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Parabéns Jorge Lorenzo, obrigado por tudo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 27 November 2019 22:18

Olá fãs do esporte a motor,

 

Eu já falei mais de uma vez que o psicoterapeuta não é um profissional perfeito, infalível. Pelo contrário, somos seres humanos e nem sempre conseguiremos encontrar as respostas que seus pacientes estão buscando e mesmo sendo alguns destes profissionais experientes, não estão imunes a se verem surpreendidos.

 

O abandono em psicoterapia refere-se basicamente àquelas situações de interrupção do tratamento sem que haja indicação para tal encaminhamento por parte do terapeuta.

 

A interrupção do tratamento ocasiona diversas consequências tanto para o paciente como para o terapeuta e a instituição de atendimento. O abandono psicoterápico traz para todas as partes envolvidas sentimentos de fracasso e ineficácia.

 

Este sentimento passou por minha cabeça quando eu vi, apenas 10 dia após a última sessão em nosso consultório e onde ele, Jorge Lorenzo, não apresentou nenhum sinal, direto ou subliminar, de que daria a declaração que deu no final de semana de encerramento da Moto GP, anunciando que estaria se aposentando como piloto de competição, um ano antes do tempo previsto do seu contrato com a equipe Honda, que ia até o final de 2020.

 

   Em 2019 Jorge Lorenzo fez uma grande aposta indo para a Honda, ser companheiro de seu compatriota, Marc Marquez.

 

Apesar da imagem terrível que os espectadores viram ao longo deste ano, com as imensas dificuldades que Jorge Lorenzo viveu, com resultados aquém de sua capacidade e quedas em algumas etapas, não podemos esquecer a trajetória deste grande piloto ao longo de quase duas décadas que venceu 5 campeonatos mundiais, sendo três deles na categoria principal.

 

Jorge voltou ao meu consultório na última quinta-feira, dia 21, para agradecer e se despedir. Ele estava muito tranquilo, falou sobre os anos de sucesso e vitórias nas três categorias do campeonato da Dorna, desde a primeira temporada, na antiga categoria das 125cc, onde não pode participar da primeira etapa por não ter a idade mínima exigida para a categoria.

 

   Ao longo de 18 temporadas, foram 5 títulos mundiais, três deles na categoria principal do motociclismo mundial.

 

Apesar das negativas constantes, a referência de sucesso e meta de superação de Jorge Lorenzo sempre foi Valentino Rossi. Por anos tentei trabalhar isso com ele, que esta – as vezes – obsessão era destrutiva, negativa, mas como praticamente todos os pilotos ou mesmo alguns esportistas de alto nível, que passam pelo meu divã, eles são, via de regra, guiados pela superação a um padrão, a uma referência externa e “de carne e osso”. Nisso Valentino era uma exceção. Este sempre buscava superar a si mesmo.

 

No caso de Jorge Lorenzo, ele viu seu compatriota, Sete Gibernau lutar por anos para superar Valentino Rossi, com raros episódios de sucesso e inúmeros de derrota, algumas delas de forma incontestável, como Marc Marquez vem impondo aos seus adversários de uma forma geral. Seu desejo era conseguir fazer o que o atual dominador da categoria principal do evento da Moto GP vem conseguindo, mas Jorge falhou em seu objetivo.

 

   Tricampeão do mundo, Lorenzo apostou em uma ida para a Ducati para realizar um feito que Rossi não conseguiu.

 

Um outro desejo de Jorge Lorenzo que não se concretizou foi o de se tornar um personagem tão carismático quanto a sua referência na categoria. Quando começou a ter algum destaque o espanhol foi investindo em uma ação de autopromoção, fincando bandeiras nas caixas de brita nos autódromos onde vencia e chamava aquele circuito como “terra de Lorenzo”... mas nem assim ele conseguia chegar perto da popularidade de Valentino Rossi.

 

Quando parecia estar em seu melhor momento na categoria principal da Moto GP, como principal piloto de fábrica da Yamaha, viu seu algoz voltar, humilde, de uma passagem sem sucesso na Ducati e submeter-se a ser segundo piloto... para reconquistar a equipe, tornar-se o piloto preferencial da marca e ofuscar a Jorge com um título e forçando-o a ir buscar uma outra forma de supera-lo.

 

A ida para a Ducati, caso os planos de Jorge dessem certo, ele teria êxito em um projeto que Valentino tentou e não conseguiu. Seria superar o italiano em uma equipe italiana. Algo que o multicampeão tentou e falhou. Mas Jorge também não teve sucesso nessa tentativa e na segunda temporada passou a ser alvo de críticas dentro da equipe, o que respondeu com algumas vitórias, mas não havia mais ambiente para ele.

 

   Desde 2018 Jorge Lorenzo sofreu alguns acidentes muito graves, tanto na Ducati em 2018 como este ano na Honda este ano.

 

Ainda havia como fazer uma tentativa seguinte, neste caso com a ideia de fazer o que poderia ser “a combinação perfeita” caso desse certo: chegar na Honda como segundo piloto, humildemente como Valentino Rossi fez quando foi para a Yamaha, e na Honda, fazer frente a seu compatriota, Marc Márquez, que estava tomando seu espaço como piloto espanhol protagonista na categoria. Não deu certo. Inclusive, em 2018, Jorge sofreu um terrível acidente que deixou sequelas.

 

As performances de Jorge em uma moto que foi trabalhada para ser uma máquina sob medida para Marc Márquez foram muito aquém do que o talvez mais pessimista pusesse praguejar contra ele. Foram corridas apagadas, quedas e um outro acidente que o deixou fora de algumas corridas. Mas ainda assim, pelo menos até o início do mês Jorge não dava nenhuma indicação de que tomaria esta decisão de deixar as pistas.

 

   A sua marca pessoal, com a bandeira da "terra de Lorenzo" ficará gravada na mente dos seus fãs.

 

Independente da forma como as situações e se projetaram na vida de Jorge Lorenzo, ficarei sempre com a sua resposta ao diretor da Ducati que o chamou de “grande piloto” e ele respondeu que não era um “grande piloto”, que era tricampeão mundial da Moto GP... e é assim que devemos lembrar de Jorge Lorenzo: como um campeão mundial. Um tricampeão mundial da Moto GP!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares