A prova no Velopark, uma das mais curtas pistas da curta relação de autódromos brasileiros (2.278 metros), só vem mostrar a essencial regularidade de Daniel Serra, líder do campeonato. Até agora, depois de 13 corridas disputadas no seu 40º ano de vida, a Stock Car teve somente seis vencedores. Foram três vitórias do também regularíssimo Ricardo Maurício, vice-líder na classificação geral com 205 pontos, quatro de Thiago Camilo, que tem 185, uma de Julio Campos (180), três de Rubens Barrichello e uma de Ricardo Zonta, que está num (para ele) sofrível 14º lugar.

Daniel tem 212 pontos, sete a mais do que o também bicampeão Ricardinho, mas venceu somente uma corrida no ano, justamente a de abertura em Nova Santa Rita, cidade que abriga o Velopark. Assim, esta rodada dupla, marcada para domingo, promete muita emoção, pois os primeiros colocados pegam os últimos poucas voltas depois da largada justamente devido ao reduzido tamanho do traçado. Largada que é um dos grandes problemas, considero maior do que em todos os outros autódromos, devido a um série de curvas de baixa velocidade quando todos vêm com o pé embaixo e com sangue nos olhos.

Quem larga na frente, pelo menos em teoria, tem menos chance de ser atingido do que a turma do que os pilotos chamam de pelotão da m****, ou seja da segunda ou terceira linha em diante. O nome, apesar de eu considerar não publicável, esclarece bem a vida dos que ficam para trás. Isso em todas as provas e, reitero, especialmente no Velopark, onde as voltas são feitas em menos de um minuto. O problema é que, segundo a meteorologia, teremos chuva nos treinos de sexta e de sábado com o sol abrindo, com algumas nuvens, no domingo que pode chegar a 29 graus contra máximas de 19 na sexta e 21 no sábado, que também terá relâmpagos.

 Ricardo Maurício e Daniel Serra: companheiros de equipe e candidatos ao tricampeonato. (Foto: VICAR)

É preciso ver quem se adaptará melhor à pista gaúcha. Serrinha tem corrido, a exemplo dos anos anteriores em que levou o título, mais com a cabeça do que com o pé direito, que, convenhamos, também é bem pesado. Claro que ainda falta muito para terminar o campeonato, já que após o Velopark ainda teremos sete corridas, com a decisão, em prova única e com pontos em dobro, dia 15 de dezembro em Interlagos, e Daniel sabe que não pode se descuidar, pois Ricardinho é outro piloto veloz e consistente e está na mesma equipe que ele, a do insuperável Meinha. Igualdade de equipamento é essencial nesta reta final do campeonato.

Vamos ver o que acontecerá no Velopark neste final de semana. No entanto, e mesmo antes de saber qualquer coisa de lá, mantenho a opinião de que Daniel tem tudo para igualar seu pai, o tricampeão Chico Serra, com três títulos consecutivos. Como primeiro filho de campeão a se sagrar bicampeão, ele tem tudo para fazer. Mas, como dizia minha avó: cuidado e canja de galinha demais não fazem mal!

Fica a pergunta: o que aconteceu com o sempre veloz Allam Khodair? Tenho visto suas vitórias fora do Brasil, mas e a Stock ficou de lado? É sempre muito bom ver o Japa brigar por vitórias e isso não tem acontecido. Vejam que a última vez que ele ganhou uma de suas oito corridas foi em Tarumã em 2015 e o último pódio (terceiro lugar) em 2016 na segunda corrida da, hoje, quase extinta pista de Curitiba, que no dia 7 de setembro perdeu Peteco, seu principal criador.