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Josef Newgarden: quem perde é a F1 PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 25 September 2019 23:40

Olá fãs do esporte a motor,

 

No final de semana passado (estou escrevendo esta coluna dia 25 de setembro) estive em Laguna Seca, na etapa final da Fórmula Indy, que eu não me conformo de ter um calendário tão curto e terminar tão cedo.

 

Este ano a organização da categoria decidiu trocar a etapa final de Sonoma para Laguna Seca, ambas aqui na Califórnia e permitindo que eu pudesse organizar minha agenda e ir para este lugar daquela ultrapassagem história do Alessandro Zanardi.

 

Como sempre faço nos eventos nos autódromos, procuro dar atenção a todos os meus pacientes (que são quatro na categoria) e poder respirar a atmosfera de uma corrida e de uma decisão de título... e respirar estava difícil! Um calor enorme, um ar seco e não foi fácil.

 

Neste final de semana em particular, conversei em algumas oportunidades com o meu querido ídolo Mario Andretti, que sempre me atendeu com muito carinho. Além das preocupações com seu neto, Marco, falamos muito sobre Josef Newgarden, que é meu paciente desde o começo da temporada e é uma pessoa maravilhosa, um piloto espetacular e que, quem sabe, deveria ter uma chance de – pelo menos – testar um carro de Fórmula 1.

 

Pela pontuação da FIA para ter direito a super licença, com o bicampeonato (2017 e 2019) conquistado, Josef tem o dobro dos pontos, fora os conquistados em 2018 do 5° lugar, um total de 88 pontos. Mesmo assim, não há uma equipe que dê uma chance ao piloto norte americano, atualmente com 28 anos, em uma categoria que talvez se dependesse de alguns “managers”, teríamos meninos de 15 anos ao volante.

 

   Josef Newgarden é um dos melhores valores da nova geração de pilotos americanos que chegaram a maturidade.

 

No início do ano, antes de começar a temporada, Josef me falou que Mario Andretti já tinha falado com ele sobre a Fórmula 1 e que Fernando Alonso tinha sido muito atencioso com ele, mas o chefe da equipe da Haas, Gunther Steiner, disse que o então campeão da IndyCar em 2017 enfrentaria dificuldades se não conseguisse mostrar velocidade na Fórmula 1 sem exposição prévia, o que seria ruim para a imagem da Fórmula 1 nos Estados Unidos.

 

Naquela época Newgarden estava ligado a equipe Toro Rosso, via Red Bull nos Estados Unidos, que tinha Brendon Hartley ao volante, e houve sugestões de que ele se encaixaria perfeitamente na Haas, a equipe americana da F1, mas que tem uma metodologia de gerenciamento tipicamente europeia, com Gunther Steiner chefiando a equipe e o dono, Gene Haas, nos Estados Unidos, com sua equipe na NASCAR.

 

   Com suas performances, ele conquistou uma cockpit na equipe Penske, uma das maiores da categoria.

 

Naquela época, Josef conquistou o título da IndyCar em sua primeira temporada com o famoso time de Roger Penske, com quatro vitórias e o pessoal da Liberty e antes deles, Bernie Ecclestone, sabem o quanto é importante para a Fórmula 1 conquistar um maior espaço nos Estados Unidos, que tem um circuito maravilhoso como o COTA, que tem uma “equipe norte americana” e finalmente surgia um piloto que, em 2017 com 26 anos, poderia chegar bem na Fórmula 1.

 

Josef não teve a chance e continuou na IndyCar, terminando o campeonato de 2018 em 5° e voltando este ano a dominar a categoria e conquistar o campeonato, novamente conseguindo quatro vitórias, fazendo uma corrida espetacularmente consciente e planejada. Conversamos muito no sábado a tarde e ele disse que iria correr para ser campeão, ficando na pista, evitando acidentes e com a postura de um veterano, levantar a taça.

 

   Na decisão do campeonato em Laguna Seca, Josef Newgarden pilotou com a categoria de um campeão experiente.

 

Hoje, diferente de dois anos atrás, Josef não alimenta expectativas com aquela intensidade de dois anos atrás. Ele está em uma situação confortável, em uma das melhores equipes, vencendo corridas, sendo aplaudido... ir para Fórmula 1 e andar na metade de baixo do grid? Ele mencionou as conversas com Mario Andretti e disse que, ouviu dele que não valeria a pena ir para uma equipe que não desse a ele chances de andar entre os primeiros.

 

Josef confessou, durante nossa sessão antes das 500 Milhas de Indianápolis que ele era como Fernando [Alonso] de uma maneira que ele quer experimentar todas as categorias diferentes. Ele quer ser um piloto completo e Josef disse que gostaria de fazer o mesmo, experimentar todas as formas de automobilismo, carros esportivos, NASCAR e também a Fórmula 1, mas em condições de fazer grandes corridas.

 

   Em 2017, quando Fernando Alonso disputou a Indy500, Newgarden tietou e pediu umas dicas sobre a F1.

 

Para Josef, foi um sonho, hoje de certa forma distante, poder disputar outras categorias de monopostos além da IndyCar, no caso a Fórmula 1. Se fosse algo em que ele pudesse mergulhar de cabeça não pensaria duas vezes e se a oportunidade certa surgisse sobre e poderíamos fazer isso acontecer, eu gostaria de tentar, mas a Fórmula 1, mesmo tendo os pontos da super licença, parece um mundo distante.

 

Mas não pensem que esta é uma página virada para Josef. Ele é bastante consciente de que portas são coisas que não se fecham e mesmo estando focado na IndyCar e trabalhando para a Equipe Penske, sua casa, seu ambiente e seu show, Josef se diz muito feliz com tudo que conquistou até agora, mas se algo puder ser resolvido na Fórmula 1, eu absolutamente olharia para ele tentaria fazer isso acontecer.

 

   Depois da conquista em Laguna Seca, o campeão caiu no choro, emocionado. Campeões também choram.

 

Eu não pude deixar de pergunta, quando falamos pela primeira vez sobre Fórmula 1, se ele tinha conversado alguma vez diretamente com o dono da equipe, Gene Haas. Josef sorriu e disse que deveria ter feito isso em 2017, mas que hoje não faria isso. Ainda mais que as conversas são que o próprio Gene Haas estaria procurando um comprador para a equipe. Assim, o sonho de uma equipe norte americana forte, com um piloto norte americano vencendo fica mais distante.

 

Uma pena. Tenho certeza que Josef Newgarden, como disse Mario Andretti em maio quando jantamos em Indianápolis, teria condições de ser um piloto vencedor se corresse em uma equipe vencedora na Fórmula 1.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares