Segundo maior ganhador de títulos na história da Stock Car, Carlos Eduardo Santos Galvão Bueno Filho, ou simplesmente Cacá Bueno, pode encerrar neste final de ano a vitoriosa carreira na categoria. Estrategista dentro e fora das pistas, ele já teria tudo preparado para continuar, mas do lado de fora do cockpit, pois, segundo se comenta nos boxes, ele é o único proprietário da Crown Racing, equipe que neste ano tem como pilotos Gabriel Casagrande e Marcel Colleta. Muito provavelmente Cacá continuará a correr fora do Brasil, onde também tem conquistado bons resultados. Pelo vitorioso currículo, ele até que ele demorou para conquistar o primeiro título, que veio somente em 2006, em sua quinta temporada na Stock Car, isso sem contar sua também ganhadora passagem pela então Stock B, algo semelhante, somente no nome, à Stock Light atual. Depois vieram mais quatro: 2007, 2009, 2011 e 2012. Uma das principais características desse piloto de 43 anos, completados em julho, é a regularidade na ponta da tabela. Além dos cinco títulos ele tem outros cinco de vice-campeão (vice-campeão também é título, certo?): 2003, 2004, 2005, 2010 e 2015. Cacá tem ainda dois terceiros lugares em 2002 e 2013 e um quarto posto em 2008. As primeiras posições aconteceram até 2015, pois em 2016, 2017 e 2018 ficou bem longe dos seus lugares costumeiros. Para se ter uma ideia da, digamos assim, fase ruim, ficou 29 corridas sem vencer entre 2013 em Brasília (2 de junho), e 2015 (5 de abril) na primeira prova de Ribeirão Preto. Isso nunca havia acontecido nesses anos todos. Foram difíceis de digerir 672 dias de jejum. Um inédito tempo de um ano, dez meses e três dias. Estaria Cacá Bueno deixando a categoria após o final da temporada da Stock Car de 2019? (Foto: VICAR) Na carreira que começou na pista de Jacarepaguá, esse piloto nascido em São Paulo e que passou parte da vida em Brasília e adotou o Rio de Janeiro como cidade preferida (tanto que gosta de ser chamado de carioca) não pontuou na estreia, mas logo na segunda prova chegou ao seu primeiro pódio - de um total de 82 - em Curitiba, onde marcou um segundo lugar na vitória de Chico Serra, o tricampeão pai de Daniel Serra, que também busca seu terceiro troféu. De lá até agora, a etapa do Velo Città (a segunda no ano), foram 264 corridas (no final do ano chegará a 267), com 37 vitórias, a última no Velopark no ano passado, 82 pódios, três neste ano de 2019, com um segundo e dois terceiros lugares. Ainda restam três corridas para o encerramento da temporada: duas em Goiânia e uma em Interlagos. Considerado um piloto exigente, que adora ter controle sobre tudo e sobre todos e pouco admite ser contrariado, Cacá também tem entre os impressionantes números 38 poles positions, aí contando duas obtidas com a inversão do grid, que muitos pilotos não consideram ter conquistado por cair no colo pelo décimo lugar na primeira corrida. A última obtida como o mais veloz no classificatório foi ano passado no Velopark. Ele também fez 22 vezes a volta mais rápida, algo que não é sua especialidade nas corridas, onde acelera bem, mas sempre muito regular e de olho no resultado final. Igualar os doze títulos de Ingo Hoffmann sempre foi, para Cacá, uma missão inglória, mas ele manteve o Alemão como alvo a ser atingido. Ficou nas cinco conquistas, pois neste ano está praticamente fora da briga pelo título. Outra marca que ele não quebrou foi a de vitórias. Com 37 fica atrás de Ingo, que ganhou 77 vezes (13 em parceria com Angelo Giombelli) e 40 do tetracampeão Paulo Gomes. Em 2016 Cacá ultrapassou as 33 de Chico Serra e garantiu o terceiro lugar. No entanto, neste quesito ainda pode ser superado, pois Thiago Camilo tem 28 primeiros lugares e continua a correr. Mesmo com a parada na carreira como piloto, a carreira internacional e as ações nos boxes continuam. (Foto: Fórmula E) Enfim, tudo indica que vai acabar mesmo a vitoriosíssima carreira de Cacá Bueno na Stock Car. Não sou ornitólogo, mas os passarinhos que me contaram essa história cantam bem e, lá do alto do poleiro, tudo observam e escutam. É esperar para ver! Aproveitando e sem nada a ver com a Stock, mas com cidadania e respeito. O hexacampeão Lewis Hamilton desembarcou no Brasil e além de dar aula de como pilotar um carro nas pistas, mostrou se um bom professor de como se investir dinheiro corretamente. Perguntado sobre o autódromo que sonham em fazer no Rio de Janeiro, com muita sabedoria, sapecou: “Acho que, sinceramente, tem muito dinheiro envolvido na construção destes circuitos. Já temos um autódromo histórico aqui, não precisa derrubar árvores, destruir mais território. Acho que o dinheiro pode ir para algo melhor, tem mais coisa que o governo pode investir nas cidades. Tem muito talento e gente aqui. Se fosse meu dinheiro, colocaria em coisa melhor. Educação é muito importante. No meu time, temos vários engenheiros novos, mas poucos do Brasil. Deveríamos ter mais”. Um verdadeiro hexacampeão dentro e fora das pistas! A notícia triste desta semana: perdemos Tuka Rocha em um trágico acidente aeronáutico. (Foto: Nobres do Grid CDO) A notícia triste: o ex-piloto da Stock Car, Tuka Rocha, morreu vítima de queimaduras devido ao acidente de avião na Bahia. Nós nos conhecíamos, mas nunca tive uma amizade com ele, por falta de tempo e de proximidade. Muito ruim ver ele e os outros passageiros, todos jovens, perderem a vida dessa maneira. Milton Alves |