mas um “big one” causado por ele mesmo na volta 105 acabou de vez com o sonho de disputar mais um título. Fica para o ano que vem... se ele não se aposentar antes. Até a próxima! Alexandre Bianchini |